terça-feira, 3 de junho de 2025

Resenha: Alguém como nós / Nicola Yoon

    Vamos acompanhar Jasmyn que junto com o marido King Williams e o filho de 6 anos, Kamau mudam-se para a utópica cidade negra planejada de Liberdade, um condomínio de mansões no subúrbio de Los Angeles, fundado por um empreendedor bilionário e voltado para pessoas negras abastadas, na esperança de encontrar uma comunidade de pessoas com ideias semelhantes, um lugar onde sua crescente família possa prosperar.

Jasmyn é, em muitos aspectos, uma mulher de sorte. Como defensora pública, ela tem um trabalho importante onde consegue impor sua voz. E, no entanto, por mais bem-sucedidos que Jasmyn e seu marido, King, sejam, eles vivem à sombra da violência racista. 

Liberdade é uma comunidade burguesa e todos que moram ou trabalham lá são negros. King se instala imediatamente, abraçando a filosofia de Liberdade incluindo o luxuoso centro de Bem-estar no topo da colina, que se revela o coração da comunidade. Mas Jasmyn luta para encontrar seu lugar. Ela esperava encontrar liberais e ativistas da justiça social lutando pela igualdade racial, mas os moradores parecem estranhamente embranquecidos culturalmente e são apáticos em relação às vidas negras fora de sua esfera.

E há algo decididamente doentio no Centro de Bem-Estar. Embora Liberdade guarde segredos perigosos, as ansiedades de Jasmyn vão além disso. Notícias de assassinatos cometidos pela polícia infiltram-se em sua consciência pelo celular como veneno, e sentimentos de ameaça são seus companheiros constantes. Isso a coloca em desacordo com os outros negros que vieram para Liberdade para esquecer a violência e o perigo racial fora dos murros. Não quer dizer que ela esteja enganada sobre haver algo errado com sua nova comunidade. O que acontece no final é um golpe e que certamente fará os leitores pensarem. 


É um thriller artístico e envolvente, um livro que não tem medo de abordar o racismo estrutural e interno, criticando a negação e o escapismo. Pode ser difícil simpatizar totalmente com a protagonista, Jasmyn, já que ela raramente permite viver a felicidade por completo. Ela vê o cuidado como uma fraqueza, uma indulgência desnecessária enquanto o mundo queima. 

No geral, gostei da leitura. Não apresentou os altos níveis de tensão que eu esperava de um thriller. Houve alguma tensão, mas foi sutil até os últimos capítulos. 

Esta é definitivamente uma vibe diferente de tudo que já vimos da Nicola. Seus livros costumam ser tão cheios de esperança e alegria, e este não é realmente nenhum dos dois. Nicola quer que os leitores entrem nesta conversa com graça e admitam que nenhum de nós tem todas as respostas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário