quinta-feira, 29 de março de 2018

Resenha: Operação Red Sparrow / Jason Matthews


Em 'Operação Red Sparrow' nós mergulhamos em um ambiente de espionagem extrema. Rússia contra Estados Unidos, relembrando a época da Guerra Fria e mostrando que uma guerra pode ser travada muito distante de um front.

Nathaniel Nash, Nate para os íntimos, é um jovem agente da CIA (Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos) que tem como principal missão operar o informante mais valioso dos EUA, com o codinome ‘Marble’, o informante realizava encontros clandestinos com seus operadores para repassar aos americanos os últimos avanços da Rússia.

Dominika Egorova foi uma criança prodígio e tinha um grande amor, criado através de doutrinação escolar, pela sua pátria Rússia, ainda que seus pais fossem contra o governo, ela seguia firme apoiando o mesmo. Dominika tem um dom, ela consegue atribuir cores aos sons, dessa forma é muito difícil mentir para ela e esconder sentimentos, ela consegue praticamente ‘ler’ a mente daqueles com os quais ela conversa ou apenas observa. Foi esse dom que fez com que desde jovem ela conseguisse atingir os maiores níveis de aprovação no balé, pois na dança ela seguia as cores conforme a música mandava. Tudo vai por água abaixo quando após sofrer um acidente, Dominika fica impossibilitada de continuar na elite do balé e com a morte de seu pai, o único caminho que lhe restou foi ajudar o seu tio Vanya, um espião russo, em uma missão.

Dominika vai se envolvendo cada vez mais nas operações russas, e acaba se tornando guardiã de segredos que fariam a imagem de seu tio e da própria Rússia ir ao fundo do poço caso fossem divulgados. Dessa forma, Vanya coloca Dominika em uma espécie de Academia de Espionagem na qual ela se forma com mérito e posteriormente na escola de Pardais, local em que mulheres e homens russos aprendem todas as formas de seduzir homens e mulheres e retirar segredos dos mesmos. Até que uma importante missão é concedida a Dominika: seduzir o espião americano Nathaniel Nash e descobrir quem é o informante do mesmo.

Enquanto isso, Nate depois de uma operação mal sucedida é colocado na geladeira em Helsinque fazendo trabalhos burocráticos e tentando conseguir novos informantes. E é nesta mesma capital finlandesa que os caminhos de Nate e Dominika se cruzam, ele tentando fazer dela uma informante e ela tentando extrair segredos dele.

Aos poucos vamos descobrindo que os métodos russos não são nem um pouco amigáveis e após o desaparecimento da melhor amiga de Dominika, ela decide virar o jogo e se juntar aos americanos, se tornando uma agente dupla. E quando o fluxo de informações começa a chegar nos Estados Unidos fica claro que há alguém em terras americanas enviando informações aos russos. Na Rússia se tem o questionamento: ‘Quem é o espião russo que trabalha para os EUA?’ E na América: ‘Quem é o civil que vaza informações confidenciais para a Rússia?’

O leitor sabe de todas as respostas e ficamos a cada novo capítulo quase experts em espionagem e contraespionagem, você sabia que toda boa espionagem tem a sua própria contraespionagem? Que funciona da seguinte forma: agentes do seu mesmo time fazem aquilo que seria feito pelo time adversário e consequentemente acabam descobrindo se há espionagem de fato do adversário, cabe a um espião realmente bom escapar de todas essas pessoas para assim ficar ‘no escuro’ e poder captar as informações dos informantes em segurança.

Assumo que me interessei pela leitura deste livro após ver o trailer do filme, descobri só depois que o mesmo já havia sido publicado pela Editora Arqueiro com o título ‘Roleta Russa’ e preciso dizer que o título anterior fazia mais sentido. Tanto a capa nova do livro, quanto a própria divulgação do filme nos leva a crer que esta é uma história de uma espiã russa e não é bem assim, apesar de termos a Dominika ela não é o padrão de espiã russa que conhecemos de filmes e livros anteriores, ela fora praticamente jogada nessa posição. O livro é muito mais sobre espionagem e contraespionagem do que apenas sobre uma espiã.

Não há apenas uma operação, são tantas ao longo do livro que até perdi a conta e não há nenhuma operação chamada ‘Red Sparrow’ (Pardal Vermelho), são exatamente 423 páginas muito densas, tem termos técnicos, muitos personagens e algumas palavras em russo. Por fim, o livro foi escrito por um ex-agente da CIA, devido a isso achei um pouco tendencioso, como se os EUA fossem os salvadores. Dominika, por exemplo, só sente conforto nas palavras ditas pelos americanos, enquanto a grande maioria dos russos é caracterizada como rude e cruel outro fato interessante é que apenas o Putin de figura da vida real é citado, nenhuma personalidade americana verídica é citada. Por ser um livro de ficção, acho que o escritor não deveria ter citado personalidades reais de ambos os lados.

É um livro bem interessante para se visualizar como se realizam as operações de espionagem, pelo fato do escritor se um ex-agente, ficamos sempre nos perguntando o quê de todas essas páginas pode ter de fato acontecido, em tempos que um ex-espião russo foi morto em solo inglês com um veneno escondido em um presente que deram a filha do mesmo após uma viagem a Rússia, não é difícil pensar que ainda há muita espionagem acontecendo constantemente o no mundo real.




Trailer do filme:



3 comentários:

  1. Olá :D
    Fiquei bem curiosa para ler esse livro quando descobri que era ele quem tinha dado origem ao filme ^^' Bem, a história parece ser interessante apesar dos pesares. E realmente, ainda tem espionagem acontecendo mundo afora (a gente que não tem muito conhecimento ainda), então esse livro tem tudo a ver com o cenário atual.

    Beijinhos e parabéns pela resenha
    Isabelle - Attraverso le Pagine

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  2. Obrigada Isabelle! Pois é, o livro não poderia ser mais atual!

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  3. Adorei ver a Jennifer Lawrence entregar mais uma excelente performance, esbanjando magnetismo seu sotaque russo, no entanto, se alterna entre bastante carregado e praticamente inexistente. Quando leio que um filme será baseado em fatos reais, automaticamente chama a minha atenção, eu amo os filmes baseados em livros, adoro ver como os adaptam para a tela grande. Particularmente It - A Coisa, esse filme foi uma surpresa pra mim, já que apesar dos seus dilemas é uma historia de horror que segue a nova escola, utilizando elementos clássicos. Com protagonistas sólidos e um roteiro diferente.

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