Resenha: Cilada / Harlan Coben

O quão sólida é a sua reputação? Uma vez quebrada, é possível recuperar? E se você fosse ao encontro de uma pessoa que você acreditava estar em apuros, chegando lá, ao abrir a porta, você destrói toda sua vida, era uma cilada.

    Esse é o nosso pontapé inicial, conhecemos o Dan que tem um projeto no qual ajuda crianças e adolescentes e ao receber uma ligação e ir ao encontro de uma adolescente que ele acreditava estar correndo perigo, ele dá de cara com uma equipe de reportagem de um programa que persegue pedófilos.

“Não é assim que as coisas funcionam. Às vezes... ou quase sempre... não existe um porquê”

    A Wendy é a nossa repórter, que acredita estar fazendo um bem para a sociedade, expondo e ajudando a colocar esses predadores atrás das grades. Ela tem um programa na tv, no qual faz investigações e em colaboração com a polícia consegue colocar criminosos atrás das grades. Uma espécie de justiceira. Ela sente muito orgulho do seu trabalho.

Mas será que o Dan é culpado ou inocente? É a pergunta que ficamos nos fazendo durante toda a leitura, conforme vamos conhecendo mais sobre ele, em cada momento ficamos em lados diferentes.

Ao mesmo tempo, acompanhamos um drama: uma família que era perfeita, vê a filha mais velha sumir. Num belo dia, ela não estava na cama pela manhã, dias viram semanas, meses e nada da Haley. A aluna exemplar, aquela dedicada, que tirava as melhores notas, vivia numa família com pais amorosos, irmãos, tudo ao seu dispor, ela não tinha motivos para fugir, será que fugiu, foi sequestrada? Não sabemos. E é bem pesado ver o drama da família.

Quando os casos do Dan e da Haley parecem estar de alguma forma conectados, Wendy fica dividida entre fatos e intuição e decide mergulhar fundo nas investigações. Com isso, vai acabar trazendo a tona questões do passado que estavam muito enterradas, além de descobrir sobre os perigos do marketing viral, acabando, até mesmo, sentindo na própria pele os efeitos.

Cilada é sem dúvidas, um dos melhores livros do Harlan. Além de conseguir nos enganar em diversos momentos, no final nos perguntamos quem é que de fato caiu numa cilada. É eletrizante, dramático e nos faz refletir muito.

“Talvez você estivesse certa quanto ao motivo. Ele escondia alguma coisa de mim. Eu sabia. Todos nós escondemos, não é?  Ninguém conhece tudo sobre outra pessoa. Sei que é um grande clichê, mas a verdade é que nunca conhecemos o outro de verdade.”

O perdão também faz parte da trama, às vezes ele pode nos salvar ou ser um grande problema em nossas vidas. Se libertar do que nos faz mal é sempre um bom caminho, os personagens do livro irão passar por diversos momentos em que terão que escolher entre o perdão e o ódio eterno. Nós vamos ver todas as consequências de ambas as escolhas. O que faz com que o livro se torne uma verdadeira lição de vida. 

"Vingança, ódio: quando nos agarramos a essas coisas, o que realmente é importante na vida acaba escapando entre nossos dedos."

Nos tempos atuais onde as redes sociais estão muito presentes no dia a dia de todo mundo, uma mentira pode ser divulgada como verdade, viralizar em instantes e destruir vidas. Os noticiários já informaram diversos casos em que fatos assim ocorreram. "Cilada" trás o alerta para que a gente desconfie de sites/blogs que divulgam fatos sem que sejam checados. Depois que tais mentiras são massivamente divulgadas é muito difícil mostrar que são mentiras, como fica muito bem desenvolvido no livro. As fakes news são o que sempre devemos repudiar, para além da ficção. 

No próximo dia 26, estreia na Netflix, a adaptação produzida na Argentina.