quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Resenha da Semana: Como Eu Era Antes de Você/Jojo Moyes

Você vai sorrir, você vai chorar, você vai questionar a vida, questionar suas escolhas e depois chorar mais um pouco.

A leitura do livro faz com que se pense na concepção de “final feliz”, num primeiro olhar não crítico pode-se dizer que o final é triste e previsível, apenas. Mas refletindo sobre ele percebe-se então que infelizmente não poderia haver final mais feliz para a história. 

Louise Clark é uma mulher com seus vinte e sete anos que levava uma vida normal, trabalhando num café perto da casa dos pais, na qual ela ainda morava, tinha uma irmã mais nova que era símbolo da superioridade, já que tinha sempre respostas para tudo e fazia faculdade, que teve que largar por um período, pois ficara grávida. Então na casa da família Clark moravam: Louise, seus pais, sua irmã, Thomas o filho de sua irmã e seu avô, cuja sua mãe cuidava. Pode-se dizer que havia uma grande população para a pequena casa que eles ostentavam. Louise ajudava com as despesas da casa, já que não eram ricos por assim dizer.

A vida cotidiana e normal de Louise começa a mudar quando o seu até então chefe decide fechar a lanchonete na qual eles trabalhavam e voltar para sua terra natal. Louise fica desempregada, para o desespero de seus familiares. Até que consegue um emprego de cuidadora, ela acreditava que não daria conta, já que não tinha experiência no ramo, além de seu chefe ser um homem tetraplégico de trinta e cinco anos um tanto quanto rabugento, mas com o passar dos dias de trabalho, a relação entre os dois começa a melhorar, e pode-se perceber que há mais do que uma relação chefe-empregado.

Bem, Louise tinha um namorado, o Patrick, que não dava a mínima para ela, isso fica claro nas primeiras páginas do livro, ela só fica com ele por comodidade de um relacionamento longo. Ao conhecer o Will, seu chefe, Louise, ou melhor, com ele a chamava, Clark começa a se transformar periodicamente. Will era um homem ativo, que amava o seu trabalho, gostava de esportes radicais, viajava periodicamente tinha uma vida intensa, antes do fatídico acidente de trânsito, que o colocou numa cadeira de rodas, totalmente dependente dos outros, pode-se perceber então o porquê de ele ser um tanto quanto rabugento.

Mas com o passar do tempo, os dois começam a se entender, e Louise descobre algo que mudaria tudo, ele planeja se matar, ele já havia tido uma tentativa frustrada de suicídio, mas dessa vez era diferente, ele dera seis meses para sua família, para que então fosse levado a uma clínica na Suíça que fazia essa espécie de procedimento. Louise fica sem chão não acredita que alguém em sã consciência pode querer acabar com sua própria vida. Ela então faz de tudo para que ele desista dessa loucura, é bem complicado perceber como é difícil a vida para um cadeirante, além do mais aquele, como Will, que tinha uma vida muito intensa, o olhar dos outros, como se você fosse inferior, a impossibilidade de fazer o que deseja, a falta de acessibilidade na maior parte dos lugares. Se colocar no lugar do Will, faz com que se pense o qual complicado deveria ser para ele viver.

Quando comecei a ler o livro, já esperava um final, como posso dizer, choroso. Mas particularmente posso dizer que não chorei apenas no final, chorei durante a maior parte do livro. Sei lá pode ser que eu esteja sentimental, mas creio que não, é mais pelo contexto e pela alteridade, você se colocar no lugar do outro. Um outro que não quer viver, que a “vida”, não faz mais sentido, ou um outro que tendo todas as possibilidades em aberto se deixa acomodar numa vidinha monótona, um outro que apesar de ter se apaixonado, não pode mudar aquilo que é a sua única decisão desde que sofrera o acidente, um outro que se apaixonara por um homem que tem um prazo de validade.

Pois bem, é um livro para questionamentos? Sim! Já que o fatídico final é um tanto quanto previsível e clichê, mas não por isso sem emoção. O que é duro enfrentar após o término da leitura é que, bem, você acabou de ler o livro, aqueles personagens que conviveram com você, vão de fato sair de sua vida, o que é ruim é, apesar de saber que são apenas personagens fictícios, é saber que aquele “final feliz”, ao estilo Walt Disney, não aconteceu e saber que na vida real é assim que acontece, finais felizes são desconstruídos a todo momento, pessoas sofrem acidentes, pessoas sem perspectiva de vida. 

O livro é e a meu ver, uma metáfora da própria vida. Duas pessoas totalmente diferentes, um homem que não pode mais viver do jeito que sonhou triunfando o mundo, já que a vida lhe deu barreiras físicas, uma mulher totalmente saudável, que não sabe a sorte que tem de ter a possibilidade de fazer o que quiser da vida. É uma história sobre a vida, sobre como ela é fugaz, que não temos nada em nosso controle, uma história de como o Will, conseguiu libertar Louise de suas correntes, já que ele mesmo estava fadado ao seu último plano de vida.



News: O livro vai virar filme, com atores como Emilia Clarke (Daenerys Targaryen de Game of Thrones) e Sam Claflin (Finnick Odair de Jogos Vorazes) nos papéis principais. As filmagens já terminaram e a previsão de lançamento é para 2016.

News 2: O livro terá continuação, tem lançamento previsto para o final do ano nos EUA, com o título "After You", mas ainda não sabemos a previsão para o Brasil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário