terça-feira, 19 de maio de 2020

Resenha: Trilogia o Século / Ken Follett


Ken Follett nos leva para uma viagem de 100 anos em sua trilogia ‘o século’. Conhecemos os personagens no primeiro livro, vemos eles ser tornar pais e depois avós. Algumas famílias que foram destroçadas pelas Guerras e outras que cresceram com a luta por direitos. O fato é que podemos aprender muito com o passado, para que a gente não repita os erros e principalmente para que a gente possa evoluir como ser-humano.

Essa trilogia sempre me deu medo, por um único motivo: livros com 1000 páginas. O primeiro livro ficou por anos na minha prateleira, até que quando iniciei não consegui mais largar, foi um mês lendo toda a trilogia, comprei os livros seguintes em ebook e esta pode ser uma ótima opção para não ficar com dor nas costas para levar o livro para todo lado.

Senti a necessidade de escrever sobre essa trilogia, para que mais pessoas possam ler e conheçam mais sobre a História de um modo bem mais leve que a sala de aula. Follett conta a história de pessoas comuns, pessoas fictícias, mas que poderiam ser reais, ou um conjunto de pessoas reais. E é através dessas pessoas comuns que vamos vendo a História seguir seu rumo.

Primeiro livro – Queda de Gigantes

A Primeira Guerra Mundial é um dos eventos centrais do livro. Uma guerra que aconteceu mais por birra do que por um motivo claro, as pessoas que lutavam
nem entendiam muito bem pelo que estavam lutando.
Nesse livro conhecemos todas as famílias que iremos seguir: as famílias americanas: Dewar e Vyalov; os ingleses e escosses: Fitzherbert e Williams; os alemães: Von Ulrich, os russos: Peshkov. Essas famílias sempre vão estar de alguma forma no cerne de toda a trilogia.
O destaque nesse primeiro livro é para o fato de as mulheres não terem direito algum, Ethel Williams, filha de mineradores e que trabalha na casa do conde Fitzherbert é expulsa de casa por engravidar. Os trabalhadores não tem direitos, segurança no trabalho é um sonho distante. E o horror da guerra, jovens rapazes foram arrancados de suas famílias para ter, por muitas vezes, uma morte inútil.

Segundo livro – Inverno do Mundo

Inverno do mundo é o melhor título para essa fase da humanidade, um período de atrocidades, que sempre fico me perguntando, mesmo já sabendo da História: 'como pode?'

Follett nesse segundo livro da trilogia nos apresenta os filhos crescidos dos personagens do primeiro livro, quem eles são, o que vão enfrentar, suas dores e desafios. Assumo que um lado meu ficou chateado por não ter os personagens que tanto curti no primeiro livro como principais no segundo, mas ao longo das páginas vamos entendendo que só iria funcionar se fosse desse jeito.
A Segunda Guerra Mundial sempre mexe comigo, a capacidade do homem ser mal, de objetificar o outro. No livro apesar de ser ficção, é muito inspirado pela História oral, devido as muitas narrativas, pessoas que tiveram suas vidas destroçadas devido decisões de uma meia dúzia de homens. Apesar de não ser uma leitura fácil, imagina: assassinar alguém apenas porque não concorda comigo, é uma leitura necessária, para que possamos observar o quão frágil é a nossa humanidade.
Vemos na Europa a luta pelos direitos das mulheres e dos trabalhadores, eles não vão mais ficar calados diante da opressão. Temos a Segunda Guerra Mundial e a enorme perseguição que já conhecemos, mas o fato de saber o que vai acontecer não deixa a leitura mais leve. É difícil ler sobre clínicas de fachada que na verdade serviam de crematório, difícil de ler sobre momentos em que falar sua opinião poderia te ler a um campo de trabalho forçado. O destaque fica entre Inglaterra e Alemanha, todos os personagens sofreram muito com a guerra.

Terceiro livro – Eternidade por um fio

O ambiente de Guerra Fria faz com que o terceiro livro se passe mais entre os EUA e a URSS, duas nações que eram divergentes e queriam dominar o mundo com aquilo que acreditavam ser o melhor, seja o capitalismo ou o comunismo. Na leitura podemos perceber é que não há heróis nessa guerra. Enquanto os EUA queriam impor liberdade ao mundo, em seu próprio território havia uma intensa perseguição e segregação no sul do país, quanto a população negra (com passagens muito difíceis de ler), uma bela de uma contradição. E na URSS que se dizia quer libertar o mundo do capitalismo, em suas terras as pessoas sofriam para comprar o mínimo, não podiam nunca falar algo contra o partido, pois seria presa e teria dois destinos: morte ou anos de servidão forçada. E por fim, a Alemanha dividida, sendo a parte oriental controlada por uma polícia opressora que fazia tudo que bem entendia sem que as pessoas tivessem direito algum garantido. Como foi incrível a queda do muro de Berlim e a reunião de uma família destroçada por ele. Foi muito incomodo e revolucionário ler sobre o amor livre e movimento hippie, enquanto nos EUA, negros não podiam frequentar alguns ambientes e quiça serem amados.


A palavra da trilogia é liberdade. Liberdade de amar quem deixar. Liberdade para votar. Liberdade para expressar opiniões. Liberdade de ir e vir. Liberdade de sonhar com um mundo melhor.

Um ponto muito interessante é o fato de não ter heróis, Follett nos apresenta as narrativas e nós decidimos, cada personagem tem suas opiniões e erram muito, toda hora. Alguns tem sua redenção outros são muito ruins para ter algo assim.

Achei que fosse me enrolar com os nomes e famílias, mas a leitura flui de uma maneira incrível, não dá pra sentir, quando vi já estava virando a última página.
Follett consegue nos passar uma enorme quantidade de sentimentos desde o amor juvenil, o amor maduro, o ódio, o horror da guerra, o sonho pela revolução e comprovar o ditado 'pau que nasce torto nunca se endireita'.

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