terça-feira, 15 de junho de 2021

Resenha: A Revolução dos bichos / George Orwell

 A Revolução dos bichos é o clássico que todos deveriam dar uma chance, ler e reler é sempre um aprendizado sobre a vida em sociedade e os perigos de um regime totalitário. George Orwell o escreveu em 1940, mas os ensinamentos e alertas servem para qualquer período de tempo, até mesmo para as próximas eleições.

‘A Revolução dos bichos’ foi publicado pela Editora Arqueiro na coleção pop chic, uma edição muito bonita, leve, ideal para carregar na bolsa e com preço acessível.

O que difere os humanos dos demais animais é o fato de sermos seres racionais, de conseguirmos criar estruturas para a sobrevivência através de um pacto social, que se consubstancia no Estado. Ele nos protege, logo, à ele pagamos impostos e em favor dele lutamos nas guerras, já que sem ele o caos reinaria.

O fato é que ao longo da História é possível observar a ascensão e queda de diversos tipos de sociedades organizadas, e um dos principais problemas se dá quando uma pessoa tem em suas mãos todos os poderes, é ela quem acusa e quem julga e quem executa a sentença, não há contraditório, não há nem mesmo espaço para que alguém clame uma posição contrária, já que poderia ter o mesmo destino de quem está sendo julgado em primeiro lugar.

“Camaradas, qual é a natureza desta nossa vida? Vamos encarar os fatos: nós levamos uma vida infeliz, laboriosa e curta. Nascemos, recebemos apenas a quantidade de comida necessária para manter nosso corpo vivo, e os que sobrevivem são forçados a trabalhar até esgotar suas útimas forças, e no exato instante em que deixamos de ter utilidade, somos abatidos com uma crueldade horrenda. Nenhum animal na Inglaterra conhece o significado de felicidade. Nenhum animal na Inglaterra é livre. A vida de um animal se resume a infelicidade e escravidão.”

Os animais da Fazenda Solar percebem que durante toda a vida trabalham para os homens e são explorados, não tendo direito algum. Eles conclamam uma revolução, que a princípio parece ser a solução para todos os problemas. Os animais falam por eles mesmos, trabalham e produzem para eles mesmos, o que eles não poderiam imaginar é que havia animais com sonho de ser homem e cometer os mesmos erros.

A fazenda troca de nome, se torna ‘Fazenda dos animais’, mas o que no início era um sonho colocado em prática, aos poucos os transforma novamente em escravos, e em um nível ainda pior, já que acabam sendo iludidos, achando que são livres. Quem controla o passado, controla o futuro, como Orwell diz em seu livro ‘1984’, os animais percebem que não se lembram mais quais eram os mandamentos criados por eles, a serem seguidas por todos e são facilmente manipulados, virando escravos em um ambiente que fora conquistado por eles.

Uma aula sobre o perigo do totalitarismo, seja no ‘comunismo soviético’ que serviu de inspiração ao Orwell, ou em qualquer outro regime. Um líder carismático que diz o que querem ouvir, o controle das informações, uma ameaça externa inexistente, um terceiro eleito culpado por todos os problemas, uma vontade de mudança por parte da população e finalmente uma manipulação da verdade, escrevendo ou reescrevendo o presente e o passado, são característica da Fazenda dos animais que podem ser encontradas no tempo presente (infelizmente).

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