domingo, 3 de janeiro de 2016

Resenha da semana: O último dos canalhas/ Loretta Chase

Loretta Chase tem o dom de criar personagens pelos quais amamos nos apaixonar. A leitura flui rapidamente até que chega aquele momento de indecisão que você quer saber o final, mas ainda não está pronta para abandonar personagens tão incríveis.


Esse foi meu segundo livro da Loretta, e também o segundo canalha literário pelo qual me apaixonei. Os livros “O Príncipe dos Canalhas” e o “Último dos Canalhas” são individuais e podem ser lidos independentemente, mas minha indicação é: leia o Príncipe primeiro para a leitura do “último” ser mais completa e também não ter spoliers, que o segundo livro acaba tendo já que os queridos Jessica e Dain tem participação importante, para quem se interessar tem resenha do “Príncipe dos Canalhas” também aqui no blog. 
Minha última observação antes de entrar na história do livro é sobre os capítulos, os desse livro são grandes, mas tem aqueles espaços que marcam uma passagem de tempo ou mudança de personagem. Então sempre dá pra gente ler até essa parte e não parar de ler no meio de um parágrafo.

No início do livro somos apresentados a família Mallory que tem em toda a sua história uma tradição de produzir homens devassos, não-civilizados e libertinos. Vere Aylwin Mallory, o nosso protagonista, é o último canalha da família, para ele mulheres são seres não pensantes, ele não se importa de entrar numa briga e muito menos de utilizar roupas adequadas nas mais diversas situações. Além de produzir canalhas, no legado dos Mallory tem também muita infelicidade e mortes fora do comum, Vere por exemplo já havia enterrado mais de dez parentes nos últimos anos e duas dessas mortes, de duas pessoas muito importantes e próximas de Vere ocasionaram que o título de Duque caísse no seu colo, além de a tutela de duas meninas adolescentes.

Já no segundo capítulo conhecemos nossa heroína, a jornalista Lydia Grenville. Uma mulher muito a frente de seu tempo, com uma vida difícil desde a infância ela colocou como objetivo de sua vida ter sua própria independência e ajudar aqueles que precisam de ajuda, principalmente mulheres, através do jornalismo. Demorou muito tempo para que ela conquistasse o espaço num mundo que era praticamente dominado por homens, mas aos poucos e com muita polêmica em tudo que escrevia, ela recebeu o apelido de Lady Grendel e conseguiu ter um espaço de respeito no jornalismo, por ter escrever sobre assuntos tabus, ela era um tanto quanto odiada por algumas camadas da população, mas ela esconde um segredo, pois além de estar na boca do povo londrino por suas publicações de denúncia contra ilegalidades e crimes contra mulheres ela também escrevia “A Rosa de Tebas”, uma novela romântica ficcional para o jornal que trabalhava, mas o seu único pedido era que nunca viesse a tona que o misterioso escritor do romance, que estava tirando toda Londres dos nervos, era a odiada Lady Grendel. 

Os caminhos do nosso Duque e nossa Lady se cruzam quando ela está tentando ajudar uma jovem que acabara de chegar em Londres e caíra nos braços de Coraline Bress, uma meretriz que aliciava jovens à prostituição e na maioria das vezes essas jovens acabavam mortas. Lydia então está numa perseguição quando bate de frente com Vere, os dois se observam e sentem uma atração mútua,  os dois se enfrentam e o golpe dele é um beijo fatal, enquanto o dela é um soco no queixo que o derruba na lama.


“No mundo real, adulto, era mais fácil encontrar unicórnios do que príncipes encantados.

No mundo real, nenhum beijo poderia transformar uma solteirona convicta em uma menina de olhos sonhadores. Em especial aquele beijo, que obviamente era um substituto para o soco na boca que Sua Graça teria lhe dado se ela fosse um homem.” *


Depois desse inusitado encontro, os esbarrões se tornam cada vez mais frequentes. Vere que num primeiro momento queria persegui-la para dar o troco, mas aos poucos sente que precisa saber onde ela está, sem saber muito bem o porquê. Enquanto Lydia fica rememorando um beijo que a fez questionar sua escolha de evitar totalmente os homens e o amor.

Quando Lydia precisa da ajuda de Vere em uma de suas missões contra a impunidade em Londres, eles percebem que formam uma ótima equipe juntos. Ela o vê pela primeira vez para além do Duque canalha e ele para além da fachada de jornalista-forte-independente-bem resolvida e mulher não pensante. Aos poucos e com situações cada vez mais inusitadas eles veem que são mais parecidos que poderiam imaginar e quando lançam uma aposta de corrida e um casamento é posto em jogo, os dois orgulhosos irão fazer qualquer coisa para vencer. Muitas perseguições, corridas, beijos roubados e descobertas fazem de Lydia e Vere aquele par romântico pelo qual a gente fica torcendo em cada novo capítulo para que dê tudo certo, apesar de se divertir com a briga dos dois e querer que o livro não acabe.


“Se houvesse alguma justiça no mundo, pensou Lydia, o sujeito teria se transformado no sapo que ele era, no instante em que sua boca maligna tocara a dela.” *


Além dos nossos personagens principais, temos também uma história de amor paralela a deles e também o desenrolar da novela de Lydia que assim como toda a Londres, também ficamos curiosos para saber o final. E tem também uma grande reviravolta na história, digna de romances policiais, envolvendo a família de um certo Belzebu.

E preciso assumir que esse livro me fez suspirar, as cenas de amor são extremamente bem construídas, é impossível não se apaixonar pelo Vere. A evolução dele é um dos pontos mais interessantes do livro, que além de nos fazer praticar a alteridade, nos faz pensar no nosso auto reconhecimento, em coisas do passado mal resolvidas que refletem no nosso presente e futuro, saber quem você é e abandonar fantasmas do passado é o melhor caminho para a felicidade e claro, para o amor. E as vezes é melhor procurar por sapos do que por príncipes encantados.

 Aproveitando pisca pisca do Natal


“Não era brinquedo de homem nenhum. E certamente não arriscaria todas as coisas pelas quais batalhara só porque um príncipe encantado palerma tinha provocado um furor em seu coração.” *


*As quotes selecionadas são todas pela visão da nossa heroína Lydia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário