domingo, 16 de outubro de 2016

Resenha da semana: O Feiticeiro de Terramar / Ursula Le Guin

Um livro sobre magia, um mundo fantástico extremamente bem construído, um herói verossímil são algumas das características principais do livro e graças a elas a nossa jornada em Terramar é um intenso e delicioso mergulho no desconhecido.

Em primeiro lugar, preciso assumir que livros de fantasia não estão entre os meus favoritos, geralmente desisto de lê-los pela escrita ser muito densa, com enormes descrições, fiquei um pouco receosa sobre ler ou não Ursula, por causa disso, mas decidi arriscar já que ouvi muita coisa boa sobre ele. E logo no início percebi que não poderia ter feito uma escolha melhor e já nas primeiras páginas estava rendida a história. Todo o livro tem um ritmo incrível, não tem as minhas temidas grandes descrições, tem uma ou outra passagem falando do futuro, mas no todo a história é linear e muito fluída, sempre tem alguma coisa acontecendo, o que não deixa a gente perder o fôlego da história. O único porém é o tamanho dos capítulos, é um livro de 169 páginas com 10 capítulos, então eles são grandinhos, mas nada absurdo.

Nas primeiras páginas somos apresentados ao pequeno Duny, que vive na ilha de Gont, no norte de TerraMar, com seu pai um rabugento forjador de bronze e seus seis irmãos e já no início sabemos que o futuro de Duny o reserva:  a conquista e desenvolvimento de um grande poder mágico. Ainda na infância ele sempre gostou de enfrentar o desconhecido e ao escutar sua tia, uma feiticeira pronunciar algumas palavras e controlar animais, ele no hesitou em fazer o mesmo e nesse momento ele descobre que possui poder e descobre também uma consequência ruim de seu uso desregulado.
No início de sua adolescência, Duny até então acolhido pela tia que o ensinara alguns feitiços, teve sua primeira grande prova: a Ilha da Gont estava na linha de ataque dos Kargs, guerreiros de um império poderoso e conquistador, que deixava um rastro de ruínas e destruição por onde passava, Duny utiliza seus poderes e cria uma grande parede de névoa que faz com que o exército Karg não consiga adentrar a Ilha, mas Duny acaba pagando um alto preço.

E quem irá o ajudar é o mago Ogion, que ouvira falar sobre um menino que controlou a névoa e decidiu o convidar para ser seu aprendiz. Duny aceita e passa por um ritual para conhecer o seu verdadeiro nome, se torna então Ged. E Gavião para o restante do mundo, já que quem conhece o verdadeiro nome de uma coisa o controla, então o uso do nome verdadeiro deve ser apenas com quem se tem extrema confiança.

“– Quando vai começar meu aprendizado, senhor?
- Já começou – respondeu Ogion.
Fez-se silêncio, como se Ged estivesse hesitando em dizer algo.
- Mas ainda não aprendi nada!
- Porque você não descobriu o que eu estou ensinando.”

Depois de uma temporada com Ogion, Ged vai para a Escola de Magos de Rocke, uma antiga e famosa escola que forma os melhores magos de Terramar, e é lá que ele irá aprender mais e adquirir maior poder, mas em sua ânsia de provar que é capaz, e pelo prazer de adentrar o desconhecido, Ged acaba liberando uma sombra do mundo das trevas, sombra que deseja apenas uma coisa: sugar sua energia vital.

A jornada de Ged se torna então mais complexa: será que ele conseguirá se tornar um mago de Rocke? E combater a sombra?  Para se tornar o mago que ele almeja Ged deverá abandonar a arrogância e perceber que a humildade e o autoconhecimento é o maior poder que ele pode adquirir.

Com o aprofundamento da leitura vamos conhecendo melhor a Terramar e se perguntando o que faria se estivesse na posição de Ged. No final do livro tem uma nota da autora e isso só fez com que eu gostasse ainda mais, para a época em que ela escreveu uma história com o foco no público adolescente, ela colocar personagens negros como heróis foi um grande feito, e além disso escreveu já em 1968 sobre magos, magias e uma escola de magia, coloca o livro como um clássico para quem gosta de Harry Potter os das jornadas da Terra Média, e como uma ótima aventura pra quem quer sair um pouco do romance/policial.

“Somente no silêncio a palavra, somente nas trevas a luz, somente na morte a vida: o voo do falcão brilha no céu vazio” 

Foto com o mapa, porque pela primeira vez eu o utilizei na leitura, tem um em versão menor nas primeiras páginas.

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