sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Resenha da semana: O Navio das Noivas / Jojo Moyes

Terminei de ler emocionada e com um sorriso no rosto, mais uma vez Jojo Moyes consegue criar um romance deslumbrante.

Acabou a Segunda Guerra Mundial e você australiana está no seu país de origem, tudo estaria muito bem, a não ser que você tenha se casado com um estrangeiro e determinada a ir atrás do amor, você irá enfrentar uma viagem de seis semanas num navio nem um pouco preparado. Abandonar tudo que você conhece em prol do desconhecido.

Eu li muito, muito rápido precisava saber mais e mais dessas pessoas que conviveram comigo na última semana, Jojo tem um dom de criar situações e personagens extremamente verossímeis e ambientes que saltam das páginas facilmente para nossa imaginação e rapidamente estamos muito envolvidos e parece que a gente está lá onde tudo está acontecendo, a gente sente o que eles sentem, sorri, chora e dá conselhos e quando o livro acaba não estamos preparados para dizer tchau.

Austrália, ano de 1946, final da Segunda Guerra Mundial e início da jornada de quatro esposas a bordo do navio Victoria: Avice, Jean, Maggie e Frances. Em comum entre elas apenas o objetivo de chegar a Inglaterra o mais rápido possível para enfim poderem viver com seus respectivos maridos. Entretanto nossa história tem início muitos anos depois disso, uma jovem petulante e sua avó durante uma viagem à Índia, acabam esbarrando com uma espécie de cemitério de navios, e ao dar de cara com um porta-aviões chamado Victoria, uma certa avó fica transtornada, e já nas primeiras páginas temos o primeiro mistério do livro, qual das quatro esposas seria a avó e será que ela é realmente uma delas?

Se você leu bem o parágrafo anterior pode perceber que, sim, mulheres estavam cruzando mares em um porta-aviões. Com o fim da guerra e a enorme quantidade de esposas australianas, estava-se buscando qualquer forma para leva-las, mas nem todas aceitaram essa situação muito bem. Avice sempre foi muito mimada, seu pai conseguira uma vaga para ela no navio em troca  de favores, o lema dela seria algo do tipo: ‘Você é, o que você tem’ então tinha suas maiores preocupações direcionadas a roupas e sapatos. Jean é a mais jovem entre as quatro e tem uma espécie de gênio livre, fala o que pensa, faz tudo o que acha certo, baseada apenas de sua moral nem um pouco dentro do padrão. Maggie, uma menina da área rural, que sabe tudo sobre bois e cavalos, cuidava de seu pai e irmãos, pois sua mãe morrera e estava grávida com uma daquelas gestações um tanto quanto complicada, ela inchou muito e estava com uma barriga enorme, tirando independência que ela tanto cultuou durante toda sua vida. E finalmente, Frances, a mais discreta das quatro, que só fala o extremamente necessário, é enfermeira, é muito competente em tudo que se prepõe fazer e guarda um segredo que faz com que a gente entenda o porquê de seu isolamento ao descobri-lo.

Essas quatro e extremamente diferentes esposas vão ter que conviver juntas em um pequeno quatro montado num super elevador do porta-aviões, sem janelas e com duas beliches. Ao longo do livro, vamos conhecendo mais cada uma delas e descobrindo seus anseios em cada situação inusitada  em que elas se envolvem durante a viagem. Somos apresentados também a personagens masculinos, entre eles o comandante que assim como Frances tem um segredo e apesar de já estar, assim como o próprio navio, na época de se aposentar, não vê um futuro para si longe do mar e Nicol um fuzileiro que faz guarda na frente da porta do quatro das nossas protagonistas, ele as ajuda a encobrir suas infrações e devido a seu longo período no mar, percebe que sua própria família está em risco.

Jogo Moyes cria um cenário muito verossímil, é impossível não imaginar as situações e se colocar na posição de cada um dos personagens. O que podemos perceber durante a leitura é a destruição que a guerra faz, além das mortes, as pessoas que ficam tem que se reconstruir de alguma forma, e como viver normalmente depois de uma experiência dessas? O que fazer quando a guerra acaba? As mulheres criadas pela Jojo mostram um lado da resposta dessas perguntas, abandonar tudo o que você conhece para ir para outro país, com apenas uma tênue ligação com um homem, que apesar de ser seu marido, você não chegou a conhece-lo de fato. O principal medo é receber uma carta com os dizeres: “Não venha, você não é bem-vinda” e ver seu mundo se transformar drasticamente mais uma vez.



Prepare-se para mergulhar na História e se encantar por sonhos de amor que podem ou não se concretizar, o que você faria se o amor da sua vida estivesse a um oceano de distância? 

Você sabia?

O Livro é inspirado, além de histórias reais de pesquisas da Jojo, mas na história de amor de seus avós, sua avó foi uma noiva australiana, incrível, né?

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