domingo, 2 de dezembro de 2018

Resenha: A Grande Solidão / Kristin Hannah


Ler ‘A grande solidão’ me deixou angustiada, aflita e revoltada, foi o meu primeiro livro da Kristin Hannah e se o objetivo dela era fazer com que o leitor se sentisse tão perdido quanto os personagens, ela mandou bem.

Quando pensamos em Alasca, o que vem a nossas cabeças? Frio, ursos, perigo, isolamento? Será que é possível encontrar a si mesmo em um lugar tão inóspito? Será que é possível encontrar o amor em um lugar desses?

Nos anos 70, uma família meio nômade resolve se aventurar por terras alasquianas. Ernt Allbright um veterano da Guerra do Vietnã sofre com pesadelos e traumas da guerra, Cora, sua esposa, fugiu de sua casa confortável, aos 16 anos, grávida, seguindo o amor pelo Ernt, mas quem ela amava era o marido de antes da guerra. O marido veterano com todos os seus novos demônios, transformou o conto de fadas em um relacionamento extremamente abusivo.

E fruto do amor dos dois tem a Leni, uma menina de 13 anos que apesar de tão nova é uma espécie de mediadora dos conflitos familiares, ela muitas vezes parece mais adulta que os próprios pais, uma leitora voraz e muito sonhadora, acaba construindo no Alasca a sua própria identidade.

Quando chegam ao Alasca para tomar posse de terras que um amigo do Ernt, que morrera na guerra, deixara em testamento para ele, a família descobre que as coisas não serão fáceis, a casa, na verdade era uma cabana, não havia geladeira, eles precisariam aprender a caçar, a atirar para se proteger de perigos. A única vantagem era a comunidade alasquiana, seus habitantes eram muito unidos, faziam trocas e sempre se ajudavam, com o tempo a família Allbright vai se adaptando.

“Uma mulher tem que ser dura como aço por aqui, Cora. Não pode contar com ninguém para salvar você e seus filhos. Vocês precisam estar dispostas a salvar a si mesmas. E têm que aprender rápido. No Alasca só se pode cometer um erro. Um. O segundo irá matar você”

O problema era que Ernt não lidava muito bem com a escuridão, e no Alasca há períodos em que o sol demora a se pôr e períodos em que o sol mal aparece, dessa forma ele começa a ter cada vez mais problemas tanto dentro de casa, quanto com a comunidade que os recebeu tão bem.

Há alguns saltos temporais, Leni de 13 anos, vira a Leni de 18 e depois a Leni de 25, os marcos dessas passagens são muito fortes, ela é uma guerreira por conseguir enfrentar tudo o que passou, a Leni dos 13 é a sonhadora e mediadora, a Leni dos 18 é uma verdadeira alasquiana, caçadora e que se apaixona e sente a necessidade de viver esse amor intensamente, custe o que custar e a Leni dos 25 é experiente e tem que viver com todas as consequências que um amor sem limites pode acarretar.

“Pela primeira vez, Leni entendeu todos os livros que tinha lido sobre corações partidos e amor não correspondido. Era uma dor física. O jeito como sentia falta de Matthew era quase uma doença.”

Preciso dizer que tive muita dificuldade de finalizar essa leitura, fiquei sem vontade de ler e muito irritada com algumas ações dos personagens, me deu muita vontade de gritar com eles e dizer: “para com isso!” ou “sério que você não está vendo que isso não vai dar certo?” ou ainda “minha filha, foge desse homem, isso não é amor é cilada”, mas é fácil dizer tudo isso quando estamos vendo de fora, não é mesmo? É muito difícil a gente perceber que está entrando numa furada quando estamos muito apaixonados, ou quando queremos tanto que algo dê certo que acabamos perdoando coisas que deveriam fazer a gente virar a página, acredito que a Kristin Hannah quis passar toda essa carga nas páginas do livro, não foi uma leitura fácil, assim como a própria vida, né?



Nenhum comentário:

Postar um comentário