Ler ‘A grande solidão’ me deixou
angustiada, aflita e revoltada, foi o meu primeiro livro da Kristin Hannah e se
o objetivo dela era fazer com que o leitor se sentisse tão perdido quanto os
personagens, ela mandou bem.
Quando pensamos em Alasca, o que
vem a nossas cabeças? Frio, ursos, perigo, isolamento? Será que é possível
encontrar a si mesmo em um lugar tão inóspito? Será que é possível encontrar o
amor em um lugar desses?
Nos anos 70, uma família meio
nômade resolve se aventurar por terras alasquianas. Ernt Allbright um veterano
da Guerra do Vietnã sofre com pesadelos e traumas da guerra, Cora, sua esposa,
fugiu de sua casa confortável, aos 16 anos, grávida, seguindo o amor pelo Ernt, mas
quem ela amava era o marido de antes da guerra. O marido veterano com todos os
seus novos demônios, transformou o conto de fadas em um relacionamento
extremamente abusivo.
E fruto do amor dos dois tem a
Leni, uma menina de 13 anos que apesar de tão nova é uma espécie de mediadora
dos conflitos familiares, ela muitas vezes parece mais adulta que os próprios
pais, uma leitora voraz e muito sonhadora, acaba construindo no Alasca a sua própria
identidade.
Quando chegam ao Alasca para tomar
posse de terras que um amigo do Ernt, que morrera na guerra, deixara em
testamento para ele, a família descobre que as coisas não serão fáceis, a
casa, na verdade era uma cabana, não havia geladeira, eles precisariam aprender
a caçar, a atirar para se proteger de perigos. A única vantagem era a
comunidade alasquiana, seus habitantes eram muito unidos, faziam trocas e
sempre se ajudavam, com o tempo a família Allbright vai se adaptando.
“Uma mulher tem que ser dura como
aço por aqui, Cora. Não pode contar com ninguém para salvar você e seus filhos.
Vocês precisam estar dispostas a salvar a si mesmas. E têm que aprender rápido.
No Alasca só se pode cometer um erro. Um. O segundo irá matar você”
O problema era que Ernt não lidava
muito bem com a escuridão, e no Alasca há períodos em que o sol demora a se pôr
e períodos em que o sol mal aparece, dessa forma ele começa a ter cada vez mais
problemas tanto dentro de casa, quanto com a comunidade que os recebeu tão bem.
Há alguns saltos temporais, Leni de
13 anos, vira a Leni de 18 e depois a Leni de 25, os marcos dessas passagens
são muito fortes, ela é uma guerreira por conseguir enfrentar tudo o que
passou, a Leni dos 13 é a sonhadora e mediadora, a Leni dos 18 é uma verdadeira
alasquiana, caçadora e que se apaixona e sente a necessidade de viver esse amor intensamente, custe o que custar e a Leni dos 25 é experiente e tem que viver
com todas as consequências que um amor sem limites pode acarretar.
“Pela primeira vez, Leni entendeu
todos os livros que tinha lido sobre corações partidos e amor não
correspondido. Era uma dor física. O jeito como sentia falta de Matthew era
quase uma doença.”
Preciso dizer que tive muita
dificuldade de finalizar essa leitura, fiquei sem vontade de ler e muito
irritada com algumas ações dos personagens, me deu muita vontade de gritar com
eles e dizer: “para com isso!” ou “sério que você não está vendo que isso não
vai dar certo?” ou ainda “minha filha, foge desse homem, isso não é amor é cilada”,
mas é fácil dizer tudo isso quando estamos vendo de fora, não é mesmo? É muito
difícil a gente perceber que está entrando numa furada quando estamos muito
apaixonados, ou quando queremos tanto que algo dê certo que acabamos perdoando
coisas que deveriam fazer a gente virar a página, acredito que a Kristin Hannah
quis passar toda essa carga nas páginas do livro, não foi uma leitura fácil,
assim como a própria vida, né?
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