Esse é aquele tipo de livro que o tempo todo você vai achar que está sendo enganado, você vai achar que a personagem principal está surtada, você vai desconfiar de tudo e de todo mundo e no final vai se surpreender e se emocionar. Foi o que aconteceu comigo. Em ‘Eu devia estar sonhando’, Michel Bussi nos mostra toda a sua capacidade de envolver o leitor na até a última página do livro.
Nos primeiros capítulos eu estava achando o livro meio arrastado, meio chato, me perguntava se era um romance ou um thriller ou fantasia? O que tá rolando aqui? Mas quando entendemos que é um thriller misturado com uma história de amor, decolamos junto com o livro e só iremos pousar quando finalmente entendermos tudo.
“O que é impossível não deixa ninguém infeliz. Só sofremos com o que é possível mas não acontece nunca.”
O livro é dividido entre 1999 e 2019, 20 anos que separam os acontecimentos em cidades como: Paris, Montreal, Los Angeles, Barcelona e Jacarta. Pega o Google Maps para checar todos esses destinos. Temos também muita música ao longo de todo o livro. Você sabia que existe um lugar em Barcelona chamado Las Ramblas, onde tem as melhores estátuas vivas do mundo?
Nathalie é uma comissária de bordo que ama o seu trabalho, ama conhecer novos lugares, ser livre por alguns dias e depois voltar para sua família. Conhecemos dois momentos de sua vida:
- A Nathalie de 1999, casada, com uma filha de seis anos, recebe uma escala de voos: Montreal> LA > Jacarta, no voo para Montreal coincidentemente estão os integrantes da banda The Cure. Neste voo ela conhece Ylian, um músico charmoso, com quem ela sente uma conexão imediata e irresistível.
- A Nathalie de 2019, continua casada, tem agora duas filhas, já criadas. A mais velha é enfermeira, a mais nova está quase indo para a faculdade, sua vida é boa, seu marido sempre supriu todas as necessidades, mas quanto ela recebe a sua escala de trabalho com os mesmos voos de 20 anos atrás, tudo começa a sair dos eixos.
Os capítulos são intercalados entre os dois anos, a cada capítulo vamos descobrindo mais sobre o que aconteceu no passado e entendendo (ou não) as atitudes da Nathalie. Muitas coisas que acontecem no presente se remetem ao passado, são toneladas de coincidências, o tempo todo a gente se questiona se a Nathalie não está ficando doida, por que não é possível! Será que é tudo um sonho?
“Você conhece a teoria? Coincidências não existem. São só uma invenção da nossa cabeça. Em um dia, vemos ouvimos e captamos milhões de informações. Nosso cérebro só seleciona algumas e faz, ele mesmo, as conexões. Se procurarmos, vamos achar coincidências em todos os cantos!”
E se você tivesse uma casa, família, tudo certinho, você nunca quis mais, estava tudo certo, mas eis que surge alguém na sua vida que faz você sentir que o que tinha antes não era o suficiente, essa pessoa faz você ter sensações que nunca teve antes, o que fazer? Largar sua família e mergulhar nesse desconhecido? Ficar com sua família e abrir mão desse amor?
E é apenas nos últimos capítulos que tudo será desvendado, depois de uma sequência de tirar o fôlego, somos presenteados com um final emocionante.
“Paixão é ter vontade de fugir com alguém, mas amor não é acabar apreciando ser prisioneiro?”
Até onde você iria por amor? Existem vários tipos de amor? Eles podem coexistir? É melhor aquele amor maduro e seguro ou aquele inesperado e avassalador? Tem como escolher ou classifica-los numa escala? Acho difícil. Michel Bussi pegou tudo isso e misturou com esses destinos espetaculares, com reviravoltas tão espetaculares quanto, para no final nos dizer que qualquer sentimento pode nos dar os melhores presentes ou serem os nossos piores fardos.
“A vida é um longo rio tranquilo, com corredeiras de tempos em tempos, para provocar pequenos espirros d’água, e principalmente para não podermos seguir contra a corrente.”
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