domingo, 7 de agosto de 2022

Resenha: A Hipótese do amor / Ali Hazelwood

Considerando as condições normais de temperatura e pressão, a hipótese do amor prova que é possível encontrar o amor até mesmo num ambiente inóspito e hostil, como o mundo acadêmico. Quando dois cientistas embarcam em conjunto numa mentira muito racional, eles não poderiam imaginar que acabariam rendidos a algo que não conseguem calcular através de seus aparelhos ou fórmulas científicas, o amor. 

Preciso confessar que estava muito curiosa nessa leitura, um livro que é febre no tiktok e foi o mais vendido da Editora Arqueiro na Bienal SP desse ano, será que é isso tudo mesmo? E agora com a leitura finalizada posso afirmar que se você é fã de comédias românticas não pode perder, se você nunca leu uma e tem curiosidade, pode começar por esse! Já no prólogo a gente consegue sentir a vibe divertida do livro, envolvendo lentes de contato vencidas e um banheiro restrito. Eu ri a bessa com algumas passagens e sem dúvidas meu coração ficou muito quentinho no final.

“Essa é a questão com a ciência. Somos levados a acreditar que falsos positivos são ruins, mas os falsos negativos são tão assustadores quanto. – Ela fez uma pausa. – Não conseguir enxergar algo mesmo que esteja na frente dos seus olhos. Deixar de ver algo de propósito, apenas porque está com medo de ver coisas de mais.”

Olive Smith estava com muitos problemas:

-Problema n°1: falta de financiamento para sua pesquisa;

-Problema n°2: sua orientadora estava se aposentando, então não se importava muito mais em buscar recursos;

-Problema n°3 e mais urgente de todos: sua melhor amiga estava apaixonada pelo seu ex, mas não queria ficar com ele por causa da Olive.

Bem, para resolver os dois primeiros problemas, ela encaminhou e-mails para todos os contatos que conseguiu encontrar que tivessem pesquisas alinhadas com a dela: descobrir uma forma de detectar o câncer de pâncreas o mais rápido possível.

Quanto ao problema n°3, ela resolveu da seguinte forma: beijando o primeiro desconhecido que passou.

Ocorre que, o desconhecido era o, ao mesmo tempo odiado e idolatrado nos corredores acadêmicos, Adam Carlsen, ou melhor Dr. Carlsen. Ele é um professor e cientista consagrado e premiado, mas que não tinha meias palavras ou carinho para avaliar trabalhos, a fama dele era fazer os orientandos e alunos chorarem, não sorria, não fazia amigos, a maioria das pessoas o admirava e também morria de medo dele (ou queria dar um soco nele).

E depois do beijo fortuito, Olive e Adam decidem de forma muito racional, pensando em benefícios mútuos: fingir um namoro. O que leva todo mundo a ficar de queixo caído e se torna A fofoca do campus.

Eles descobrem que são bem diferentes: Olive ama comer todas as besteiras que vê pela frente, enquanto Adam acha que hamburguer, por exemplo, tem gosto de papelão. Ela gosta de cores, ele só usa preto. Ela prefere as bebidas mais diferentes do starbucks, ele, obviamente café preto. É muito divertido ver que as diferenças os complementam e devagarzinho, fazem com que eles criem vínculos profundos, além de se zoarem o tempo todo. Não dá pra julgar um livro pela capa com esses dois.

Nem um dos dois buscava um romance, estavam muito preocupados e ocupados com suas pesquisas. Os dois, por diferentes motivos, têm dificuldades em se conectar e se abrir com outras pessoas e até mesmo, medo de se machucar, pra quê se relacionar se isso vai te fazer sofrer? É melhor ficar só com os tubos de ensaio mesmo....

Mas será? Ao longo das páginas Olive vai se questionando se o que era uma mentira se tornou um sentimento sólido, mas será que ele sente o mesmo? As mentiras só se acumulam, os sentimentos ficam cada vez mais confusos, o que fazer quando você quer mais, mas também não quer perder o que já tem? 

“De modo geral, a vida de Olive continuava do mesmo jeito que sempre fora; com a diferença de que, pela primeira vez, havia outra coisa que ele preferia estar fazendo. Outra pessoa com quem preferia estar. Então gostar de alguém é assim, ela refletiu.”

E além disso, os problemas n°1 e n°2 também estão presentes, Olive precisa se preparar para um congresso e ainda vai passar por uma experiência muito traumatizante. 

O que eu mais gostei do livro e o que achei o maior diferencial de todas as comédias românticas que já li, foi o plano de fundo do mundo acadêmico, muito bem retratado nas páginas. Todo mundo que já precisou passar por um tcc/monografia sabe o quanto isso pode destruir a gente, físico e psicologicamente, e deixar de acreditar em nós mesmos devido a palavras que algum bam-bam-bam da academia falou, é uma experiência traumática pela qual, infelizmente, quase todo mundo já passou. (Uma nota pessoal: desisti de seguir carreira acadêmica justamente porque não conseguia me enxergar vivendo naquele ambiente). Então achei muito legal mesmo esse plano de fundo.

“O mundo acadêmico era como um clubinho de veteranos; aqueles que tinham poder gostavam de tirar vantagem dos que não tinham, sem nenhuma consequência.”

Outra coisa muito legal e divertida é que todo capítulo é iniciado com uma hipótese que vai ter relação com que irá acontecer nas próximas páginas, um exemplo:

"Hipótese: Aproximadamente dois de três caos de namoro de mentira envolvem dividir um quarto; 50% das situações que envolvem dividir um quarto ficam mais complicadas pela presença de apenas uma cama."

E, o fato é que por mais que existam milhares de hipóteses e teorias, seja na ciência ou no amor, se não arriscar e experimentar, nunca será possível descobrir se uma hipótese é uma verdade. E qual será a hipótese que vai levar Olive e Adam a descobrir o amor?

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