Se eu tivesse que resumir "A travessia de Greta James" em uma palavra seria: tocante. É um livro que tem assuntos pesados e difíceis que são desenvolvidos com uma bela sutileza através de uma viagem num navio até o Alasca. Quem diria que observar geleiras poderia ser tão interessante quanto inspirador. E a "travessia" acontece quando a gente aceita nosso "chamado" seja ele qual for.
Assumo
que me emocionei no final. É tão difícil realizar sonhos, ainda mais quando seu
sonho não é sonhando por aqueles que estão ao seu redor, quando você tem que
provar que pode dar certo. É tão difícil perder alguém que você ama, quando a
pessoa estava ali e puft não está mais. É tão difícil confiar em si mesmo.
Aliás, a vida é difícil, e o fato é que a gente precisa escolher, se o que vai
reger nossa vida são nossos medos/inseguranças e seremos meros espectadores ou
de se de fato vamos viver.
“A
música sempre foi o seu refúgio. Era uma válvula de escape quando o mundo
ficava sombrio, um abrigo confiável para qualquer tempestade.”
Greta
James é uma musicista. Desde pequena sempre teve uma conexão diferente com a
música, seu violão sempre foi seu maior aliado. Ela também tem um dom de compor
músicas e se expressa através delas. Seu sonho sempre foi viver da música e ela
conseguiu. Com sua guitarra se tornou uma rockstar.
O
que era tudo o que seu pai não queria. Ele desejava que a filha tivesse uma
vida "segura", um emprego regular, um casamento, uma família. E a
relação dos dois fica ainda mais estremecida quando ela compôs uma música sobre
ele, uma música raivosa e que virou um dos seus maiores sucessos.
“É
porque a vida que ele quer para ela é essencialmente diferente da que ela quer
para si mesma, e a música é o barco que a leva para longe disso.”
Quem
sempre foi a ponte entre os dois foi sua mãe e quando ela falece, parece que
Greta e seu pai não falam mais o mesmo idioma.
Eis
que havia uma viagem que a mãe da Greta estava planejando há tempos, junto com
2 casais de amigos, e não pode realizar: uma viagem de navio para o Alasca. Por
influência do irmão, por um motivo pessoal e para não deixar o pai sozinho, Greta
embarca nessa travessia.
E
são os mares gelados que vão fazer todos os sentimentos virem a tona. Durante
uma semana e diversas e diferentes atividades proporcionadas no navio.
E
uma dessas atividades é uma palestra com um escritor, o Ben, que escreveu um
livro sobre Jack London, ele é super nerd, super charmoso e que também tem
questões mal resolvidas na sua vida.
“A
verdadeira função do homem é viver, não existir.”
Buck
foi levado pra corrida do ouro no Alasca, teve que aprender a puxar trenós e trabalhar
duro, ele descobre diversos sentimentos e vai viver uma longa jornada até
conseguir entender que não precisa de conexões com homens para ser completo.
“Há
um êxtase que marca o ápice da vida, além do qual ela não consegue ascender.
Esse é o paradoxo de viver: atinge-se esse êxtase quando se está vivo ao
máximo, mas ao mesmo tempo ocorre um apagamento total da memória de estar vivo.
O êxtase, esse esquecimento de estar vivo, arrebata o artista, absorto e fora
de si, envolto em um manto de paixão; apodera-se do soldado na guerra,
enlouquecido, no centro do combate, recusando-se a procurar refúgio; e surgiu
em Buck, liderando a matilha.”
Voltando
para a Travessia, o Ben é fã demais do Jack London, pelo fato dele ter sido
muito explorador e feito diversas e diferentes coisas até se tornar escritor.
É
muito legal ler os dois livros juntos, pois ao mesmo tempo em que estamos na
cabeça do Buck fazendo as descobertas e vivendo aventuras e desafios de vida ou
morte estamos também convivendo com personagens cheios de conflitos tentando
entender o que sentem em um navio luxuoso.
A
travessia me tocou bastante porque seja você uma rockstar, um escritor, um pai
comum, um viúvo, todo mundo vive seus próprios momentos de escuridão, momentos
em que nada parece dar certo, em que parece que estamos sozinhos, encarar
sentimentos nunca fica mais fácil não importa quem você seja, o importante é
aprender a conviver com eles, sentir e aceitá-los, já que não dá pra ser forte
o tempo todo e não esquecer que no final o que mais importa é estar bem consigo
mesmo.
“Tinha vontade de beijá-lo e tinha vontade de sair correndo. Tinha vontade de chorar e tinha vontade de fugir. Ela não sabia o que estava sentindo. Era raro que soubesse.”
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