quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Resenha: O Júri / John Grisham

 O que você faria por um veredito favorável? 

Quando pessoas comuns são selecionadas para uma função, a partir da qual, poderão mudar os rumos da responsabilidade civil da indústria tabagista, para o bem ou para o mal, vale tudo.

O Júri é aquele tipo de livro que vai te ganhando aos poucos, vamos conhecendo os personagens devagar, cada um deles repleto de nuances, quem está certo ou errado é difícil dizer. São muitos interesses envolvidos e quando a própria vida fica em risco, as pessoas fazem qualquer coisa para sobreviver, para não serem presas, para manter sua imagem ou mesmo para se vingar.

Tudo começa com um processo: uma viúva entrou com uma ação contra uma empresa de cigarros, pois seu falecido esposo morreu devido a um câncer de pulmão em virtude de anos fumando cigarros. Ela e seus advogados queriam uma indenização e além disso danos punitivos e a partir daí que tudo se desenrola.

Logo na escolha do júri, conhecemos Nicholas Easter, um jovem que está disposto a fazer parte desse júri, ele tem um objetivo: manipular a decisão.

E do lado de fora do tribunal, conhecemos Rankin Fitch, um experiente consultor jurídico que tem a fama de conseguir vereditos, não usando meios formais e muito menos legais, ele irá tentar manipular o júri a votar em favor da indústria tabagista, nem que seja gastando milhões de suborno, com ameaças ou até mesmo um incêndio.

Cigarro vicia? Causa câncer? E a liberdade de escolha? A pessoa que escolhe fumar, o faz por conta própria, né? Mas e o marketing envolvido? As pessoas sabem do perigo? São muitos os questionamentos e diversos especialistas envolvidos durante os dias de julgamento.

É o produto mais fatal do mercado, nada chega nem perto. Exceto as armas, e elas, claro, não são projetadas para serem apontadas e disparadas contra pessoas. Cigarros são projetados para serem acesos e fumados; esse é seu uso correto. São fatais se usados justamente como planejado.”

“Como consumidores, fazemos escolhas lúcidas sobre os alimentos que damos aos nossos filhos. Ninguém pode dizer que fazemos as melhores escolhas. E, como consumidores, fazemos escolhas lúcidas sobre o cigarro. Somos bombardeados com propagandas de milhares de produtos e reagimos às que alimentam nossas necessidades e nossos desejos.”

Quando a misteriosa Marlee entra em contato, Fitch acredita que tirou a sorte grande, ela em contato com um dos jurados lhe ofereceu o veredito, mas será que ele pode confiar nela? Ele não vai medir esforços para descobrir quem ela é de verdade.

Enquanto isso, Easter vai conseguindo a confiança dos outros jurados, com pequenas atitudes vai conseguindo ser um aliado até mesmo do juiz, mas o que ele deseja de verdade?

Será que no final é tudo por dinheiro? Será que a indústria tabagista vai sofrer um baque?

Ao longo das páginas vamos vendo cada argumento e se aprofundando na vida dos personagens, ora a gente passa um pano, ora ficamos com raiva. É bem legal como o Grisham consegue nos envolver, chega um ponto que só queremos saber o que irão decidir no final, quase como se a gente fosse um dos jurados com um voto nas mãos.

E o interessante é que esse é um livro de 1996, quando muitas questões envolvendo o cigarro eram diferentes, mas até hoje podemos identificar algumas similaridades quanto a responsabilidade de grandes empresas quando se trata de vícios em seus produtos. Os danos punitivos nos EUA, são famosos por quantias milionárias que servem como uma espécie de sanção e freio a práticas comerciais e marketing desenfreado mediante ao cidadão médio.

“Como jurados, é esperado que nos tornemos tendenciosos e parciais à medida que o julgamento avança. É assim que chegamos ao nosso veredito. Não há nada de errado nisso. Faz parte do processo de tomada de decisão.”


O livro tem uma adaptação cinematográfica com nomes como John Cusak, Gene Hackman e Rachel Weisz, confira o trailer: 


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