sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Resenha da semana: A Garota Inglesa/Daniel Silva

Investigação, espionagem e um ótimo protagonista fazem de "A Garota Inglesa" uma obra prima das histórias de intrigas internacionais, com uma incrível verossimilhança com a realidade.

Esse foi meu primeiro livro do Daniel Silva, ele já estava na minha lista havia muito tempo, mas sempre o negligenciei, bem, até agora. Daniel é conhecido no mundo todo pelas histórias de espionagem internacional ele foi jornalista por um bom tempo, mas acabou se dedicando a literatura, seus livros estão frequentemente na lista de mais vendidos do New York Times. Como foi meu primeiro livro dele, estava bem curiosa já que as histórias de espionagem caminham lado a lado aos romances policiais (meus favoritos). Um pouco da parte estrutural, que sempre gosto de falar dos livros que leio, esse é divido em três grandes partes: A Refém, O Espião e O Escândalo e os capítulos são identificados pelo local onde ele irá ser situado, e prepare-se para viajar de Israel, passando por Londres e até mesmo para Rússia. Eles têm tamanhos ótimos, sempre dá para ler rapidinho para parar de ler no início do capítulo subsequente.

Um dos pontos positivos e ao mesmo tempo negativo do livro é a descrição, Daniel Silva faz descrições bem densas, das operações da espionagem, dos locais, sejam eles uma cafeteria ou o centro de operações do serviço secreto israelense. A primeira parte do livro é basicamente de operações e descrições, não tem muita ação, a leitura fica um pouco demorada, mas as partes seguintes são eletrizantes. Minha dica é: não desanime. 

A história do livro começa com o sequestro de uma proeminente garota inglesa, Madeline Hart tem uma carreia incrível dentro do parlamento inglês até quando decide passar férias na Córsega ela acaba sendo sequestrada, até este ponto nenhum problema, já que o serviço secreto da Inglaterra, o famoso MI5, poderia muito bem lidar com isso, certo? Errado! Hart era amante de ninguém menos que o primeiro ministro do Reino Unido, Jonathan Lancaster, ele queria então que esse caso não fosse para a mídia, queria fosse tudo resolvido da forma mais discreta possível para não prejudicar a sua reeleição. Graham Seymour, o vice-diretor do MI5, tem a ideia de contatar um dos melhores espiões do mundo, o israelita Gabriel Allon, este que fica sem escolha e acaba entrando na investigação.

Allon conta com a ajuda de Christopher Keller que já apareceu num livro anterior, que eu não li, isso para quem não gosta de spolier pode ser um perigo já que acabamos descobrindo o final do livro anterior, o título é "O Assassino inglês", Keller é um dos melhores personagens do livro, ele é um ex-militar britânico que foi dado como morto e atualmente é um assassino profissional, matador de aluguel, mas que forma uma dupla perfeita com Allon. Já que Keller tem uma força bruta e soluções mais fáceis como morte rápida aos inimigos enquanto Allon sabe como extrair confissões e tem um lado mais humano que Keller, mas o que os dois têm em comum é não hesitar quando se tem que matar algum inimigo. 

Gabriel mergulha fundo na investigação e as perguntas são cada vez maiores e quando o caso se dá por encerrado, ele não aceita as respostas que conseguira e coloca a sua vida em risco em busca de verdades que poderiam mudar a geopolítica mundial. Ele percebe que tem muito mais em jogo que a vida de Madeline, e para desvendar tudo ele irá precisar da ajuda da equipe de espiões do escritório israelense e nesse momento nós mergulhamos nos bastidores de uma operação de espiões, porque ficamos sabendo tudo o que eles fazem para entrar num país ilegalmente, para vigiar uma pessoa, como seguir uma pessoa, para se infiltrar numa empresa e no final fiquei me sentindo como se fosse um deles.

Por o escritor, Daniel Silva ter experiência como jornalista, acredito que isso passou um pouco para sua escrita, ele comprova muito bem tudo aquilo que se propõe. No final do livro tem uma nota na qual ele explica o que é real no livro, em que ele se inspirou e é bem interessante, já que o livro foi publicado nos EUA em 2013 e acabamos percebendo que a ficção é mais parecida com a realidade que gostaríamos. 




Duas quotes com dicas do nosso Allon:

“Depois de uma vida inteira servindo no mundo secreto, Gabriel tinha perdido a conta do número de vezes que entrar numa sala no meio de uma crise. A categoria e o contexto não importavam: era sempre a mesma coisa. Um homem andando sem parar pelo tapete, outro diante de uma janela com uma expressão entorpecida, e alguém tentando desesperadamente parecer calmo e estar sob o controle, mesmo quando não havia controle possível.”

“Já ouviu falar de uma operação de bandeira falsa? – perguntou Gabriel. – Serviços de inteligência frequentemente conduzem operações que causariam danos políticos ou diplomáticos caso seu envolvimento direto viesse a público. Às vezes eles se fazem passar por membros de outras agências. Às vezes se fazem passar por coisas completamente diferentes.”


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