segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Harlan responde: entrevista aos #harlanlovers poloneses

 

    No último dia 10, foi o lançamento do livro do Win lá na Polônia e o Harlan concedeu uma entrevista para nossos colegas #harlanlovers poloneses, por meio do Facebook da Livraria Empik, e foi muito legal. Nós traduzimos aqui para vocês os pontos que achamos mais interessantes.

P: Por que você decidiu nesse ponto da sua carreira voltar para o Win? O personagem que sempre ficou ao lado do Myron.

Harlan: Por muitos anos, vários leitores maravilhosos me falavam que queriam um livro do Win. E por muitos anos eu ignorei todos, porque esse é o meu trabalho. Eu tive uma ideia para um livro e havia várias coisas que eu queria escrever sobre, como por exemplo: um grande roubo de arte envolvendo um Vermeer, um sequestro de uma pessoa importante, um rico excêntrico que vivia num prédio de luxo e eu queria escrever sobre os hippies radicais dos 60 nos EUA. Quem vive nesse mundo que tem: obras de arte caras e prédios de luxo, então eu pensei: talvez seja o momento para o Win ter o seu livro solo.


P: Tem alguém na vida real que foi um modelo para o personagem do Win: muito loiro, muito rico, muito bonito?

Harlan: Sim, Win é um pouco inspirado no meu colega de quarto da Universidade, que tem um nome igualmente grande, ele é rico, não tão rico, mas rico e parece como Win, fala como Win, e eu peguei meu amigo e adicionei algumas características, meu amigo, por exemplo, não sabe nada de luta. Ele ainda é meu melhor amigo. E é mais ou menos por ai que eu criei o Win. Na maioria das vezes isso não acontece, geralmente são apenas algumas inspirações de diferentes pessoas, não necessariamente um personagem baseado em alguém, mas eu gosto dessa ideia desse homem que parece alguém que frágil, que não sabe lutar ou como sair de uma briga e transformá-lo em algo bem diferente. 


P: Qual foi o processo de escrita do livro, levando em consideração que foi escrito em primeira pessoa? E quais foram os desafios, você conhece o Win muito bem, mas agora, pela primeira vez, vamos entrar nos seus pensamentos.

Harlan: Win é o maior anti-herói que eu já escrevi, ele é mais sombrio, para quem já leu outros livros, ou se lembra do Pavel e da Laura na adaptação Silêncio na Floresta da Netflix, a maioria dos meus personagens principais são pessoas legais, são pessoas comuns que se envolvem em circunstâncias extraordinárias e o Win não é como eles. Win é um pouco sociopata, ele é violento, tem as suas próprias justificativas para fazer as coisas, ele faz coisas erradas muito frequentemente. Eu gostei muito de escrever o livro para mudar um pouco, foi divertido entrar na mente dele e de ainda assim conseguir fazer com que ele seja humano. A chave não é sempre concordar ou discordar dele, ou gostar ou não de suas atitudes, a chave, para mim, é que você entende ele, e você quer passar um tempo com o Win. Então, quando eu decidi escrever esse livro, eu decidi que deveria ir a fundo, eu não poderia fazer um livro mais ou menos e a melhor forma de fazer isso é a narrativa em primeira pessoa, tudo pela perspectiva do Win, você nunca está fora da cabeça do Win pelo livro inteiro e eu gostei muito do resultado final. 


P: Qual é o segredo sob a sua perspectiva para que a gente goste tanto de anti-heróis?

Harlan: Eu acho que o segredo é que eles precisam ser reais, isso não é tão importante para um personagem que é legal ou “gostável”, mas os anti-heróis precisam ser reais. Por exemplo, quando você entra num pub e você vai se sentar e acaba escutando a conversa de um estranho, você quer escutar uma conversa do Win ou do Dexter? Eu acho que a resposta é sim. Então, eu acho que a chave é garantir que eles são personagens e não apenas uma caricatura, eles são pessoas reais que tem sentimentos, apesar de fazerem coisas intoleráveis, nós conseguimos entende-los, nós conseguimos ver humanidade neles, mesmo que a gente nem sempre ame esses personagens. Essa eu acho que é uma das chaves que ajudam. Outro ponto é que esses personagens nem sempre estão agindo de maneira egoísta, não são iguais aos vilões que nós temos na política, que parecem ter o poder apenas para cumprir sua própria agenda, o Win por outro lado, está usando ou abusando do seu poder para ajudar outra pessoa, então eu acho que isso faz dele mais palatável para os leitores. 


P: Sem spoilers, no livro do Win temos personagens da série do Myron que retornam e personagens da série do Mickey também, além disso temos um personagem fictício que é citado diversas vezes, o Win se vê como um vigilante, como o Batman. Então minha pergunta é: qual é o seu super-herói favorito, é o Batman?

Harlan: Quando eu estava crescendo, estava passando na TV o seriado do Batman, o seriado original com Adam West e vários atores famosos interpretando criminosos. Esse seriado fez parte do panorama daquela época. Então o Batman é uma grande influência, a ideia de Batman e Robin. Eu sempre amei times, duplas de amigos, por exemplo: Sherlock e Watson, Batman e Robin, Capitão América e Bucky e Win e Myron. Eu nunca quis escrever apenas sobre o Win ou apenas sobre o Myron, essa é a primeira vez que Win está sozinho, Myron nunca teve um livro sem a presença do Win, mas o Win agora tem um livro onde o Myron não está presente. Então, eu sempre amei a dupla dinâmica, amigo/amigo, do Batman e Robin. 


P: Apenas por curiosidade você prefere o Batman do Adam West em detrimento das adaptações do Tim Burton ou do Nolan?

Harlan: Para mim o do Adam West é o melhor, apenas eu acho isso, mas está tudo bem. (Risos)


P: Eu gostaria de saber mais sobre a pesquisa que você fez para esse livro, que envolve um grande roubo, pinturas, hippies, você poderia nos dizer sobre a pesquisa e como você fez para combinar todas essas histórias em uma?

Harlan: A verdade é que eu não faço muita pesquisa. Eu sou um dos poucos escritores que admite isso e se tem alguém assistindo que queira se tornar um escritor eu não recomendo que você faça muita pesquisa, porque o problema é que fazer pesquisa é mais divertido do que escrever, então você acorda e pensa: “eu preciso fazer mais pesquisa, eu vou situar esse livro na Varsóvia, eu preciso viajar e andar pela cidade”, não, não faça isso. Escreva e se preocupe com a pesquisa depois, pesquisar é mais divertido que escrever, eu me preocupo muito em não me perder na pesquisa. No caso do Win, a pesquisa foi bem leve e fácil, mas normalmente consiste em conversar com pessoas, o que não é difícil, as pessoas querem falar dos seus trabalhos, como por exemplo, um restaurador de obras de arte, ou se eu quisesse saber sobre uma livraria da Polônia eu iria ligar para alguém que trabalhe numa livraria na Polônia e faria perguntas. Eu acho que esse tipo de pesquisa é mais interessante do que olhar em livros ou pesquisar no Google, então a maior parte da pesquisa é feita dessa forma: conversando com pessoas que têm experiência na área. 

P: Sem entrar em detalhes há um lugar muito privado em que o Win vai e também há um aplicativo bem exclusivo citado no livro, eu gostaria de saber o que tem de real e o que é produto da sua imaginação?

Harlan: Oh, eu não posso revelar todos os meus segredos, mas posso dizer que a maior parte da escrita é baseada na imaginação. Eu tento na maioria das vezes criar coisas que parecem reais, eu gostei do que você perguntou porque parece algo surreal, mas também que poderia ser real, então eu não irei te responder. Essa foi uma das partes do livro que eu mais gostei de mergulhar, eu imaginei que as pessoas fossem gostar de ler e estou muito feliz em saber que estão gostando.


P: Um lado da sua vida é ser escritor e outro é ser produtor executivo das adaptações, você poderia nos dizer quais são os desafios de ter esses dois lados profissionais?

Harlan: Eu pensava que conforme eu fosse ficando mais velho, eu seria capaz de trabalhar menos, mas acabou que estou trabalhando mais, então eu acho que eu sou um pouco doido (Risos). Mas eu estou gostando muito desse momento. O fato é que tanto nos livros quanto na TV se trata de contar histórias, então ambos são o que eu amo fazer, são mídias diferentes, mas os dois são sobre contar histórias e isso é muito importante. Mas ao invés de me fazer ficar mais cansado, eu acho que agora os dois lados estão me ajudando. A maior parte da minha vida, eu passei sozinho no meu quarto escrevendo, sozinho comigo mesmo, eu sou uma pessoa introvertida, então é muito legal de vez em quando ser capaz de sair, estar no set, trabalhando com outras pessoas para criar algo colaborativo, mas depois que eu faço isso por alguns dias, tudo que eu quero fazer é voltar para o meu quarto silencioso e escrever, então eu posso ficar indo e voltando, quando eu me sinto sozinho eu posso ir lá e fazer alguma coisa colaborativa  da TV e quando eu estou colaborando e chega num ponto em que há muitas pessoas falando na minha cabeça eu posso correr e ficar sozinho no meu quarto. Nesse momento há equilíbrio, eu consigo escrever os livros e fazer os seriados e me sentir muito confortável com a qualidade de ambos. E se chegar em um ponto em que a qualidade de um deles não estiver boa, eu irei parar. Os livros são a prioridade, eu falei com as pessoas da TV desde o início: os livros sempre serão o número 1, então se eu achar que a TV está prejudicando a minha escrita eu irei parar, mas nesse momento tudo está sob controle e funcionando. 


P: Quem seria o ator perfeito para interpretar o Myron, caso houvesse uma adaptação dos livros dele?

Harlan: Eu recebo muito essa pergunta e eu sou muito ruim em responde-la. Ninguém para mim é o Myron. É sempre um problema para mim quando eu tento fazer o Myron. Ninguém nunca vai ser o Myron ou o Win, mas nesse sentido, ninguém era o Pavel ou a Laura [de Silêncio na Floresta] até que os atores certos chegaram e se tornaram eles. É um processo colaborativo, é necessário manter a mente aberta, mas eu sou muito ruim nisso. Na maioria das vezes, os leitores são melhores do que eu para escolher os atores. Quando eu faço o processo de escolha do elenco para os seriados eu tento sempre ficar com o melhor ator, posso mudar algumas coisas no personagem para se encaixar especificamente naquele ator, por exemplo se o personagem tem 1.8m de altura e o ator 1.6m, então eu prefiro mudar a característica do personagem para se adequar a um certo ator que conseguimos escalar. Por exemplo, no caso do Michael C. Hall, quando eu o conheci, ficou claro que eu poderia mudar o personagem para ele pudesse se encaixar. Então, o Myron é muito complicado e estou enrolando na resposta porque eu não tenho resposta. Uma vez, muitos e muitos anos atrás quando um estúdio queria fazer uma adaptação do Myron, eles me falaram: “aqui estão as grandes estrelas do momento: Adam Sandler, Jim Carey, George Clooney” e eu falei: são todos bons atores, mas nenhum deles é o Myron, esse é o problema. Então, eu não sei. 


P: Essa é a última pergunta, mas preciso saber: você acha que um dia veremos Myron e Win na TV?

Harlan: Como o Myron diz: o homem planeja, Deus ri. Então, eu não sei. É mais difícil, porque como mencionei antes, por exemplo, com Silêncio na Floresta, se você não gosta do Pavel, ele está apenas em um ou dois livros, eu não preciso me preocupar tanto. Eu sou muito mais cuidadoso com o Myron e Win. Nesse momento estamos filmando com a Amazon Prime a série do Mickey Bolitar, o Myron não vai estar na série, mas Mickey, Ema, Colherada e todas as pessoas favoritas da série para jovens adultos vão estar, então talvez essa possa ser a semente que irá desenvolver o Myron, mas eu não sei.


E ai, o que acharam? Curtiram? 

Para quem quiser treinar o inglês e o polonês, pode assistir a entrevista aqui

E, por fim, com vocês a participação especial e bem rapidinha do Winslow:

Nenhum comentário:

Postar um comentário