quarta-feira, 4 de maio de 2022

Resenha: Silêncio na Floresta / Harlan Coben

Um passado mal resolvido sempre volta para assombrar. Em Silêncio na Floresta, o passado é o vilão da história, são muitos segredos, muitas reviravoltas, personagens muito complexos e mergulhados nos tons de cinza, ao longo do livro entramos numa jornada conflituosa para decidir de que lado ficamos, nem sempre a justiça é justa, nem sempre a verdade vem à tona, será que vale a pena saber sobre o passado e todas as verdades, mas como consequência destruir o presente e tudo aquilo que você acredita, todas as suas relações?

Silêncio na Floresta é o livro que foi mais pedido pelos #harlanlovers. Ele havia sido lançado no passado pela editora ARX, mas rapidamente se tornou raro, já que a editora fechou e a tiragem foi pequena, o livro foi vendido por valores abusivos durante alguns anos. Agora, graças a Editora Arqueiro todo mundo pode ter o seu exemplar por um valor justo, fica aqui nosso agradecimento à Editora Arqueiro!! 

Paul Copeland, para os íntimos apenas ‘Cope’, é um promotor de justiça e o seu caso atual envolve um crime de estupro e universitários riquinhos, ele vai fazer o que estiver ao seu alcance para que os culpados sejam penalizados, mesmo que coloque a própria carreira em risco. 

E no meio do caos desse julgamento, ele é solicitado para o reconhecimento de um corpo e nesse momento todo o passado, que ele lutou tanto para aceitar vem à tona.

“Lamentável, mas às vezes sentir era o bastante. Não importava se doía ou não. Bastava sentir.”

A vida de Cope não tem sido fácil, perdeu a irmã muitos anos atrás, junto com outros colegas de acampamento, todos acreditam que ela foi assassinada, assim como os outros três: Margot, Doug e Gil, mas nem o corpo dela nem o do Gil nunca foram localizados, isso sempre foi um grande mistério. Já se passaram tantos anos, mas o sentimento de falta de um ponto final continua na vida do Cope. Além disso, a mãe dele fugiu para a Rússia, seu pai faleceu e sua esposa também, vítima de câncer, nada fácil a vida do Cope, não é mesmo? Ele tenta ser um bom pai para sua filhinha Cara.

“Aprendi com os anos – e das maneiras mais horrendas possíveis – que é muito tênue a linha entre a vida e a morte, entre a beleza extraordinária e a feiura espantosa, entre o cenário mais inocente e um banho de sangue assustador. Basta um segundo para rompê-la.”

Mas o tal corpo que foi localizado, uma cicatriz revela ao Cope algo que ele não imaginou ser possível. 

Ao mesmo tempo, temos uma professora universitária, a Lucy, após passar um trabalho de escrita aos alunos, ela recebe um texto que a deixa no chão, ela nunca lidou bem com o seu passado e o texto trouxe tudo de volta e mesmo com o acordo de confidencialidade que ela fez com os alunos, ela vai ter que descobre quem foi que enviou aquela redação.

Temos também a já conhecida no harlanverse, Loren Muse, que vai ser uma aliada do Cope tanto no tribunal quanto recolhendo vestígios do passado para tentar encaixar todas as peças. Hester Crismtein também faz uma pequena aparição, assim como o advogado Flair Hickory que é o oponente do Cope no tribunal. 

E daquele jeito que só o Harlan sabe fazer, todas as histórias vão se conectando e se entrelaçando, de formas que a gente não poderia imaginar, até chegar a um final que deixa a gente emocionado. 

Essa foi a segunda vez que li esse livro e por mais que não lembrasse de todos os pequenos detalhes, alguns trechos são impossíveis de esquecer, principalmente os envolvendo a floresta. O Harlan criou uma trama que coloca todos os personagens no limite, seja para salvar a própria vida, para salvar aqueles que eles amam, será que vale fazer qualquer coisa por um filho, mesmo sabendo que ele é culpado? 

O fato é que tudo que começa com uma simples mentira ou ocultação vira uma grande bola de neve que pode ser mais destruidora do que simplesmente ter contado toda a verdade no início de tudo.

“Os que acreditam que somos outra coisa que não animais são cegos. Todos os humanos são selvagens. Os que vivem bem alimentados só são mais preguiçosos. Não precisam matar para conseguir comida. Então vestem-se bem e encontram atividades consideradas “edificantes”, que os fazem crer que de alguma forma estão acima disso tudo. Que bobagem. Os selvagens são apenas mais famintos. Só isso. Todos fazem coisas horríveis para sobreviver. Quem quer que acredite estar acima disso é iludido.”

O livro já tem uma adaptação polonesa disponível na Netflix, com 6 episódios, você pode conferir o nosso review da série aqui.

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