segunda-feira, 9 de maio de 2022

Resenha: Maisie Dobbs / Jacqueline Winspear

 Ao lado de Maisie Dobbs, temos em mãos um mistério, que nos leva por caminhos que não poderíamos imaginar, chegando nos relatos da Primeira Guerra Mundial e um grande amor. No final do livro eu cheguei a prender a respiração devido a uma emocionante descoberta. 

Maisie Dobbs é aquele tipo de personagem que a gente fica com vontade de ser melhor amiga. O livro, que tem o seu nome como título, conta a sua história. Não é apenas um livro sobre um caso, é um livro para entender a profundidade da personagem e saber todos os motivos que a levaram estar nesse lugar: abrindo um escritório em Londres, como psicóloga e investigadora. 

E quando chega o seu primeiro cliente, ela fica um pouco incomodada já que se trata de um marido que desconfia que a esposa está o traindo, mas ela precisa de dinheiro afinal, e embarca na investigação. 

“O estômago de Maisie se revirou. Ah, Deus, depois de todo o seu treinamento, sua formação, seus casos bem-sucedidos com Maurice Blanche, tinha que dar nisso? Um triângulo amoroso? Mas ela prestou atenção para ouvir com cuidado, lembrando-se do conselho de seu mentor: ‘O extraordinário se oculta sob o disfarce do ordinário. Não presuma nada, Maisie.’”

Ela descobre que a tal esposa estava visitando um cemitério, um túmulo de um homem sem sobrenome, que será ele? E a partir desse momento a investigação vai para um lugar que Maisie não poderia imaginar, com conexões ao seu próprio passado. 

Nós leitores fazemos uma viagem no tempo, vamos entender a infância da Maisie, bem como todas as oportunidades que ela agarrou com todas as forças e permitiram que ela pudesse cursar a universidade.

E conhecemos uma figura importante para que ela se tornasse uma investigadora, o Maurice Blanche, ele foi o seu tutor, treinador e incentivador dos seus talentos, ele viu potencial na pequena Maisie e a estimulou a sempre questionar tudo que acontece ao seu redor, já pensando que poderia passar para ela o seu bastão de investigador. A cada capítulo Maisie vai lembrando das lições para agir de diferentes formas, todos os trechinhos com dicas e orientações do Blanche são muito interessantes.

“A verdade vem em nossa direção pelo caminho das nossas perguntas. A voz de Maurice mais uma vez ecoou em seus pensamentos. Quando você pensa que tem a resposta, imediatamente interrompe o caminho, e com isso pode perder novas informações cruciais. Fique em silêncio por um tempo e não tire conclusões, não importa quão desconfortável seja a indeterminação.”

Além disso, vamos ao seu lado para front da Cruz Vermelha, Maisie trabalhou como enfermeira durante a Primeira Guerra Mundial e viveu momentos muito tensos.

Quando voltamos aos anos 1929, Maisie percebe que há algo acontecendo com muitos rapazes que sofreram consequências dos bombardeios da guerra, sejam físicas ou psicológicas, quanto mais ela descobre, mais fica intrigada e com mais vontade de entender tudo que está acontecendo e como isso tem relação ao tal caso de traição e o cemitério lá do início.

Um dos pontos mais interessantes do livro é todo o envolvimento com a Primeira Guerra Mundial, não é um livro de História, mas podemos sentir na pele através das páginas o quão complexo é ser obrigado a lutar numa guerra, sem ter nenhuma experiência ou treinamento, trabalhar como voluntário, ou mesmo ficar em casa desejando poder fazer algo mais. Nesse período as pessoas não podiam planejar ou pensar num futuro, será que teriam um? E o pior é:  qual é a qualidade de um futuro de quem passou por diversos traumas, que tem esses traumas na própria pele com cicatrizes que todo mundo desvia o olhar? São questões muito complexas e interessantes que são trazidas à tona durante a investigação da Maisie. 

A própria Maisie passará por um momento de introspecção para entender suas atitudes e terá que colocar tomar uma decisão usando o seu coração. 

“Maurice diz que apenas quando soubermos respeitar o tempo teremos aprendido alguma coisa sobre a arte de viver”

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