segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

Resenha: A razão do amor / Ali Hazelwood

 O que Marie faria?

Bee Königswasser é fã de carteirinha da Marie Curie, sendo cientista, ela admira demais a Curie e todos os seus feitos gigantes. Das coisas mais complexas, às mais simples, passando pelas questões amorosas, ela se pergunta: o que Marie faria? 

Ao longo de todo livro temos muitas informações sobre a vida da Marie Curie, de uma forma muito gostosa e leve, assumo que a primeira página desse livro já me fisgou completamente, é muito divertido! Sem deixar de ser uma comédia romântica e sem deixar também de levantar questões importantes quanto ao meio acadêmico.

Bee recebe a proposta dos sonhos, trabalhar na NASA e com aquilo que ela ama e é sua especialidade: neurociência. Seria tudo perfeito, se não fosse Levi Ward.

Também conhecido como Dr. Levidiota ou Sua Leviandade, apelidos dados pela própria Bee, era um cara que a odiava, todos sabiam. Ele nem sequer conseguia sentar do lado dela de tanta repulsa. Os dois trabalharam juntos durante o doutorado dela e só de pensar que teria que trabalhar ao lado dele novamente já bateu um desânimo, poxa era um trabalho tão perfeito...

A vida de Bee nos é apresentada aos poucos ao longo do livro. Ela tem uma irmã gêmea e elas quando estavam crescendo eram praticamente nômades, por questões familiares viveram em diversos países. E enquanto Bee procura estabilidade, sua irmã segue na vida nômade.

Além disso, Bee sofreu uma grande, enorme, gigantesca desilusão amorosa, que no final foi até bom pra ela, mas que criou um muro em seu coração, não vale a pena amar novamente, ela pensava. Se o final nunca vai ser feliz de qualquer forma, então pra que sofrer?

“Situações dolorosas como essa justificam a missão corporativa de Bee S.A.: Nunca, jamais se apaixone por ninguém. Se for para sofrer de novo, que seja pela neurociência”

Levi Ward, que não tem nada de idiota, é um engenheiro sinistrão da NASA e já adianto que é impossível não se apaixonar por ele. Impossível! Mas não vou dar spoilers e para descobrir os motivos é preciso ler o livro.

“Há alguém ali me apoiando. Um cara que ama Star Wars, que é alto demais para ser astronauta e que vem cuidando de um gatinho durante metade da sua vida.”

O projeto no qual os dois terão que trabalhar juntos é o "Blink", um novo capacete para os astronautas utilizarem no espaço. 

“O Blink é um projeto complexo, delicado e importante, mas sua missão é suficientemente clara: usar o que conhecemos sobre estimulação magnética do cérebro (minha especialidade) para projetar capacetes especiais (especialidade do Levi) que reduzirão os intervalos de atenção de astronautas – aqueles pequenos lapsos de atenção inevitáveis quando muitas coisas acontecem ao mesmo tempo.”

A Bee é muito engraçada, as páginas passam voando conforme vamos ao lado dela tanto desenvolvendo o projeto quanto descobrindo que o Levi é gente boa e se apaixonando por ele junto com ela.

Mas as coisas não vão ser fáceis, nem pro projeto nem pro amor. O Twitter também tem um papel muito importante na história, além de gatinhos. 

Menção honrosa a Rocío, ela é assistente da Bee e tem uma vibe totalmente "wandinha".

O universo da academia sobre foi muito dominado por homens, a mulheres por muito tempo foram vistas como inferiores ou incapazes, bem, Marie Curiae mostra que isso tudo estava totalmente equivocado. Mas infelizmente a realidade ainda não é muito favorável para as mulheres, mesmo sendo totalmente capaz e brilhante, Bee vai sofrer apenas por ser mulher num ambiente cheio de homens presunçosos. Mas nem assim ela perde o bom humor. 

“Em situações como uma Pintolândia ou um Festival da Linguiça, ter um homem concordando com você a ajuda a ser levada a sério. Quanto mais reconhecido for o homem, mais validade tem a aprovação dele no Linguiça Indica.”

Ambos Bee e Levi têm em seu passado motivos para criarem muros quando se trata das questões do coração e a realidade é que sempre é muito mais fácil não se arriscar, mais fácil não sofrer né? Até que ambos percebem que a vida tem muito mais graça se a gente se arrisca, mesmo passando por um ou outro sofrimento, o amor recíproco faz tudo valer a pena.

“- Prometo que não mordo.

- Você poderia me estraçalhar, Bee.”


Confira a resenha do primeiro sucesso da Ali:

A hipótese do amor

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