sábado, 21 de janeiro de 2023

Resenha: A lista do juiz / John Grisham

 Você com certeza não vai querer entrar pra essa lista.

Quem iria acreditar se alguém contasse que um respeitado juiz, que é amado e foi eleito pela comunidade, é na verdade um serial killer? E além dele ser um pilar na sociedade, todos os crimes estão sem solução, não há provas, pistas, como acusar? Como colocar ele atrás das grades?

A lista do juiz foi para mim um dos livros mais "thriller" do John Grisham. Geralmente os seus livros tem bastante elementos jurídicos, julgamentos em tribunais, busca por provas e evidências, diversos discursos de acusação e defesas. Mas esse, acompanhamos a busca por provar que um juiz é um serial killer.

“ – O que você sabe sobre resolver crimes bizarros?

- Não muito, mas estou lendo livros sobre serial killers. É um troço fascinante.”

A comissão de justiça: a responsável por investigar denúncias contra juízes, um juiz te tratou mal, um juiz estava embriagado, o juiz tá demorando demais? Fala com eles. Os casos geralmente eram bem monótonos e a comissão sofria com cortes e mais cortes no orçamento. 

Lacy era uma funcionária dedicada e já inclusive apareceu o Grishamverse, no livro ‘A Delação’. Ela faz o seu melhor no trabalho, mas sabe que não vai mudar o mundo e tudo que mais quer é largar esse emprego, mas está no limbo: velha demais para buscar outras oportunidades no meio jurídico, nova demais pra se aposentar. 

Sua vida amorosa, também estava no num limbo, ela namorava já havia um tempo um agente do FBI, o Allie, e ficava em dúvida se suas vidas profissionais deixariam que eles ficassem juntos, o cara viajava demais. Ao mesmo tempo que ela ainda não sabia se queria casar com ele e ele não tinha pedido, afinal será que ele queria ficar com ela mesmo? O que Lacy não poderia imaginar é que uma verdadeira reviravolta estava pra acontecer.

“O grande momento se aproximava. Não era mais uma questão de meses, mas de semanas. A conversa em que tudo seria dito. Complicado, mas simples. Ou nos comprometemos um com o outro e planejamento nosso futuro, ou deixamos para lá e paramos de perder tempo.”

A filha de uma das vítimas: Jeri passou os últimos 20 anos de sua vida fazendo investigação. Era a sua obsessão. Fazer o homem que assassinou seu pai pagar e também tirar esse perigo das ruas. A cada novo assassinato "perfeito" ela ficava com raiva, como iria pegar esse cara? A polícia nem fazia ideia de que todas as mortes estavam conectadas. Ela vivia com medo também, parecia que o assassino era um ser sobrenatural, que sempre estava um passo a frente de todos. E quem iria acreditar nela se acusasse um juiz, sem provas sólidas e apenas suposições e muita convicção?

O serial killer: inteligente, meticuloso e rancoroso. O cara tem uma lista de pessoas que já fizeram algum mal a ele, seja coisas muito graves com um abuso ou simples mal-entendidos. E ele é muito paciente, não importa quanto tempo passe, ele não vai esquecer ou perdoar, ele vai matar. E tem seu próprio modus operandi que usa em todas as vítimas, sua marca registrada envolve uma corda e um nó bem específico. Ao longo do livro a gente torce pra que ele cometa algum deslize.

“Há duas conexões. Uma delas é o método. Todas as vítimas foram atingidas na cabeça e depois asfixiadas com uma corda de náilon. Depois foram amarradas com o mesmo tipo de nó, ficaram com um ferimento no pescoço e foram deixadas pra trás, como um cartão de visita. E todas tinham um histórico complicado com nosso juiz.”

Jeri vê na comissão de justiça uma possibilidade. E assim os caminhos dela e da Lacy se cruzam. A comissão é obrigada legalmente a investigar toda denúncia recebida, mesmo que não dê em nada, a investigação precisa ser realizada. Lacy sempre cumpriu seu papel, ela só não esperava que teria que ir atrás de um serial killer, ela não era detetive, não tinha equipe, nem dinheiro suficiente e nem a força coercitiva da polícia, de qualquer forma ela irá tentar e não vai ser nada fácil.

O que torna esse livro mais interesse é: tem capítulos narrados pelo próprio serial killer, então a gente também vê o que está na cabeça dele, o que ele fez no passado e quais seus próximos passos. Dá muita aflição saber o que ele vai fazer, onde ele está e não poder falar pra Lacy e pra Jeri.

Um juiz que é o assassino. Uma mulher comum que é a investigadora e uma burocrata é que vai tentar fazer o papel da polícia. Muitos papéis invertidos e muito daquilo "aparências enganam", fazem a gente querer ler tudo correndo pra saber se irão conseguir fazer justiça para todos aqueles que entraram na lista do juiz.

“Jeri havia lido em algum lugar que muitas vezes passamos a admirar, até mesmo amar, a mesma coisa que odiamos com tamanha obsessão. Ela se torna parte da nossa vida e começamos a depender dela, a precisar dela. Essa coisa nos define.” 


Confira outras resenhas do Grisham: 

Justiça a qualquer preço 

O Júri 

O dossiê pelicano 

A Firma 

Tempo de perdoar 

Acerto de contas

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