quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Resenha da Semana: Enquanto a bela dormia / Elizabeth Blackwell

Uma bela desconstrução de um dos mais famosos contos de fadas, Elizabeth Blackwell cria um novo universo que ao invés de magia é permeado pelas duras dificuldades da vida real.

Esse foi o meu primeiro livro da Elizabeth Blackwell e pude perceber que ela tem uma escrita um pouco densa, tem muitas descrições que as vezes duram uma página inteira. E assumo duas coisas: o livro meio que me enganou, esperava um romance que tivesse como fundo a conhecida história da Bela Adormecida, mas o que encontrei foi uma história sobre um reinado e demorei mais que o de costume para ler, por ter muita descrição, isso pelo menos comigo desanima um pouco, já que estou acostumada a ler livros policiais, que têm um ritmo mais rápido da narrativa, mas lendo o livro podemos perceber também que isso pode ter sido um dos objetivos da escritora, já que a história é uma narrativa a partir das memórias da personagem principal, e por fim, os capítulos são bem grandes, e o livro é dividido em duas grandes partes: “Era uma vez” e “A sombra da morte”.

Elise é nossa protagonista, começamos a história sem saber seu nome, apenas que ela já é uma senhora com uma bisneta, Raimy, que havia se encantado com um conto sobre uma princesa adormecida, Elise após escutar partes desse conto percebendo o quanto ele era fantasioso decidiu contar uma história a sua bisneta, a história de sua vida, que se confundia com a história que havia servido de parâmetros para o tal conto.

E nesse momento mergulhamos na densa história de Elise, em sua infância viveu na área rural de St. Elsip,(ao que tudo indica um reino da Idade Média, mas no livro não temos referências quanto a isso) aos 10 anos descobrira era filha apenas de sua mãe, o homem que acreditava ser seu pai, era apenas pai de seus irmãos. Não muito depois disso a varíola chega à família de Elise, levando embora alguns de seus irmãos e sua própria mãe, esta que no seu leito de morte faz Elise prometer que iria para o castelo, em busca de uma vida melhor.

A vida no Castelo de St. Elsip era extremamente diferente ao que Elise estivera acostumada, o trabalho árduo no castelo não chegava aos pés de todo o trabalho que era necessário no campo, além de ter um lugar bem melhor para morar e ser bem alimentada, diferentemente do casebre que morava e a pouca comida que ainda precisava dividir entre sua família. A mãe de Elise antes de ir para o campo vivera no castelo sendo assim pode dar uma boa educação a Elise além de ensiná-la a ler, sendo assim Elise teve uma rápida ascensão, até se tornar criada pessoal da Rainha Lenore.

Durante a ascensão de Elise podemos perceber todo o jogo de poder presente no Castelo, seja entre membros da corte e até mesmo entre criados. A Rainha Lenore sempre tentou dar um herdeiro ao Rei, mas nunca havia conseguido e depois uma misteriosa peregrinação com Millicent, tia do Rei, uma senhora que vivia em meio as sombras e se dizia conhecedora de poderes mágicos, Lenore enfim fica grávida e o posterior nascimento da princesa Rosa traria destruição a todo o reino. Durante o trabalho de parto, o Rei negou a Millicent o direito de dar uma de sua poções para aliviar a dor de Lenore e a baniu do reino para evitar que ela continuasse influenciando a rainha. E foi no batismo da Rosa, que Millicent mostrou toda a sua ira devido ao banimento, e rogou uma maldição sobre a Rosa. E assim o medo se tornara o sentimento mais presente na corte.

Embora Elise vivesse no luxo real seu coração batia mais forte por um rapaz, Marcus, filho de um sapateiro local, junto a Marcus ela pode descobrir tanto o amor quanto a decepção amorosa. Desde que se tornara a criada da Rainha e depois com o nascimento da Rosa e a maldição de Millicent, Elise colocou as necessidades de Lenore e Rosa num patamar superior as suas próprias, sendo assim ela é capaz de abrir mão de sua felicidade para ver as duas pessoas que mais amava no mundo, felizes.

A passagem de tempo é rápida no livro, acompanhamos a vida da Elise desde seus 10 anos até ela ser uma senhora com bisneta, considerando que teve seu primeiro filho dos 32 anos, devido a isso é repleto de personagens que são importantes, mas que seus papeis são diluídos ao longo das páginas, e as vidas dos personagens principais, principalmente a da Elise tem muitas reviravoltas e um bocado de tristeza.

Não leia esse livro esperando um conto de fadas mágico e cheio de romances deliciosos, nele temos um relato de uma época, nós entramos em uma corte e vemos de perto os perigos pela busca pelo poder, pelo trono e até onde uma pessoa é capaz de ir para reivindicar aquilo que acha que é seu por direito, apesar de não ser uma história “água com açúcar” já que temos uma quantidade muito relevante de mortes de personagens importantes, também temos momentos de romance, mas que são logo obscurecidos por desastres.


“Não se deixe enganar pelas maneiras refinadas. Na corte, os inimigos se escondem bem à vista.”

“Você precisa entender que a vida na corte não é garantia de prosperidade nem de segurança. Prefito em encarregar do meu próprio destino."

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