Se você tem uma mente imaginativa, de pensar um milhão de coisas quando
vê um desconhecido na rua, e se acha meio louca por isso, fique tranquila, nada
se compara a mente imaginativa de Julie Tournelle. Com risadas garantidas
Gilles Legardinier nos transporta para França e a única dica é: não confie nos
gatos.
Quando um vizinho novo chega ao seu prédio, e tem um sobrenome
esquisito, Ricardo Patatras, Julie coloca como uma de suas metas descobrir quem
seria ele, super normal você tentar descobrir quem mora perto de você, certo?
“Achamos que conhecemos o ambiente que nos cerca, mas às vezes basta que
um detalhe mude, e você nem desconfia que a sua vida inteira vai mudar. E para
isso nunca estamos preparados.”
E para atingir esse objetivo ela entra nas maiores furadas possíveis. A primeira
vez é cair dentro de casa enquanto corria para ver o olho mágico, e quase
torcer o pé, a segunda é ficar com a mão presa na caixa de correio do vizinho e
ter que ser socorrida por ele. Ou até mesmo dizer que faz corridas matinais,
sendo que nunca nem gostou de educação física na escola. Quem nunca contou uma
mentirinha, a toa, pra se aproximar de uma pessoa, não é mesmo?
No meio de suas estratégias para se aproximar de Ric, por quem ela se vê
apaixonada, além de pegar roupas de corrida emprestadas, Julie decide sair do
seu emprego em um banco para trabalhar na padaria de sua rua, que doideira não
é? Isso se você pensar apenas racionalmente, o emprego no banco poderia ser dos
sonhos de muita gente, mas Julie diariamente se via frustrada por não poder
ajudar as pessoas, em prol de enriquecer o banco.
“Eu não sei grande coisa, mas pelo menos uma coisa nesse mundo eu
entendi. O verdadeiro milagre não é a vida. A vida está por toda parte,
pululando. O verdadeiro milagre, Julie, é o amor.”
Julie é total coração, ela sabe das consequências de seus atos, mas se
colocar na cabeça que quer alguma coisa, ela vai até o fim, mesmo que tenha que
derrubar a parede de um prédio e escalar vários amigos para esta missão.
Quando Julie finalmente consegue se aproximar de Ric, ela sente que ele
é o homem com o qual sempre sonhou, e que fará tudo que puder para que ele
fique na sua vida. Ela percebe, no entanto, que ele tem um segredo.
A cada nova aventura dela, eu pude perceber o quanto o escritor nos leva
a pensar sobre nossas escolhas, será que vale a pena um emprego com status se
você não está feliz nele? Vale tudo pelo amor?
Nos últimos capítulos descobrimos o segredo de Ric e apesar de todas as
ideias que Julie teve sobre o que ele poderia estar escondendo, eu me surpreendi.
Assumo que durante alguns momentos fiquei apreensiva, com vontade de gritar:
‘Julie! Sua louca, não faça isso’, mas com o segredo desvendado, tudo no final
valeu a pena.
E sim, me identifiquei com ela. Acho que ter uma mente imaginativa pode
ser um defeito de quem lê muito, sabe, de imaginar toda a sua vida ao lado de
alguém que você acabou de trocar olhares num ônibus, ou criar várias teorias de
conspiração sobre alguma coisa que aconteceu. Julie chega ao extremo, mas a
verdade é que ela não fica apenas imaginando, ela vai lá e faz, se sente que
deve fazer, o que serve de inspiração pra gente.
“É preciso torcer por tudo, mesmo correndo o risco de se desiludir. É
preciso experimentar tudo, mesmo correndo o risco de se ferir, entregar tudo,
mesmo correndo o risco de ser roubado. Aquilo que vale a pena ser vivido
obrigatoriamente nos põe em perigo.”
Amizade, amor, risadas e muitos pensamentos profundos que fazem a gente
refletir, como vocês podem perceber pelas quotes selecionadas, misturados a um
clima parisiense, eu costumo ler mais literatura norte-americana, então amei
poder viajar para a França dessa vez. E quem é assim como eu, fã de Amelie
Poulan, esse livro é um #mustread, muitas vezes durante a leitura, lembrei de
Amelie e com certeza ela e Julie seriam ótimas amigas.
E se você está se perguntando do porque tem um gato na capa do livro,
mas este não é um livro sobre gatos, só lendo que você irá descobrir. Para
finalizar, foi o primeiro livro do Gilles publicado no Brasil, a escrita do
livro é como se fosse uma carta de Julie para nós, leitores.
o livro tem um flipbook com um gatíneo na lateral, uma lindeza! |
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