quinta-feira, 18 de abril de 2019

Resenha: Dois a dois / Nicholas Sparks


Sparks tem o dom que escrever livros que nos tocam das mais diferentes formas, ele é conhecido por fazer os leitores chorarem, por nos irritar com certos acontecimentos e ficarmos nos perguntando: “Por que nos faz sofrer, Sparks? Por que?” , mas a verdade e o motivo dele conseguir nos tirar lágrimas dos olhos e fazer com que fiquemos com nossos corações apertados é que ele escreve sobre a vida, que não controlamos, não sabemos o que pode acontecer amanhã, no próximo ano, ou no próximo instante. O dom do Sparks é fazer com que a gente enxergue que a vida é um presente e devemos aproveita-la, mesmo não sendo nada perfeita e mesmo tendo que chorar, sofrer, sorrir, amar, porque a vida não vale a pena sem sentimentos.

Russ era um cara que acreditava ter uma vida perfeita, uma esposa que amava, uma filhinha, um emprego bem-sucedido em seu ramo de marketing, uma família acolhedora, o que mais ele poderia querer? Sua vida começa a sair dos trilhos quando ele é demitido e em sua casa os papéis se invertem, ele agora seria a “dona de casa” enquanto sua esposa iria trabalhar, tudo bem, né, casal moderno, vai dar tudo certo, mas não foi bem assim.

O fato é que a vida do Russ estava fora dos trilhos muito antes de perder seu emprego, ele trabalhava demais para dar tudo de melhor para sua família, sua esposa comprava mais do que o necessário, alegando que parou de trabalhar para cuidar da casa e da pequena London e as compras era o mínimo que Russ poderia lhe dar, ele também não conseguia acompanhar o crescimento da filha.
Com a inversão de papéis, Russ percebe o quão difícil era manter uma casa arrumada, fazer comida e cuidar de uma criança, com as mil atividades que a London tinha e o pior mesmo fazendo tudo certo todo dia, apenas um errinho, seja uma comida que deu errado, ou um atraso na hora da aula de balé, já servia para gerar uma briga com sua esposa, parece que o jogo virou não é mesmo?

Aos poucos Russ vai conseguindo se adaptar a rotina e até mesmo conciliar seu trabalho autônomo, mas ao mesmo tempo que percebe que está se tornando um pai ideal a sua relação com a esposa se deteriora cada vez mais, chegando em um ponto insuportável.

Russ é um romântico incurável, desde de pequeno era viciado por filmes românticos que assistia com sua irmã mais velha, ele faz de tudo para manter uma relação, que lendo o livro podemos perceber que nem deveria ter se iniciado, quando não parece ter luz no final do túnel, Russ reencontra um antigo amor, que perdeu por um erro egoísta, e ao mesmo tempo que seu trabalho autônomo começa a gerar frutos, ele se surpreende com as atitudes de sua esposa, e para somar recebe uma notícia familiar que o tira dos trilhos. 

No início de cada capítulo tem um acontecimento do passado, narrado pelo Russ que terá alguma relação com o conteúdo do capítulo, assim vamos descobrindo pouco a pouco como as coisas chegaram ao ponto que estão, o que achei engraçado é que nós leitores, como estamos de fora, fica muito claro perceber que algumas vezes Russ está fazendo algo que não deveria, que com certeza aquilo não vai dar certo, mas ele tão concentrado em ter a vida perfeita, não consegue enxergar o custo de tê-la.

A vida é essa montanha russa, uma hora estamos lá no topo e no instante seguinte lá no fundo do poço, é muito difícil manter o equilíbrio e não surtar com cada novo acontecimento que não podemos controlar, a gente procura culpados, ficamos nos perguntando por que temos que passar por certa situação, mas a verdade é que é isso mesmo, a vida é assim, a vida de todo mundo é assim. Eu gosto muito de ler o Sparks por ele fazer com que eu reflita sobre minha própria vida, será que estou me esforçando o suficiente em busca dos meus objetivos? Será que dou atenção suficiente para minha família? Será que estou dando muito de mim por alguém que não vale a pena? Será? Acredito que o primeiro passo é a gente aceitar que nunca nada vai ser perfeito, estamos em constante mudança, a vida pode acabar a qualquer instante e o que podemos fazer é dar nosso melhor impulso para fazer com que os dias no topo sejam mais constantes que os dias no fundo do poço.


“Muita gente acha que suprimir ou evitar as emoções é saudável. E às vezes pode até ser, principalmente depois que o tempo passa. Mas logo depois de um acontecimento traumático costuma ser melhor simplesmente deixar os sentimentos aflorarem e experimentá-los de forma plena, sem esquecer que o sentimento vai passar. Lembre que você não é suas emoções”

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