terça-feira, 19 de abril de 2022

Resenha: Natureza Morta / Louise Penny

Uma cidadezinha. Um assassinato. Quem matou? Todos são suspeitos, mas por que alguém iria querer matar uma senhora que sempre foi amiga de todos? A única certeza é que o assassino está entre eles.

“Three Pines não constava em nenhum mapa turístico, já que ficava muito longe de qualquer estrada principal ou mesmo secundária. Assim como Nárnia, geralmente era descoberta por acaso, e causava surpresa o fato de um lugarejo tão antigo estar escondido naquele vale. Quem tinha a sorte de encontra-lo quase sempre voltava”

Sejam bem-vindos à Three Pines, um vilarejo em Montreal, sabe aquele lugar onde todo mundo se conhece e nem mesmo trancam a porta de casa, pois se sentem super seguros. É por lá que conhecemos vários de seus habitantes, alguns deles:

Jane Neal: a senhora assassinada, foi professora e é amiga de todos. Mas nunca deixou ninguém entrar na sua casa, ficam apenas no hall de entrada, o que será que ela esconde? 

Clara: uma jovem artista, produz uma arte meio incompreensível, é muito amiga da Jane, e casada com o Peter, ela não tem muita grana.

Peter: um artista em ascensão, o melhor da cidade, tem grande sensibilidade, foi renegado pela própria família e também sabe atirar com arco e flecha.

Oliver e Gabri: um casal dono de um Bistrô, já sofreram por causa de homofobia. Jane os defendeu. 

Ben: perdeu a mãe faz pouco tempo, é o melhor amigo do Peter, também sabe atirar com arco e flecha e tem habilidades artísticas.

Timmer: falecida mãe do Ben

Ruth: uma escritora de poemas famosos.

Yolande: a única parente da Jane, ela tem grande interesse na herança.

Matthew: habilidoso com arco e flecha, se torna um dos principais suspeitos no início, será que é tão simples assim?

Jane foi encontrada morta, logo após pela primeira vez na vida mostrar a arte que ela produzia, que é um tanto contraditória, o quadro 'Dia de Feira', há quem ame e quem odeie, mas de qualquer forma aceitaram o expor na galeria de artes e ele vai ser a chave para desvendar todo o mistério, já que ele é a representação da própria cidadezinha. 

E é com esse mistério que somos apresentados ao inspetor-chefe Armand Gamache que junto com sua equipe, vai a Three Pines e aos poucos ele percebe que desvendar o que aconteceu não vai ser tão simples como ele imaginava. Ele ainda vai ter outro desafio, uma jovem policial a Nichol, que acaba algumas vezes se precipitando com suspeitos. 

“Isso sempre impressiona Gamache. Quase todo mundo pensava que se você fosse uma boa pessoa, não teria um fim ruim, que apenas quem merecia era morto. E, com certeza, apenas quem merecia era assassinado. Por mais oculto e sutil que fosse, havia um sentimento geral de que, se alguém era assassinado, havia feito por merecer. Daí o choque quando alguém que se sabia ser gentil e bom era a vítima. E aquela sensação de quem certamente havia algum engano.”

São muitos interesses em jogo na pequena cidade e além disso todos ali tem um passado que envolve segredos bem escondidos por longos anos e conforme ele vai aos poucos conhecendo cada habitante para tentar traçar fios de motivações.

E quando descobrimos que Jane foi assassinada por um arco e flecha tudo fica mais esquisito, será que foi sem querer então? 

Toda a história envolve muita arte, ali em Three Pines temos muitos artistas, desde quadros, esculturas a poemas que vão ditando o ritmo do livro. Foi bem legal o final e entender o motivo do título do livro ser ‘natureza morta’. 

Eu me senti um pouco como se estivesse num jogo de tabuleiro durante a leitura, juntando as pistas, tentando entender o que está rolando, quem teria interesse na morte, ou se foi sem querer ou passional, no meio de vários personagens. 

“A gente escolhe os próprios pensamentos. As percepções. E as atitudes. Pode parecer que não. A gente pode até não acreditar, mas escolhe. Eu sei que a gente escolhe. Já vi evidências suficientes, dia após dia, tragédia após tragédia. Triunfo após triunfo. Tudo são escolhas.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário