sábado, 2 de novembro de 2019

Resenha: Cilada / Harlan Coben

Um livro sobre perdão. Um livro sobre até onde você iria para salvar sua família, sobre como as coisas podem ser muito mais simples do que imaginamos, por mais complicadas que possam parecer.  Em ‘Cilada’ não dá para fugir das próprias mentiras.

Hailey McWaid nunca foi uma adolescente problemática, muito pelo contrário, não dava nenhum trabalho a seus pais, muito dedicada aos estudos e esportes e não se metia em tretas. Tudo ia muito bem, até que numa bela manhã, a mãe de Hailey vai ao quarto da filha e a cama está impecável, a filha não dormira em casa, estranho, onde ela estava? Passam dias, semanas, meses sem que ninguém saiba do peradeiro da menina e sem nenhuma pista conclusiva.

A repórter Wendy Tynes tinha a fama de desmascarar ao vivo pedófilos e outras pessoas que eram a escória da sociedade, com um pouco ou muito de sensacionalismo do jeito que o público de fato almeja, ela segui-a esses criminosos e ajudava a desvendar segredos que colocavam a vida de crianças em risco. Ela acreditava que sempre estava fazendo o bem, mesmo acabando com a vida dessas pessoas, mas elas eram ruins, então, tudo bem, né? Ela tentava se justificar assim.

Só que quando ela arma uma cilada para Dan Mercer, as coisas começam a sair dos rumos. Estava tudo lá, ela o pegara, tinha conversas online, provas no laptop encontrado na casa do Dan, só que durante todo o tempo ele dizia que era inocente. E foi isso que foi declarado no tribunal de justiça, mas a reputação dele já estava no lixo, como ele poderia ser um assistente social? Como a justiça o inocentou?

“Aqueles crimes não podiam ficar impunes. E quando a Justiça não cumpria seu papel, bem cabia a homens como ele tomar alguma providência. Mas não sem um ônus. Dizem que a liberdade tem seu preço. A justiça também.”

Wendy ao mesmo tempo em que acredita nas provas que encontrou, ela também acredita no Dan. O fato é que ela tem uma vida difícil, viúva, mãe de um adolescente que a ajuda a ficar antenada nas ultimas inovações tecnológicas, tem um trauma com a morte de seu marido e muita dificuldade em conceder um perdão.

E quanto mais Wendy se envolve com a vida do Mercer, mais ela fica perdida. Quando tudo indica que ele teve envolvimento com o sumiço da Hailey as coisas ficam ainda mais complicadas, então ele era de fato culpado, né? Essa resposta só iremos descobrir nas últimas páginas. Wendy vê a sua própria vida pessoal se destroçada diante de seus olhos, sem ela poder fazer nada e nós ficamos nos perguntando quem está por trás de tudo e quais são as conexões.

Fake News, mídia sensacionalista, acusações sem provas, temos. Reviravoltas que deixam a gente no chão, temos também. Ah, participações especiais, Win e Hester estão por aqui também.

Sem dúvidas esse é um dos melhores livros do Harlan, ele sabe muito bem como nos envolver nas questões éticas e nos apegarmos aos personagens. Entramos no jogo direitinho e junto com a Wendy a cada momento temos uma opinião diferente. A verdade é que nunca conhecemos de verdade quem está ao nosso redor, do que são capazes de fazer.

“Essa é a beleza do sistema. Podemos vergá-lo, torcê-lo, esticá-lo, e Deus sabe que já fiz tudo isso, mas, se ficarmos dentro dos limites dele, pelo bem ou pelo mal, tudo funciona direitinho. Se você pisa fora e rompe o equilíbrio, mesmo com a melhor das intenções, o resultado é o caos, a catástrofe.”

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