segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Livro vs série: Desaparecido para sempre


Aqui vamos analisar a série comparando com o livro. É importante partir do pressuposto: são mídias diferentes, a série é uma adaptação. Como o Harlan já falou em diversas entrevistas, ele sempre aprova todas as adaptações, em ‘Desaparecido para sempre’, ele é produtor executivo, ele gosta das mudanças. E nós temos o mesmo posicionamento. 

Nosso pensamento é que sempre teremos o livro como a nossa preciosidade, somos #harlanlovers muito antes de ter adaptações e continuaremos sendo. A adaptação sendo diferente do livro, faz com que a experiência de leitura seja diferente, o que é muito legal, quem já assistiu a série pode pegar o livro que irá se surpreender, quem leu o livro ao ver a série também se surpreende com as mudanças. Como já afirmamos no review: ser diferente não significa que é ruim. 

E atenção! Esse texto é para quem já assistiu a série e já leu o livro, ou quem não se preocupa com spoilers, não tem como a gente falar as mudanças sem falar spoilers, todos avisados? Se não quiser spoilers, pare aqui e volte depois. 


Nomes dos personagens

As adaptações dos livros do Harlan estão sendo feitas em diversos e diferentes países, os nomes na maioria das vezes são alterados para que faça sentido no contexto cultural de cada lugar, separamos os nomes dos personagens mais relevantes:

Livro // Série (ator)

Will Klein // Guillaume Lucchesi (Finnegan Oldfield)

Julie // Sônia (Garance Marillier)

Ken // Fred (Nicolas Duvauchelle)

Sheila // Judith (Nailia Harzoune)

Squares // Daco (Guillaume Gouix)

Katy // Inès (Garance Marillier)

Fantasma, John Asselta // Le Spectre, Joaquim Ostertag (Tómas Lemarquis)

Philip McGuane // Alexandre Kesler

Melissa // Maèva 

Louis Castman // Louis Moneguetti

Nora // Nora

Carly // Alice

Wanda // Awa

Sunny // Florence


Vamos analisar algumas mudanças mais marcantes quando comparamos o livro com a série:

A morte da mãe do Guillaume/Will

No livro: A morte da mãe tem um papel muito importante, antes de morrer ela compartilha com o Will/Guillaume que o seu irmão está vivo. Mais tarde ele encontra uma fotografia escondida no quarto da mãe, o que o leva a crer que o irmão está vivo.

Na série: A morte é um momento trágico, Guillaume e sua irmã descobrem incoerências nas contas e agenda da mãe e acabam chegando em um detetive particular, que a mãe havia contratado para tentar localizar o Fred/Ken. 

A morte da Julie/Sônia

Em ambos o Ken/Fred é o assassino, a morte ocorre no porão no livro e a irmã mais nova vê tudo, enquanto na série ocorre no jardim.  O Fantasma/Ostertag chega atrasado nos dois. E fica o questionamento se Ken/Fred está vivo ou não. 

A Inès/Katy

No livro ela planeja uma vingança, já que viu quem foi o assassino da irmã, mas a polícia não acreditou na palavra de uma criança. Ela faz uma aliança com o Fantasma. Na série, ela também viu tudo, mas não planeja vingança, ela deseja superar os fantasmas do seu passado. O flerte com o Guillaume só acontece na série. 

O final: uma das principais mudanças

No livro: Carly/Alice é filha do Will/Guillaume junto com a Julie/Sônia. Ela escondeu a gravidez. E o Ken/Fred fugiu com a Judith/Sheila e a criança. Foi mais fácil fugir como uma família. Então o irmão mais velho além de mentir, roubou a filha do irmão. O Fred/Ken não morre, vai preso. E quem mata o marido abusivo da Nora é o Fantasma.

Na série: A Alice/Carly é filha do Fed e Judith.  O Will/Guillaume mata o próprio irmão ao perceber que ele era o vilão da história. Quem matou o marido abusador da Nora foi o Fred. 


Agora vamos ver algumas cenas que são iguais no livro e na série, separamos alguns trechos do livro que podemos identificar visualmente:


O trio da pesada

“McGuane pegou uma velha fotografia na primeira gaveta. Ele olhou para a fotografia dos três garotos de 17 anos. Ken Klein era um jogador de tênis brilhante, John Asselta, um lutador implacável, e McGuane, um garoto charmoso e representante de turma. McGuane examinou os rostos na fotografia. Quem visse aquela foto jamais teria imaginado o destino daqueles jovens. Tudo que se via eram três rapazes muito populares na escola. Nada além disso.”


A imagem da câmera de segurança

“Todas as dúvidas se dissiparam. Fiquei parado ali, sem me mover. Não sabia se devia comemorar ou chorar. Voltei-me para Squares. Seus olhos estavam em mim e não na tela. Fiz que sim para ele, confirmando o que ele já suspeitava. Owen Elfield era meu irmão, Ken."



Ken assassino desde novo e o pagamento ao pai do Fantasma para que ele levasse a culpa

“Temos que retroceder até o tempo em que Ken e eu estávamos na quarta série – disse ele. Will, não fui eu quem apunhalou Daniel Skinner. Foi Ken. Mas seu pai o amava tanto que o protegeu. Ele comprou o meu velho com dinheiro. Ele lhe ofereceu 500 dólares. Acredite ou não, seu pai praticamente achou que estava fazendo um ato de caridade.”


Funeral da Sheila

“Sheila Rogers estava realmente morta. Não havia nenhuma dúvida disso. Mas a mulher que eu amava, a mulher com quem eu havia vivido, que eu tivera em meus braços, com que eu queria casar, não era Sheila Rogers. Não desmaiei, mas cheguei perto. O salão girou de verdade. Meu campo de visão abriu e fechou, entrando e saindo de foco.”



Louis na cama hospitalar e o rosto deformado da Tanya

“A voz fraca vinha da cama. Squares e eu caminhamos em sua direção. Tanya entrou atrás de nós limpando a garganta. Olhamos para ela. Sob a luz ofuscante, suas cicatrizes pareciam quase vivas, contorcendo-se sobre o seu rosto como dezenas de vermes.”


A briga entre o pai do Will e a mãe da Katy 

“–Que diabos você está fazendo aqui?

- Papai!

Ele me ignorou. 

- Eu fiz uma pergunta, Lucille. Que diabos quer aqui?

A Sra. Miller abaixou a cabeça.

- Papai! – insisti.

Mas não adiantou. Seus olhos haviam-se tornado pequenos e negros.

- Não quero você aqui – disse ele.

- Papai, ela veio oferecer...

- Saia!”



O encontro do Will com a mãe da Sheila

“- Sheila nunca tocou no nome de Carly?

- Não.

- Tem certeza?

- Tenho. Quem é ela?

- Carly é filha de Sheila.

Fiquei estarrecido.”



Fantasma ameaça Will

“O Fantasma se aproximou. Tentei não vacilar.

- Você parece estar com medo pequeno Willie.

- Saia daqui – ordenei.

Sua resposta foi brusca. Ele se abaixou e me deu uma rasteira. Desabei de costas no chão. Antes que eu pudesse me mexer, ele me deu uma chave de cotovelo. Senti uma enorme pressão nas juntas, e então de repente ele empurrou ainda mais meu tríceps. Meu cotovelo começou a dobrar para o lado contrário. Uma dor profunda apunhalou meu braço.

- Mande Ken parar de se esconder, pequeno Willie. Diga a ele que outras pessoas podem se machucar. Como você. Ou seu pai. Ou sua irmã. Ou mesmo aquela gatinha Miller que você encontrou hoje. Diga isso a ele”


A experiência de assistir ao seriado é diferente da leitura do livro no qual ele foi inspirado e é normal isso acontecer. Os leitores sempre vão dizer que o livro é melhor, e tudo bem, a gente concorda. Em quase 100% dos casos de adaptações, os livros são melhores, quem leu sempre fica com um gostinho de quero mais ou aquele pensamento 'poderia ter sido melhor'. O fato é que o livro não sumiu, a gente poder reler quantas vezes quisermos e revisitar essa história. 

Ambos tem a marca registrada do Harlan Coben, ao nosso ver a adaptação honrou o livro, claro que poderia ter sido melhor sim, mas é o que temos galera, nós já estamos aqui aguardando a próxima adaptação.

2 comentários:

  1. Análise foi cirúrgica.

    Eu gostei da adaptação, principalmente levando em conta que ela foi rodada durante uma pandemia e tem aprovação do autor.

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