
Seria o monumento, o primeiro calendário humano? Para saber qual o dia da semana ou qual estação do ano, ele auxiliava os povos antigos a prever os solstícios. Viajamos no tempo diretamente para meados do ano 2500 AEC, lá conhecemos uma planície que tem diferentes habitantes:
💎Os mineradores
Aqueles que procuravam o metal mais resistente do período, conhecido como sílex. Com ele produziam diversos objetos e ferramentas. Os mineradores não tinham uma comunidade muito unida, basicamente cada família trabalha por si própria e trocava o metal com outros habitantes e viajantes. Não tinham o costume de se banhar e viviam sujos devido o trabalho árduo.
🐮Os gadeiros
Aqueles que cuidam do gado. Tem a comunidade mais organizada de toda a planície. Com homens e mulheres, que desenvolvem os mesmos papéis, em um patamar de igualdade. Não tinham um trabalho muito árduo e também produziam couro. Eles têm anciãos que decidem os rumos que a comunidade irá tomar. E são os gadeiros que promovem as cerimônias dos solstícios, eram nelas que a maioria das trocas ocorriam.
🔆As sacerdotisas
Responsáveis pela contagem dos dias do ano, e pelos rituais que aconteciam no monumento. Todo o conhecimento delas era transmitido de geração a geração através da música, elas também sabem contar.
🌱Os lavradores
Aqueles que cuidavam das plantações, sempre estavam buscando mais e mais terras para arar. Sua comunidade era composta de um Grande Homem, que tomava todas as decisões individualmente, todos os outros tinham que acatar, sob pena de diversas sanções. As mulheres não tinham voz alguma, apenas pertenciam a um homem, não podem ser solteiras ou viúvas por muito tempo.
🌳O povo da mata
Aqueles que vivem sem regras, caçam ou colhem diariamente para a subsistência do dia. Não entendiam porque os outros habitantes trabalhavam tanto. Eles conheciam a floresta com a palma da mão, eram ótimos caçadores.
Foi muito interessante ir conhecendo cada um dos povos e suas diferentes características, cada um tinha uma forma de pensar e suas próprias regras e modo de vida. E o que hoje é normal, naquele período nem existia, por exemplo, escrever, pentear o cabelo, usar calçados e o próprio Estado. A falta de leis fez muita falta para que alguns personagens pudessem ter mais dignidade de vida, não haviam leis, então homens com objetivos obscuros podiam fazer o que bem entendessem e as mulheres sem nenhum direito, principalmente na comunidade dos lavradores não tinham opção (e nem entendiam que podiam ter), a não ser acatar o que os homens decidiam.
Acompanhamos os personagens ao longo de mais ou menos uns 20 anos, alguns conhecemos crianças e vamos seguindo suas vidas e os altos e baixos até a idade madura.
Antes de destacar os personagens principais, preciso falar dos vilões. Sim vilões, no plural. Há diversos, de diferentes jeitos. E mais uma vez o Follett cria personagens que eu fiquei com tanto ranço, mas tanto, que são maus em sua essência, não tem o que mude isso. Não vou citá-los individualmente aqui, selecionei apenas os personagens que eu mais gostei:
☆Seft
Um jovem minerador muito inteligente que nunca foi valorizado pela sua família. Ele sonha em construir sua própria família e viver com amor reinando ao invés de ódio. Suas habilidades vão ser fundamentais para a construção do monumento.
“Chega de sonhar. Está na hora de agir.”
☆Ani
Mãe da Neen, Joia e do Han. Ela é viúva e uma das anciãs da comunidade dos gadeiros. Ela é muito sábia e sempre é chamada para resolver os conflitos que surgem, presa pela não violência e sempre foi amorosa com todos.
“Essa atitude pode nos levar à ruina. Não seja tão pessimista o tempo todo.”
☆Joia
Filha da Ani e que vai se encontrar quando se torna uma sacerdotisa. Ela fará da sua vida uma missão em construir o momento.
“Se quiserem uma vida tranquila, digam agora e eu me afastarei para deixar que outra pessoa assuma a função. Mas, se tiverem a coragem, a coragem de tornar o Monumento algo realmente espetacular...”
☆Pia
Uma lavradora que se apaixona por um gadeiro e sua vida tem muitas reviravoltas. Ela não desiste de lutar pela vida que acredita ser merecedora e por mais difícil que seja, ela sempre consegue recomeçar.
“Eu não sou uma garotinha. Sou uma mulher e posso carregar um saco tão bem quanto qualquer um.”
☆Bez
Um líder do povo da mata, que é muito justo, ajuda a todos que pode e acredita que tudo deve ser equilibrado. Nunca precisou ser violento, mas não é uma boa ideia testá-lo.
“A morte não parecia ser assim tão ruim. Aconteceria a todos, mais cedo ou mais tarde. Era melhor não desperdiçar a vida se preocupando com ela, como faziam os lavradores e os gadeiros. Aproveitar a vida enquanto ela é boa, aceitar o fim quando ele chegar.”
☆E por fim, o principal, o monumento
No início era construído de madeira e isso fez com que diversas tragédias ocorrem ao longo do livro, então Joia tem a ideia de construí-lo em pedra, e Seft sabe o lugar exato onde poderiam encontrar as pedras perfeitas, bem, o problema era que é bem distante, aliás qualquer distância seria impossível para transportar tais pedras, certo? Bem, é uma longa jornada e a sequência final do livro é muito eletrizante, não consegui largar até descobrir se daria certo, se personagens com os quais eu me envolvi morreriam ou não, foi incrível demais.
Nesse livro, o Follett não tem nenhuma pena de matar os personagens, e caramba, algumas mortes me chocaram demais! Tive que parar a leitura para respirar. Uma morte especialmente foi dolorida demais, fiquei sem acreditar.
Os personagens e certas cenas criadas pelo Follett ficam sempre comigo, a cada livro que leio dele, os períodos históricos, acontecimentos, igrejas e agora, o monumento ganham novos significados.
Pensar sobre o passado e todas as dificuldades que as pessoas tinham que superar diariamente, todas as inseguranças e mesmo assim tinham as mesmas problemáticas que temos no tempo presente: seja um coração partido, seja um líder lunático que coloca todos em perigo, a essência do ser humano está lá e não importa o quão difícil e intransponível a realização de um sonho possa ser, sempre vale a pena lutar por ele.

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