quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Resenha: O Terceiro Gêmeo / Ken Follett

    O terceiro gêmeo foi publicado pelo Follett em 1996 e acabou de chegar na Editora Arqueiro, um livro que fala de ciência, DNA, tecnologia, softwares e por que estou falando isso? Para explicar o disquete na foto e para dizer que Follett estava tão a frente do seu tempo quando escreveu, que nem parece que é um livro de 25 anos atrás, a não ser, é claro, pelo disquete fundamental na trama. As discussões do livro são muito atuais e ao lado de Jeannie Ferrami, a gente mergulha num universo científico para descobrir que ciência, política e poder estão sempre conectados. 

O livro começa de uma forma, eu diria, assustadora, um homem ardiloso e sádico planeja um crime de estupro e estar na cabeça desse personagem foi muito caótico, saber todo o passo a passo do seu planejamento e o motivo pelo qual ele deseja praticar tal crime nos deixa com muita gastura, quem será esse homem vil?

Em seguida conhecemos a Dra. Jeannie Ferrami, ela é uma geneticista e em sua pesquisa busca encontrar gêmeos idênticos, mas que foram criados por famílias diferentes e assim entender se é o DNA ou o ambiente que forma um criminoso, ela desenvolveu um software incrível para localizar esses gêmeos, mas nesse primeiro momento a conhecemos enquanto ela disputa uma fervorosa partida de tênis, ela é muito boa, mas infelizmente, seu adversário é melhor, ao terminar a partida, um estudante comenta com ela sobre como ela joga bem. 

“Eu identifiquei quatro traços hereditários que levam ao comportamento criminoso: impulsividade, audácia, agressividade e hiperatividade. Mas a minha grande teoria é a de que há determinadas maneiras de se criar uma criança que neutralizam essas características e transformam criminosos em potencial em pessoas boas.”

Logo depois, somos apresentados a Steven Logan, um estudante de direito, todo certinho, mas que tem uma questão violenta no seu passado, ele estava em Baltimore para participar de uma pesquisa científica. 

E por último, preciso contar a vocês quem é Berrington Jones, o chefe da Jeannie, ele está, junto com seus dois sócios, fazendo uma venda milionária de um laboratório, mas ele tem muitos e muitos segredos e ao lado de seus sócios fará qualquer coisa para deixar tudo escondido. 

E aos poucos tudo vai se conectando: sabe o estudante que falou com a Jeannie? Então, ele é o Steven e foi participar do estudo de gêmeos dela, mas o problema é que ele é filho único, eita. E agora? Será que o software está ruim? Pior, dias depois, o Steven é levado pela polícia e a vítima do estupro o identifica como culpado, o quê? Como assim? 

“Uma controvérsia ancestral. Sou como sou porque nasci assim? Ou sou um produto da minha educação e da sociedade em que fui criado? Inato ou adquirido?”

Ao mesmo tempo que não faz sentido, a gente sabe, a gente leu o que o Steven estava fazendo, mas será que é um caso de dupla personalidade? O que tá rolando? E Jeannie irá usar todos os seus conhecimentos para desvendar e entender esse mistério, colocando a própria carreira e a vida em risco. 

Já li alguns livros do Follett e nesse mais uma vez ele cria aqueles vilões que a gente fica com vontade de agarrar no pescoço, são violões que fazem o mal sem se importar com as consequências, o mal pelo próprio mal e fazem tudo pelo poder. Eu fiquei com vontade de gritar com o livro algumas vezes de tanta raiva que eu estava de alguns personagens. 

Alguns pontos muito relevantes foram levantados no livro:

- a culpabilização da mulher pelo estupro: livro escrito nos anos 90, mas infelizmente essa temática ainda é atual. Foi difícil demais ler a polícia interrogando a vítima como se ela fosse culpada pela monstruosidade que aconteceu com ela.

- o sistema prisional problemático: “te prendo depois pergunto”. Steven foi para a cadeia e passou por sufocos, os policiais desrespeitando totalmente seus direitos para que ele confessasse algo que não cometeu (será que não cometeu mesmo? Não vou dar spoiler sobre isso). Para ele, como estudante de direito, foi um ótimo laboratório para ver o outro lado da moeda. 

- a narrativa da mulher louca: Jeannie, uma cientista com doutorado, doutora meu bem, mas mesmo assim foi descreditada e chamada de louca diversas vezes apenas por ser mulher, o que dá muita raiva quando a gente lê, ainda mais por também ser atual, infelizmente. 

Tudo se passa dentro de poucos dias, e acompanhar a Jeannie nessa jornada foi muito empolgante, toda hora a gente acha que vai dar tudo errado, que é o fim. E queremos chegar logo no final do livro para enfim entender tudo, vou te dizer que a revelação é wow, tem alguns plot twists que me pegaram totalmente de surpresa. Em um momento eu estava peloamor Follett, o Steven não pode ser o culpado, né? 

Ah, e sabe o disquete que citei lá no início? Pois é. Para quem não pegou essa época, no disquete a gente salvava dados, como hoje um pen-drive, e dois disquetes serão fundamentais para que a gente descubra alguns segredos que estavam muito bem escondidos. 

“Não vou deixá-los vencer, pensou. Eu tenho poder de atingi-los – devo ter, ou eles não sentiriam a necessidade de me alertar nem de ameaçar me matar. Vou usar esse poder. Não me importo o que vai acontecer comigo, contanto que possa fazer da vida deles um inferno. Meu nome é Jeannie Fodona Ferrami, sou uma mulher inteligente e determinada, então muito cuidado, seus merdas, porque eu vou com tudo.” #VaiJeannie

 


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