domingo, 23 de novembro de 2025

Resenha: Minha querida Paris / Lucy Diamond

Lucy Diamond assim como o nome já dá uma pista, escreve verdadeiras joias. Todo livro que leio dela me faz refletir sobre a minha vida, sobre a vida em geral e me inspira a viver. Esse não foi diferente, “Minha querida Paris” nos leva para cenários incríveis, mas a principal é viagem é para entender os próprios sentimentos.

“Nesta cidade tudo é possível. E o amor é sempre a resposta, eu acho.”

Como é morar no lugar onde todo mundo vai passear? Um lugar que é a viagem dos sonhos de todo mundo? Por um lado, pode ser um pesadelo, turistas para todo lado, tudo lotado o ano inteiro, preços superfaturados, mas por outro, há uma certa magia em morar num lugar que é o sonho realizado de muitas pessoas. Tudo depende do ponto de vista.

E ponto de vista é um tema bem recorrente no livro, nós habitualmente percebemos, pensamos ou presumimos de acordo o nosso ponto de vista, mas e se estivermos errados? E se a gente não olhou da forma correta, ou presumiu errado? 

Nossas protagonistas, Adelaide e Jess não poderiam ser mais diferentes. Jess é carinhosa, atenciosa, ama ajudar a resolver os problemas de todo mundo, Adelaide é amargurada, gosta de dar ordens e não se importa com os sentimentos dos outros. Aos poucos, vamos entendendo os motivos por cada uma ser dessa forma. 

Jess é uma jornalista de meia idade que sempre gosta de ajudar a todos, ela acolhe quem ela pode. Sendo mãe de três meninas, ela fizera um acordo com o marido, de que ela ficaria com as crianças ainda bebês, mas no futuro ele ajudaria mais.... bem, não é o que acontece. A carreira do marido deslancha, enquanto Jess está em casa desgastada por cuidar de tudo sozinha, quando as meninas, já estão mais crescidinhas, Jess pensa que enfim, o marido vai ajudar mais, e ela vai poder construir uma carreira, bem, não é bem o que acontece, ele tem um caso que é o estopim para o final desse casório. E ela se vê mais uma vez sozinha com as filhas. 

Quando chega uma proposta para que ela seja uma ghost-writer de uma biografia de uma artista famosa, ela não pensa duas vezes e aceita o desafio, que a leva para Paris.

Adelaide Fox, um nome que toda pessoa que é no mínimo admiradora de arte, já ouviu falar. Uma senhora, ela viveu muitas aventuras durante sua vida, mas agora está reclusa, suas obras estão num arquivo bagunçado (se é que se pode falar arquivo). Muitas pessoas ficam com medo dela, já que está longe de ser uma pessoa amigável, mas é muito admirada por todos que conhecem a sua história na arte.

No começo as duas não se dão bem, ocorre um grande mal entendido, mas aos poucos tudo vai se encaixando. Quando Adelaide começa a contar sua história para Jess, ela passa a olhar sua própria vida pelos olhos da Jess, o que é um tanto quanto transformador, mas para melhor ou pior? Durante a leitura, a todo momento ficamos preocupados, se essa parceira vai longe ou não. O objetivo de escrever uma biografia para Adelaide não é a mesma ideia de livro que a Jess está pensando...

Jess, quando mais jovem trabalhou em Paris com uma amiga, que sumiu misteriosamente. Ela também tivera uma paixão. Então, vai aproveitar suas folgas para tentar descobrir o que aconteceu com a amiga e reviver essa paixão, e descobrir a duras penas que as vezes é melhor deixar o passado no passado. 

O sobrinho da Adelaide, Luc, está cuidando do arquivo e acabou de terminar um relacionamento, nós rapidamente percebemos que rola um clima entre ele e a Jess, mas quando se trata do coração, só um clima nunca é suficiente. É divertido acompanhar os dois. 

As filhas da Jess têm pequenas participações, mas que são muito legais, a Jess se desdobra para ser a mãe que cada uma delas precisa, os problemas que ocorrem são muito reais, é muito um ‘quem nunca?’ a todo momento.

Viajar no tempo e descobrir o passado da Adelaide é emocionante, dos momentos felizes a tragédias, alguns trechos são difíceis de ler, e a gente vai entendendo porque ela ficou da forma que está, e olha, é muita coisa.  O que levo como lições são: 1 - Aceitar que o passado já passou; 2- Resolver mal entendidos (se valer a pena) e 3- Sorrir para vida.

A vida nada mais é do que um amontoado de dias, se a gente deixar, passam meses, anos e puft, o que você fez com a sua vida? Seja fazer uma viagem dos sonhos, comer um croissant, testar uma nova habilidade, assistir um por do sol, são esses momentos que fazem os dias valerem a pena. Se você fosse contar a sua história para uma biografia, você se lembraria do passado, com qual sentimento? Honrar a si mesmo, é o maior desafio dessa vida, viver de uma forma que a gente dê orgulho a nós mesmos. 


Esse é o terrível endurecimento por que todos temos que passar quando se trata do amor, as surpresas desagradáveis que podem nos surpreender quando menos esperamos.” 

Confira as resenhas de outros livros da Lucy: 

O café da praia 

Os segredos da felicidade 

Uma noite na Itália 

A casa dos novos começos

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