Os romances geralmente têm algumas
características clichês, uma mocinha apaixonada, um cara dos sonhos, um final
feliz, nem sempre muito fácil, mas certamente previsível, apesar disso a gente
continua amar lê-los, né? Bem, mas nada melhor quando um romance é diferente,
um romance que te faz chorar, sorrir e refletir. ‘A casa dos novos começos’ é
um desses romances, que sim tem um final feliz, mas nada fácil e o melhor, a
cada escolha das personagens, nós questionamos as nossas próprias escolhas.
Por mais que sejamos fortes e
independentes, sempre buscamos o amor. Aquele amor que nos conforta física e
emocionalmente, aquele alguém que podemos contar sempre, aquele alguém que é o
seu alguém, mas será que isso realmente existe? Aquele alguém especial que puft
encontramos por ai?
Rosa acreditava ter encontrado o
seu alguém. Ela tinha uma vida agitada, um bom emprego, seu trabalho era
reconhecido, viagens para os melhores pontos turísticos do mundo, até que puft
seu mundo cai quando ela descobre um segredo sobre o seu cara perfeito. Ela
resolve se mudar para Brighton e se tornar uma sous-chef, levando esporro atrás
de esporro e não sendo nem um pouco reconhecida, apesar de ter muito potencial
na cozinha.
“Estar apaixonada era mais como o que vinha logo depois de o paraquedas abrir: a sensação de flutuar, suspensa como um pássaro no céu azul, a adrenalina transformando-se imediatamente em euforia e alegria ofegante. Não sabia se queria voltar um dia para terra firme.”
Georgie, uma jovem apaixonada pela
vida e pelo seu namorado Simon. Ela tem um relacionamento sério com ele e
projeta todo um futuro ao lado dele, até que puft ele lhe informa que conseguiu
um emprego dos sonhos em Brighton e que está se mudando pra lá, ela resolve
então largar tudo e ir atrás dele, até porque não seria para sempre, mas
chegando lá ela percebe que seus planos de viver ao lado de Simon terão que ser
adiados, por enquanto ela tem que se contentar a morar num apartamento pequeno,
encontrar seu rabugento namorado em momentos rápidos, além de estar sem
dinheiro num lugar que não tem nenhuma amizade.
“Mas que droga, pare de pensar nele, pelo amor de Deus, ordenou ao seu subconsciente, desejando pela milésima vez que houvesse uma função de apagar em seu cérebro, uma espéce de triturador mental para descartar lembranças e pessoas indesejadas.”
Charlotte tinha um casamento
perfeito, até que puft um morte acabou com o seu final feliz. Ela vive em
Brighton, levando uma vida robótica, repetindo tudo mecanicamente, sem nenhum
prazer pela vida, afinal de que valeria uma vida sem a pessoa que ela mais
amou?
“Pela sua experiência, os problemas só começavam quando deixava outras pessoas entrarem em sua vida. Ficar sozinha, sem incomodar ninguém, e construir uma cerca em torno de sua vida discreta e tranquila... não era nada além de autopreservação.”
Essas três mulheres acabam morando
no mesmo prédio em Brighton, com uma senhoria nada agradável, mas é lá que elas
encontram seus recomeços. Rosa se vê num beco sem saída quando uma vizinha, Jo,
é internada as pressas e deixa sob sua responsabilidade cuidar de sua filha
adolescente, tudo que Rosa não queria, até porque ela nem sabe como lidar com
uma adolescente. Georgie decide que não iria ficar sem fazer nada enquanto
Simon realizava seu sonho, ela consegue um emprego num jornal local e descobre
que ser jornalista pode ser ao mesmo tempo reconfortador e perigoso, enquanto
Charlotte tem uma tarefa imposta pelo seu chefe, fazer amizade com uma pessoa
idosa e gastar uma hora por semana com ela, é ai que conhecemos Margot Favager,
uma senhora francesa muito inspiradora.
Rosa, Georgie e Charlotte acabam
eventualmente se encontrando e se tornando inesperadamente amigas. Todas elas
buscavam recomeços, mas para ter um é necessário ter pontos finais, necessário
virar páginas por mais pesadas e difíceis que elas sejam. Será que um
relacionamento frustrante com um cara escroto deve fazer com que você deixe de
acreditar no amor? Será que você deve repetidamente abrir mão do que deseja em
prol do cara que você ama, ei, e os seus próprios sonhos? E será que uma
tragédia deve definir você para sempre?
A leitura desse livro foi muito
inspiradora e reconfortante, sabe, a vida não é fácil para ninguém, ter força
que levantar e buscar o que deseja todo dia é um grande desafio, ainda mais se
você estiver com o coração partido, mas sabe de outra coisa? Nessa vida, apenas
a morte é definitiva, até lá devemos sempre continuar acreditando que as coisas
vão melhor, vão se ajeitar, tal como um quebra-cabeça difícil, mas que quando
encaixamos a última peça, percebemos que todo o esforço valeu a pena.
“Eu aproveito a vida”
Margot
Favager
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