segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Resenha: O Resgate / John Grisham

    Eu estava muito curiosa para ler esse livro, o Mitch de volta! "A Firma" é um dos meus livros favoritos do Grisham, e a adaptação pro cinema também foi boa demais. Então quando eu descobri que "O Resgate" era com o Mitch, coloquei a expectativa lá no alto e esperava desdobramentos do primeiro livro, o que não ocorreu. Temos uma história totalmente nova e sem envolvimentos com a trama do primeiro livro, a não ser alguns eastereggs.

E sendo muito sincera, achei o livro um pouco decepcionante, não é um thriller assim tão jurídico como outros do Grisham, não é um daqueles 'de tribunal', ele se propõe a resolver o que está no título: um resgate. E quanto a isso não posso reclamar, é um resgate muito complexo, o fato é que eu imaginava algo totalmente diferente para essa continuação, mas o livro cumpre o que promete: o que aconteceria se advogados poderosos do nada se envolvessem em negociações com terroristas?

O Mitch conseguiu se estabilizar como advogado, é sócio de um grande escritório com filiais ao redor do mundo e casos que levam o Mitch a viajar para diversos lugares, ele gosta muito da ação e resolver os problemas que a princípio pareciam impossíveis. Ele e sua esposa tem dois filhos e vivem uma boa vida em Nova York.

Um dos clientes do escritório é uma construtora que foi contratada pelo governo da Líbia para a construção de uma ponte no meio do deserto. Uma daquelas obras faraônicas de um governante ditador. Ocorre que, o governo não está realizando os pagamentos, então a construtora não viu outra forma a não ser processá-lo. O caso, uma arbitragem, estava na Corte Arbitral Internacional, e envolvia cifras milionárias. Um acordo seria o caminho mais rápido para ambos os lados.

Quando o caso cai nos colos do Mitch, ele pensa que o melhor a se fazer é entender todos os detalhes, então, com o apoio de um dos sócios mais antigos, ele viaja até a Líbia para ver a tal ponte com os próprios olhos e leva junto a advogada, Giovana, que estava atuando como sua assistente, além de ser filha de um dos sócios mais poderosos do escritório.

“Para além da riqueza de talentos, ambição, habilidades e diversidade, um dos grandes trunfos de se trabalhar no Scully e Pershing era o seu tamanho. Era o maior escritório do mundo havia uma década e estava determinado a permanecer no topo. Seus advogados eram conhecidos por andarem com um ligeiro ar de arrogância por causa do notável alcance do escritório. Nunca tinha havido um maior.”

Na noite anterior a visita a ponte, as coisas começam a dar errado para o Mitch, ele tem que ser levado ao hospital devido a uma infecção alimentar, ele mal sabia que a infecção estava salvando a sua vida, já que horas depois quando Giovana vai sozinha com os seguranças e funcionários da construtora ver a ponte, havia uma emboscada de terroristas, que sequestram a jovem advogada.

O caso que era uma simples arbitragem envolvendo milhões, se torna um sequestro envolvendo terrorismo internacional. Rapidamente muitas perguntas se formam: quem são os sequestradores? O que eles querem? Será que a Giovana ainda está viva?

O tempo passa e nada nem ninguém tem nenhuma pista, até que chega um pedido de resgate e Mitch mais uma vez vê a sua própria vida e a de sua família em risco, já que os terroristas estavam seguindo e observando de perto todos os seus passos.

Durante muitos momentos do livro, o Mitch e outros personagens se veem perdidos, sem saber o que fazer em uma situação como essa. Eles acostumados com casos jurídicos complexos, envolvendo leis e tribunais, agora se veem numa verdadeira terra sem lei. O que um advogado faz quando a lei não é respeitada, fácil, recorrer ao judiciário, né? Mas quando se trata de terroristas, nem leis, nem direitos são levados em conta, qualquer passo em falso pode ser literalmente fatal.

São muitas negociações e convencimentos. Quando se trata de dinheiro em um mundo capitalista, todo mundo pensa em sua própria segurança financeira primeiro, ninguém quer arriscar tudo que conquistou a duras penas, mas mesmo se tem uma vida em risco? E se fosse você, sua filha no lugar dela? Você pensaria diferente?

Senti uma crítica do Grisham aos grandes escritórios, onde o "tempo é dinheiro" é o lema seguido a adorado por todos, nem dormir eles dormem, porque não dá pra cobrar honorários nesse tempo. E também as questões de política internacionais, quais os limites e quais devem ser as atitudes dos países diante de ditaduras? E diante de terroristas? E quando há vida em risco?

O Mitch fará tudo que estiver ao seu alcance para trazer a Giovana de volta para casa. Nem que para isso precise contrariar todos os seus colegas advogados.

“Não pela primeira vez na última semana, ele se pegou sentindo saudades dos velhos tempos, quando podia exercer a advocacia sem se preocupar com reféns e terrorismo.”  

Confira a resenha do primeiro livro: 

A Firma 

E de outros livros do John Grisham: 

Justiça a qualquer preço

O dossiê pelicano 

Tempo de perdoar

Acerto de contas

O Júri

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