segunda-feira, 3 de novembro de 2025

Resenha: O Burnout / Sophie Kinsella

Sophie Kinsella é a rainha das comédias românticas, pegar um de seus livros é ter a certeza de que você vai se identificar em algum aspecto com a personagem principal, vai rir demais com situações muito inusitadas e também vai ficar com o coração quentinho com o romance, ‘O Burnout’ tem tudo isso e se tornou um dos meus favoritos da Sophie.   

Burnout é um tema que está em discussão nos ambientes de trabalho, segundo o google a definição é: “um fenômeno exclusivamente ocupacional, resultante do estresse crônico no trabalho que não foi adequadamente gerenciado”. E a Sasha está passando por essa situação, mas ainda não percebeu. A vida dela é o trabalho. Ela vive apenas para trabalhar, se afastou dos amigos, o último relacionamento que teve não deu certo e faz tempo que ela não tem interesse em ter outro, além de ter zero tesão, ela nem lembra que isso existe. Se alimenta mal e está muito sobrecarregada no trabalho.  

Ela trabalha em uma empresa que, em tese, era o seu sonho, mas a realidade é que é um pesadelo. Não tem funcionários suficiente, ela trabalha muito além do que deveria, sua caixa de e-mails é um caos e parece que ninguém se comunica corretamente, seu chefe direto não se importa com as demandas e quando ela comunica algum problema pedem que ela escreva no mural online ou participe de algum problema de bem-estar, que só vai fazer com que ela perca tempo, já que tem milhares de demandas com prazos e se ela não fizer ninguém vai e só de escrever tudo isso já fiquei ansiosa por ela.

“- Não sei. Sou bem avessa a riscos. Se tem uma coisa que não quero mesmo é fracassar.

- Então você acha melhor viver pela metade do que correr o risco de fracassar?”

A cereja no topo do bolo para que Sasha exploda foi descobrir por e-mail que uma pessoa pediu demissão, e assim ela teria ainda mais demanda. Sasha tem uma crise que envolve fugir para um convento, acredite se quiser e ainda bater de cara com uma parede, numa sequência que faz a gente rir, mesmo sendo super tenso.

A Sophie conseguiu explorar esse problema de saúde de uma forma muito leve, todo mundo sabe que é um perigo e que pode fazer com que a pessoa tenha crises e problemas de saúde gravíssimos e a Sophie deixa esse alerta nos mostrando os caminhos que podem nos levar a doença e para que fiquemos atentos aos nossos limites, que são necessários.

Bem, depois de todo um caos, a Sasha resolve viajar para a praia, um lugar que ela frequentava quando criança e além disso seguir passos de um aplicativo de bem-estar. E começamos a segunda parte do livro que envolve situações muito muito engraçadas, me diverti demais. Não vou dar spoilers, mas a maioria das situações que ocorrem na praia, desde o hotel onde ela se hospeda até ela tentando seguir os passos do aplicativo (que envolvem agachamentos, yoga e suco verde), são todos bons demais e a gente vai percebendo que ela está se reconectando consigo mesma. 

E por fim, quando um hóspede, Finn, chega ao mesmo hotel e eles tem que dividir a praia, a princípio os dois viram inimigos, parecem que são completamente opostos, mas aos poucos vão se entendendo e percebem que podem ter muito mais em comum do que imaginavam. 

A praia ainda guarda mistérios, envolvendo mensagens enigmáticas escritas na areia e também uma obra de arte, o passado da Sasha e do Finn se conecta sem que eles pudessem imaginar e eles percebem que ser o que precisam um para o outro, mas será que a vida fora da praia vai permitir essa conexão? 

Um professor de surfe, muito experiente, que é um personagem bem relevante no livro tem o seguinte lema: “o lance é viver o momento”, é essa é a maior lição desse livro. 

“Quer saber por que você levou um caldo?

- Quero. Me diz. Por quê?

- Porque você tentou. Você tentou, minha querida. E isso te coloca acima da maioria das pessoas. Acredite em si mesma. Você vai conseguir.”

 

sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Review Lazarus

Harlanween? Suspense sobrenatural? Temos! Pela primeira vez o Harlan mergulha no universo sobrenatural e nos apresenta Lazarus, ou na nossa tradução BR, Lázaro. O protagonista que conversa com fantasmas.

A série de seis episódios, disponível no Prime Video, tem o ator Sam Clafin (Jogos Vorazes, Como eu era antes de você) como protagonista, Joel Lazarus, é ambientada em Londres. No elenco temos ainda:

👻Bill Nighy como o Dr. Jonathan Lazarus

👻Eloise Little como Sutton Lazarus

👻Ewan Horrocks, o jovem Joel 

👻David Fynn, como Seth McGovern

👻Alexandra Roach, como Jenna Lazarus

👻Kate Ashfield, como a detetive Alison Brown

O Harlan criou o roteiro ao lado do Daniel Brocklehurst.

Sinopse: Depois de sofrer uma perda pessoal, Lazarus começa a ter experiências perturbadoras que não podem ser explicadas.

Essa é uma review COM SPOILERS! Então se ainda não assistiu a série, corre daqui. 

O primeiro destaque que precisamos fazer é que é uma série bem diferente daquilo que estamos acostumados, é a primeira vez que o Harlan coloca elementos sobrenaturais e faz a gente levar inclusive alguns sustos. 

Sendo uma review bem sincera, tive um pouco de dificuldade em me conectar com os personagens nos dois primeiros episódios, achei tudo muito escuro e meio confuso até. A partir do terceiro, na minha opinião, melhorou na questão de iluminação e já deu para entender melhor os personagens. 

Os acontecimentos da série se dividem em dois marcos:

1- O assassinato da irmã gêmea do Joel, na adolescência, em 1998.

2- A morte do pai do Joel, que tirou a própria vida, atualmente.

O trauma com a morte da irmã e a culpa que ele carregava, fez com que, mesmo seguindo a mesma profissão do pai, Joel fosse viver longe de onde cresceu. Ele retorna apenas quando recebe a ligação, informando sobre a morte do pai. E mais uma vez, ele se culpa, já que o pai havia tentado entrar em contato com ele, mas ele recusou a ligação, pois iria atender um paciente. Ambos, Joel e Jonathan são médicos psiquiátricas. Joel não acredita que o pai possa ter tirado a própria vida e ao visitar o consultório do pai, ele começa a ter experiências sobrenaturais. Eu fiquei me questionando se o Joel era ou não um protagonista confiável, será que a gente poderia confiar em tudo que ele estava nos contando? Essa foi minha primeira teoria, mas que foi furada, Joel é confiável.

Ao frequentar o consultório do pai Joel vê fantasmas de antigos pacientes do pai e também do próprio pai, todos os fantasmas têm uma conexão: eles foram assassinados. Isso faz com que o Joel presuma que o pai também o fora, mesmo o pai tendo deixado uma carta, mas que para o Joel não faz sentido. Então ele começa a investigar a vida dos pacientes por contra própria e acaba descobrindo um corpo escondido. 

O Joel pede ajuda ao Seth, seu amigo de longa data e policial, ele conta sobre estar vendo e se comunicando com fantasmas, o que faz com que Seth ache que o Joel pode estar tendo uma crise.

Ao ver o fantasma da própria irmã, Joel percebe que precisa buscar justiça por ela, no passado, o pai pediu que ele acompanhasse a irmã até em casa depois do baile, mas Joel preferiu ficar na festa porque imaginou que teria uma oportunidade de dormir com sua namorada Bella. Ele nunca se perdoou. Ainda no passado, Sutton tinha um stalker, Sam Olsen, ele não fora preso, por falta de provas, mas no presente com auxílio de um vídeo antigo, Joel consegue fazer com que Sam confesse que matou a Sutton. Seria ele um serial killer? É a segunda teoria que surge, mas também uma furada. 

Quando Joel vê o fantasma da assistente do pai, ele acredita que ela foi assassinada, e começa uma busca por ela. Ao mesmo tempo que ele descobre que tem um filho, o garoto, Aidan, que fica o perseguindo, é filho da Bella, ela não sabe que Joel é o pai, Aidan por conta própria roubou uma escova de dentes do Joel e fez um exame de DNA, ele sempre se sentiu deslocado e teve consultas, sem saber, com o próprio avô. 

No consultório do pai, Joel encontra Laura, que logo depois ele descobre que ela não era um fantasma, ela também é médica e se torna alguém que ajuda o Joel chegar a conclusão de que: os presos pelos assassinatos dos pacientes do pai, todos alegavam inocência. E a partir desse ponto, Joel descobre que a detetive estava envolvida, incriminando as pessoas erradas. Mas a reviravolta final e que é destruidora para o Joel é: o próprio pai era o assassino. Para libertar o mundo de pessoas perturbadas. Ele assassinava os próprios pacientes. Chocante e perturbador. 

No entanto, quando acreditamos que tudo foi resolvido, ao visitar Laura, Joel encontra apenas o corpo dela e dá de cara com o próprio filho, que matou a Laura, wow. Pobre Joel.

Fantasmas, mortes, passado, presente, saúde mental, ciclos, a série mostra que fugir dos problemas nunca vai fazer com que eles desapareçam. Foi uma série repleta de reviravoltas, do jeito que é marca registrada do Harlan. E um alerta para o cuidado que precisamos ter com nossa saúde mental. Foi interessante ver o Harlan mergulhar nesse universo, mas nós, particularmente preferimos o jeitinho que já conhecemos, deixa os fantasmas só para o Halloween mesmo! 

Bônus: O Brasil foi citado pelo Seth no episódio 6.

sexta-feira, 17 de outubro de 2025

Resenha Beleza Oculta - Lucinda Riley



        Não se pode alterar o destino...

    

    Um livro inteligente cativante e tocante de Riley, que nos lembra que as escolhas que fazemos geralmente têm consequências de longo alcance, e os esqueletos sempre parecem encontrar o caminho para a superfície, não importa o quão bem estejam enterrados.

O prólogo começa nos apresentando Megan, uma personagem envolta em mistério, alertando a jovem Leah sobre um perigo iminente: "Ele voltará para encontrá-la nos pântanos... você não pode alterar o destino... você deve tomar cuidado com ele." Um vislumbre da tensão que estava por vir. 

Situado nas décadas de 1970 e 1980, esta é a história de Leah, uma jovem que passa de uma vida tranquila em Yorkshire para uma das modelos mais reconhecidas do mundo. No entanto, ninguém pode fugir do passado e Leah se encontra em perigo pela família para a qual sua mãe trabalhava. Há também a história de David e Rosa, crianças polonesas que se encontram no campo de prisioneiros nazista de Treblinka. Como Leah, seu passado os alcança, segredos vêm à tona e colocam vidas em perigo.

A história se desenrola ao longo de duas gerações, conectando a Polônia devastada pela guerra, as paisagens exuberantes dos pântanos de Yorkshire e as ruas movimentadas da Quinta Avenida de Nova York no final dos anos 70. No centro da história está a jovem e bela Leah Thompson e a enigmática família Delancey.

Nascida e criada em uma pequena vila nos pântanos de Yorkshire, Leah Thompson mora com sua mãe, Doreen, que é governanta de Rose Delancey, uma artista famosa, mas que agora vive longe dos holofotes e mantém seu passado trancado com segurança.

Leah cresceu ao lado do misterioso e perturbador filho mais velho de Rose, Miles, e de sua rebelde filha adotiva, Miranda. 

Rose tem um irmão, David, de quem está afastada. Em um verão, David manda seu filho, Brett, para passar férias na casa da tia. Quando Leah chama a atenção da influente e problemática família Delancey, ela sabe que sua vida nunca mais será a mesma.

O verão muda a vida de todos: Leah é descoberta por uma agência de modelos e levada para a cidade grande, onde encontra conforto em novas amizades e na possibilidade de enviar dinheiro para casa, Leah logo está conquistando o mundo da moda dos anos 1980, viajando de Milão para Londres e Nova York, e vivendo uma vida de luxo. A carreira de Rose ganha um novo fôlego e a vida de seus filhos passa por mudanças. A vida de todos progride e, quando Leah convida suas antigas amigas para seu aniversário de 21 anos em Londres, as coisas tomam um rumo sinistro.

Enquanto duas gerações de segredos ameaçam vir à tona, Leah também é assombrada por uma profecia fatal e esquecida, uma que esperava que morresse, mas agora ela precisa lutar se quiser desafiar o destino que foi traçado para ela.

Acompanhamos uma ampla gama de personagens, mas Leah, em particular, é bem desenvolvida. Nós a conhecemos de uma perspectiva onisciente, o que nos permite pairar como um pássaro sobre a história. Olhamos por cima do ombro dela enquanto ela desenvolve sentimentos por alguém da família Delancey, quando ela experimenta decepções e também durante os momentos tensos em que ela está sob imensa pressão. 


Beleza oculta é uma verdadeira história de pobreza à riqueza, e não apenas para Leah. Gostei do contraste entre o mundo luxuoso da moda, com todas as luzes brilhantes e pessoas bonitas, e a dureza da Polônia durante a Segunda Guerra Mundial e o campo de prisioneiros. Há questões difíceis discutidas ao longo do livro, mas todas tratadas com cuidado e honestidade, como esperado de Lucinda Riley. 

O livro é narrado por meio de múltiplas linhas do tempo e múltiplos personagens que abrangem gerações, o que torna difícil prestar atenção no início, entender quem é quem e como se relacionam. Mas é esse estilo de escrita que realmente cria uma narrativa coerente, mantendo-nos virando página após página para descobrir o que acontece a seguir com cada personagem. 

A Garota Oculta, originalmente publicado em 1993, reescrito por seu filho Harry, é uma homenagem brilhante ao legado de Lucinda Riley.

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Resenha: Miracle Cure / Harlan Coben

    Um cientista, com muito medo de estar sendo perseguido, tenta fugir. Ele sabe que se contar sobre o que está pensando, ninguém vai acreditar, ele acredita que sua vida está em risco devido ao que descobriu. Esse é o pontapé inicial, não sabemos quem está perseguindo, o motivo, e se de fato há uma perseguição. 

Sempre fiquei muito curiosa para ler esse livro, publicado nos anos 90, um dos primeiros do Harlan e que nunca foi publicado no Brasil. Sendo uma pessoa que já leu todos os livros do Harlan, posso dizer que dá pra ver nesse livro pistas do que o Harlan viria a se tornar, o Harlan que conhecemos hoje. A reviravolta final é muito surpreendente, muito! Mas é um livro com muitos personagens e acontece muita coisa, dá pra perceber que o Harlan iria conseguir 'enxugar' a quantidade de personagens e criar os livros que conhecemos hoje.

Como consegui comprar? Comprei a versão de bolso pela Amazon BR mesmo, fiquei acompanhando o preço e aproveitei uma promoção, foi 44 reais e veio dos EUA, nem precisei pagar frete, uma ótima compra né, minha dica é monitorar o site. Outra dica, numa pegada 30+, é que a letra dessa versão é bem pequena, então, se forem comprar, já fica o aviso, no meu caso, cansou um pouco o combo: ler em inglês + uma letra pitica, então demorei mais pra ler.

Tanto o Miracle Cure quanto o Play Dead, também já resenhado aqui no blog, possuem uma carta do Harlan na primeira página, vou deixar a foto aqui ao lado, ele diz que se esse for o primeiro livro dele que você pegou para ler, indica para ler outro dele e depois voltar para esse, ele ama o livro, mas é o segundo livro que ele publicou e escreveu quando tinha vinte e pouquinhos anos, então é um livro um pouco pretencioso, ele se pergunta o que estava pensando na época que escreveu. Ele cita que acontece o mesmo com todo mundo se pegar uma redação nota 10 da época da escola, anos depois, a gente pode ficar até mesmo constrangido com o que escreveu. Dito isso, vamos a história.

Sendo um livro publicado em 1991, ele trás como tema central, a discussão sobre a doença que infelizmente tirou muitas vidas durante esse período e que até hoje se busca uma cura definitiva, a AIDS.

E se uma cura fosse encontrada? Seria fácil apenas divulgar que pacientes foram curados, ou seria possível que houvesse interesses obscuros por trás, seja político, religioso ou financeiro, quem poderia ser contra uma cura que poderia salvar milhares de vidas? Suspeitos não faltam entre os personagens.

Sarah e Michael, ela uma jornalista famosa e ele um jogador de basquete, já veterano, mas ainda muito importante para o seu time. Ambos têm histórias no passado, ela tem um problema de saúde e ele não teve uma criação fácil, com problemas com o seu pai. Mas os dois encontraram um lar um no outro e se complementam. Após um exame de sangue, os dois veem ao mesmo tempo tem a melhor e a pior notícia de suas vidas.

Cassandra, irmã da Sarah, é uma mulher muito sedutora que não mede esforços para conseguir conquistar o que ou quem ela desejar. Muito diferente da irmã e ambas não são amigas.

O pai da Sarah e Cassandra é um médico que está focado na busca para uma cura para o câncer, depois que sua esposa faleceu devido a essa doença, ele luta para encontrar uma cura e acredita que a busca por ela deve ser o objetivo principal de todo o ramo médico cientifico.

Um religioso fanático que acredita que a AIDS é como uma das pragas do Egito, um castigo divino, que o homem não deve intervir, esse é o Reverendo Sanders. Ele vai em programas de tv e não tem vergonha de expor todos os seus pensamentos extremamente preconceituosos.

Uma clínica que pesquisa a cura da AIDS e tem o Harvey, como médico chefe. Ele praticamente vive para a clínica, toda sua energia é para os seus pacientes e ele acredita que encontrou a cura para AIDS. Sabe o médico, que citei lá no início? Ele trabalhava com o Harvey, Bruce é o seu nome, nós leitores sabemos que logo nas páginas iniciais ele vai ser assassinado, mas a cena do crime é forjada para que pareça um que o Bruce tirou a própria vida.

E nesse ponto que outro personagem precisa ser citado, o serial killer/assassino de aluguel, nós leitores vamos lendo as mortes das vítimas, os alvos todos tem envolvimento com a clínica do Harvey. No livro todos personagens acreditam que seja um serial killer em ação, mas nós leitores sabemos que se trata de um assassino de aluguel. Qual será o objetivo de quem o contratou?

Conforme as mortes vão ocorrendo, somos apresentados ao policial Max, ele será o responsável por tentar desvendar tudo o que está rolando, e evitar que mais mortes ocorram, mas é uma corrida contra o tempo e ele também tem seus próprios segredos que ele vai tentar deixar guardado a sete chaves.

Uma mentira em prol de um bem maior nunca é o melhor caminho, a partir do momento em que uma mentira começa a ser proferida, muitas outras precisam entrar no jogo. E quem é uma pessoa individualmente para decidir o futuro de toda a sociedade? Decidir o que é melhor, apenas levando em conta demandas pessoais? São muitas as questões levantadas no livro, e principalmente questões éticas. 

E gostei de finalmente conseguir ler esse livro, já que sempre tive muita curiosidade, mas não se tornou um dos meus favoritos, entre ele e o Play Dead, eu prefiro o Play Dead. 

Mas a cereja no topo do bolo para quem chegou até aqui na leitura da resenha é que temos o primeiro personagem do #harlanverse citado no livro! 

E é ninguém mais ninguém menos do que o Burt Wesson, o personagem que seria responsável pela lesão que tirou o Myron das quadras, o Burt é citado no livro e adivinhem? Ele está envolvido numa lesão ao personagem Michael: "Michael havia caído errado em um jogo contra o Washington Bullets, torcendo o joelho. Para piorar a situação, o gigante Burt Wesson, o jogador de 122 kg do Bullets, colidiou com o Michael na jogada. O pé de Michael permaneceu firmemente plantado no chão. Seu joelho não. Ele dobrou para o lado errado - para trás, na verdade. Houve um som de estalo, e o grito de Michael encheu o estádio."  E ai, o que acham? Será que podemos dizer que a inspiração para o Myron já estava ali, mas o Harlan ainda não tinha desenvolvido? Bem, o fato é que é sólido dizer que o primeiro personagem do #harlanverse é o Burt, e isso é um grande plot-twist, muito Harlan Coben, né não? Haha (O Burt foi citado pela primeira vez na série do Myron no livro 3, Sem deixar rastros, página 11).


"Ele nunca tinha ouvido uma voz misteriosa ou visto um verdadeiro milagre. Mas e daí? As pessoas queriam acreditar. As pessoas precisavam de algo, e ele deu a elas. Precisamos de comida, precisamos de ar, precisamos de recreação e entretenimento, e também precisamos acreditar em algo."

quarta-feira, 8 de outubro de 2025

Resenha: Círculo dos dias / Ken Follett


“Que o Deus Sol sorria para você”

    Hoje conhecemos como Stonehenge, o famoso monumento que remonta a um passado longínquo e nos desperta muitas perguntas: para que ele servia? O que faziam nele e o principal, como conseguiram construí-lo com pedras tão grandes sem o auxílio de invenções, como por exemplo, a roda? Ken Follett promete nos responder todas essas perguntas, e spoiler: ele consegue. A primeira, já temos a resposta no título: o círculo dos dias.

Seria o monumento, o primeiro calendário humano? Para saber qual o dia da semana ou qual estação do ano, ele auxiliava os povos antigos a prever os solstícios. Viajamos no tempo diretamente para meados do ano 2500 AEC, lá conhecemos uma planície que tem diferentes habitantes:


💎Os mineradores

Aqueles que procuravam o metal mais resistente do período, conhecido como sílex. Com ele produziam diversos objetos e ferramentas. Os mineradores não tinham uma comunidade muito unida, basicamente cada família trabalha por si própria e trocava o metal com outros habitantes e viajantes. Não tinham o costume de se banhar e viviam sujos devido o trabalho árduo.

🐮Os gadeiros

Aqueles que cuidam do gado. Tem a comunidade mais organizada de toda a planície. Com homens e mulheres, que desenvolvem os mesmos papéis, em um patamar de igualdade. Não tinham um trabalho muito árduo e também produziam couro. Eles têm anciãos que decidem os rumos que a comunidade irá tomar. E são os gadeiros que promovem as cerimônias dos solstícios, eram nelas que a maioria das trocas ocorriam.

🔆As sacerdotisas 

Responsáveis pela contagem dos dias do ano, e pelos rituais que aconteciam no monumento. Todo o conhecimento delas era transmitido de geração a geração através da música, elas também sabem contar.

🌱Os lavradores

Aqueles que cuidavam das plantações, sempre estavam buscando mais e mais terras para arar. Sua comunidade era composta de um Grande Homem, que tomava todas as decisões individualmente, todos os outros tinham que acatar, sob pena de diversas sanções. As mulheres não tinham voz alguma, apenas pertenciam a um homem, não podem ser solteiras ou viúvas por muito tempo.

🌳O povo da mata

Aqueles que vivem sem regras, caçam ou colhem diariamente para a subsistência do dia. Não entendiam porque os outros habitantes trabalhavam tanto. Eles conheciam a floresta com a palma da mão, eram ótimos caçadores. 

Foi muito interessante ir conhecendo cada um dos povos e suas diferentes características, cada um tinha uma forma de pensar e suas próprias regras e modo de vida. E o que hoje é normal, naquele período nem existia, por exemplo, escrever, pentear o cabelo, usar calçados e o próprio Estado. A falta de leis fez muita falta para que alguns personagens pudessem ter mais dignidade de vida, não haviam leis, então homens com objetivos obscuros podiam fazer o que bem entendessem e as mulheres sem nenhum direito, principalmente na comunidade dos lavradores não tinham opção (e nem entendiam que podiam ter), a não ser acatar o que os homens decidiam. 

Acompanhamos os personagens ao longo de mais ou menos uns 20 anos, alguns conhecemos crianças e vamos seguindo suas vidas e os altos e baixos até a idade madura. 

Antes de destacar os personagens principais, preciso falar dos vilões. Sim vilões, no plural. Há diversos, de diferentes jeitos. E mais uma vez o Follett cria personagens que eu fiquei com tanto ranço, mas tanto, que são maus em sua essência, não tem o que mude isso. Não vou citá-los individualmente aqui, selecionei apenas os personagens que eu mais gostei:

☆Seft

Um jovem minerador muito inteligente que nunca foi valorizado pela sua família. Ele sonha em construir sua própria família e viver com amor reinando ao invés de ódio. Suas habilidades vão ser fundamentais para a construção do monumento. 

“Chega de sonhar. Está na hora de agir.”

Ani 

Mãe da Neen, Joia e do Han. Ela é viúva e uma das anciãs da comunidade dos gadeiros. Ela é muito sábia e sempre é chamada para resolver os conflitos que surgem, presa pela não violência e sempre foi amorosa com todos. 

“Essa atitude pode nos levar à ruina. Não seja tão pessimista o tempo todo.”

Joia

Filha da Ani e que vai se encontrar quando se torna uma sacerdotisa. Ela fará da sua vida uma missão em construir o momento. 

“Se quiserem uma vida tranquila, digam agora e eu me afastarei para deixar que outra pessoa assuma a função. Mas, se tiverem a coragem, a coragem de tornar o Monumento algo realmente espetacular...”

Pia

Uma lavradora que se apaixona por um gadeiro e sua vida tem muitas reviravoltas. Ela não desiste de lutar pela vida que acredita ser merecedora e por mais difícil que seja, ela sempre consegue recomeçar.

“Eu não sou uma garotinha. Sou uma mulher e posso carregar um saco tão bem quanto qualquer um.”

Bez

Um líder do povo da mata, que é muito justo, ajuda a todos que pode e acredita que tudo deve ser equilibrado. Nunca precisou ser violento, mas não é uma boa ideia testá-lo.

“A morte não parecia ser assim tão ruim. Aconteceria a todos, mais cedo ou mais tarde. Era melhor não desperdiçar a vida se preocupando com ela, como faziam os lavradores e os gadeiros. Aproveitar a vida enquanto ela é boa, aceitar o fim quando ele chegar.”

E por fim, o principal, o monumento

No início era construído de madeira e isso fez com que diversas tragédias ocorrem ao longo do livro, então Joia tem a ideia de construí-lo em pedra, e Seft sabe o lugar exato onde poderiam encontrar as pedras perfeitas, bem, o problema era que é bem distante, aliás qualquer distância seria impossível para transportar tais pedras, certo? Bem, é uma longa jornada e a sequência final do livro é muito eletrizante, não consegui largar até descobrir se daria certo, se personagens com os quais eu me envolvi morreriam ou não, foi incrível demais. 

Nesse livro, o Follett não tem nenhuma pena de matar os personagens, e caramba, algumas mortes me chocaram demais! Tive que parar a leitura para respirar. Uma morte especialmente foi dolorida demais, fiquei sem acreditar.

Os personagens e certas cenas criadas pelo Follett ficam sempre comigo, a cada livro que leio dele, os períodos históricos, acontecimentos, igrejas e agora, o monumento ganham novos significados.

Pensar sobre o passado e todas as dificuldades que as pessoas tinham que superar diariamente, todas as inseguranças e mesmo assim tinham as mesmas problemáticas que temos no tempo presente: seja um coração partido, seja um líder lunático que coloca todos em perigo, a essência do ser humano está lá e não importa o quão difícil e intransponível a realização de um sonho possa ser, sempre vale a pena lutar por ele. 

“Quando alguém fazia um trabalho que odiava, tinha um parceiro de quem não gostava ou se agarrava a algum ressentimento profundo, um fracasso terrível ou uma inimizade antiga, essa pessoa ficava feia. Pessoas cuja vida estava em harmonia eram atraentes.” 

Confira resenhas de outros livros do Follett: 

quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Resenha: A Última Carta de Rebecca Yarros


"Eu tinha esquecido como era... 
Ser abraçada? ... Ser  mantida inteira. " 



    Ella e Beckett se conhecem por carta. O irmão de Ella está no exército e acha que a sua irmã e melhor amiga precisa de um amigo. Conhecendo seu parceiro e melhor amigo por quase dez anos no exército, Ryan acredita que o solitário Beckett vai se dar bem com sua irmã, uma mãe jovem e solo de gêmeos. 

Então por correspondência eles começam uma amizade. Beckett é apresentado pelo seu apelido, Caos. Esse é o único nome pelo qual Ella o conhece. 

Nos primeiros cinco capítulos, após algumas correspondências, Ella uma mãe solteira de gêmeos fica devastada quando sua filha é diagnosticada com câncer. Ella compartilhar toda sua luta e dor com Beckett. É trágico. Logo depois, o irmão de Ella, Ryan é morto em serviço. Isso não é um spoiler. 
A história toda começa aqui. 


Após alguns  meses com uma carta no bolso Beckett aparece na porta de Ella, mas Ella não sabe que Beckett é o seu amigo querido Caos. Para ela ele morreu junto com seu irmão em serviço. 

Beckett está atormentado pela culpa, após a morte do seu melhor amigo, Ryan. E, sinceramente, se você já leu um romance militar, isso não é novidade, o sofrimento e real por está vivo. Beckett mente por omissão sobre quem ele é ao se apresentar para Ella. Ele está determinado e sua missão é apoiar Ella e seus filhos  a qualquer custo. 

Ella não confia em nenhum homem, todos que passaram em sua vida acabaram indo embora. Seu pai foi para o exército, seu irmão seguindo o mesmo caminho e o pai dos gêmeos a abandonou quando soube da gravidez. Beckett não acredita que seja digno de amor e Ella não tem espaço para um romance, seu mundo é sua pousada e seus filhos. Como conciliar essas vidas? 

Entram em cena os gêmeos de 6 anos de Ella, Maisie, com câncer, e Colt, que tem a inteligência emocional de um homem de 30 anos ( ele é muito fofo). As crianças são o centro dessa história.  Ambos são apaixonados por Beckett, e é recíproco. 
Não vamos esquecer da leal Bagunçada, a cadela de serviço que é a única família que Beckett conhece. 

"Colt: Então é assim, que é ter um pai? " 

O relacionamento de Ella e Beckett evolui, eles acabam se apaixonando. Durante todo o tempo, Beckett permanece ao lado de Ella, dando-lhe milagre após milagre. Até que tudo desmorona, porque a mentira dele precisa vir à tona.

"A esperança iludia a gente, gerava sensações quentinhas e difusas para depois arrancá-las de volta."  

Este livro te dá um soco no estômago e não para até o final. A história é de cortar o coração e cheia de esperança ao mesmo tempo. E mesmo que você sinta que a felicidade nunca mais voltará, é aí que esses personagens demonstram honra e resiliência, não importa o que aconteça. E no meio disso tudo está o amor. Para mim, Beckett é quem personifica o amor neste livro.


A cena crucial perto do final foi demais para mim. Dito isso, este livro provavelmente ficará comigo por muito tempo.

terça-feira, 23 de setembro de 2025

Resenha: O segredo final / Dan Brown

“Nós proclamamos a Verdade que atende às nossas necessidades.”

    Qual seria o teor de um livro que o tornaria perigoso? Dan Brown nos traz a reposta: a natureza da consciência humana. Ora, só isso? Mas já não é um tema muito debatido e que todo mundo já sabe, cada um tem uma consciência e tal... bem, "O segredo final" nos mostra que tudo o que acreditamos ser verdade sobre consciência pode estar errado...

A melhor definição dos livros do Dan Brown é ‘suspense intelectual’, porque a gente aprende muito durante a leitura, eu leio com o google aberto do lado para ir pesquisando e conhecendo os lugares citados no livro e todos são reais. Além das locações, os livros dele também trazem questões religiosas, filosóficas, científicas, fazem a gente pensar em diversos aspectos da própria vida. Então, passo todo o pano para o fato dele ter demorado em entregar mais um livro do nosso querido Robert Langdon, a espera vale muito a pena. 

E o mais legal é que um livro tendo como título ‘o segredo final’, teve muito segredo envolvendo a sua publicação, que foi mundial. Todo mundo queria saber do que se tratava e qual seria a área em que o Robert Langdon iria desbravar e depois de muito mistério e ansiedade, descobrimos que é sobre a natureza da consciência humana.  A forma que esse tema foi desenvolvido no livro foi incrível, eu fiquei ansiando por mais e mais informações e argumentações. 

Estamos em Praga.

“A cidade de Praga sempre lhe parecera um lugar encantado, um instante congelado no tempo. Por ter sofrido bem menos estragos do que outras cidades europeias durante a Segunda Guerra Mundial, a capital histórica da Boêmia ostentava prédios estonteantes, ainda cravejada com todas as joias da sua arquitetura original, uma amostra única, variada e intacta de construções romanescas, góticas, barrocas, art nouveau e neoclássicas.”

O Robert foi acompanhar a sua namorada, Katherine, ela recebeu um convite para fazer uma palestra sobre seus estudos no campo da ciência noética. Ela está terminando de escrever um livro, que já tem acordo para ser publicado e promete revelar questões inéditas para o campo científico, todo mundo está muito curioso para saber o que tem no livro, inclusive o Robert, já que ela não contou nem para ele. 

No dia seguinte à palestra, o Robert acorda e vai cumprir sua rotina, que mesmo estando viajando, ele não deixa de ser regular: ele vai nadar. E para isso precisa ir até a piscina que ele encontrou. Conforme ele se encaminha para o local, vai relembrando sobre a palestra, e compartilha as falas da Katherine, ele relembra também que ela teve um pesadelo que a fez acordar durante a noite, um sonho muito esquisito envolvendo uma bomba.

“Nunca faça a um historiador uma pergunta para a qual não queira uma resposta completa.”

Quando Robert, por mais cético que seja, percebe que o sonho da Katherine pode estar se materializando, ele não pensa duas vezes em fazer o que estiver no seu alcance para salvar vidas, mesmo que isso o coloque como alvo da polícia. E a partir desse momento, tudo vira um caos.

Além da parte intelectual, temos também o suspense, a todo tempo ou estamos sendo perseguidos ou estamos perseguindo alguém e aos poucos vamos entendendo os interesses de cada um dos personagens:

➕O Golem se diz o protetor, mas fica nebuloso quem ou o que ele está protegendo, envolto em muito mistério e com uma forte pegada ritualística, ele traz para a leitura a parte mística. 

A embaixadora americana, a gente fica sem saber em quem confiar, será que a embaixadora está trabalhando em prol de interesses obscuros? A Embaixada seria o local mais seguro, ou será que não?

Em Nova York, o editor que já trabalhou com milhares de livros, agora se vê vivendo algo que parece ter saído de um livro. Primeiro, o manuscrito da Katherine some do drive da editora, eles têm uma segurança de ponta, porque não podem trabalhar com a possibilidade de vazamentos e além disso, vivem enfrentando hackers, mas o que está acontecendo no momento é algo inédito. Mal sabe ele que irá viver um dos dias mais doidos de toda sua carreira.

É muito legal que o Dan fica brincando com o fato de que nós estamos lendo um livro que fala sobre um livro.

Em Londres, o misterioso Sr. Finch. Ele parece comandar uma caça sem lei à Katherine e o manuscrito, agora, quem ele é, e qual é o seu interesse no manuscrito vamos entendendo aos poucos.

A polícia de Praga, o capitão vai fazer de tudo para incriminar o Robert, quando ele explica toda a verdade, a polícia acredita que seja um blefe. As coisas ficam muito complicadas para nosso querido professor.

A mente do Robert

Ele lembra de tudo. É como se fosse o superpoder dele. Para além de uma simples memória fotográfica, ele consegue se lembrar de qualquer informação visual, imagina? 

“Para ele, era impossível diferenciar o efeito da lembrança “eidética” da visão do objeto em si. Sua memória eidética – palavra que vem do grego eidos, que significa “forma visível – lhe permitia recordar de maneira precisa e plena qualquer informação visual.”

Poder e ciência

Ao longo da História, são muitos os exemplos de casos em que a ciência foi usada para a obtenção de poder. Fiquei muito impactada pela leitura, todo livro do Dan tem esse efeito. Ficamos por dias pensando sobre o que aconteceu e se tudo o que foi colocado em questão lá, fosse na vida real. 

Mesmo com toda a seriedade do tema intelectual e com o suspense dos capítulos curtinhos, ainda dá espaço para o romance e para situações engraçadas. 

Quais são os limites da ciência? A ética e a moral devem estar na equação? E quando o desenvolvimento científico se torna uma arma? Já vivemos diversos períodos nos quais houve corrida, para descobrir da bomba atômica a uma forma de explorar o espaço. Em "O segredo final", Dan Brown nos traz uma ideia de que a próxima corrida, pode não ser física, mas mental.

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“A percepção humana está repleta de pontos cegos. Às vezes estamos tão ocupados olhando para o lado errado que deixamos de ver o que está bem na nossa frente.”