terça-feira, 23 de setembro de 2025

Resenha: O segredo final / Dan Brown

“Nós proclamamos a Verdade que atende às nossas necessidades.”

    Qual seria o teor de um livro que o tornaria perigoso? Dan Brown nos traz a reposta: a natureza da consciência humana. Ora, só isso? Mas já não é um tema muito debatido e que todo mundo já sabe, cada um tem uma consciência e tal... bem, "O segredo final" nos mostra que tudo o que acreditamos ser verdade sobre consciência pode estar errado...

A melhor definição dos livros do Dan Brown é ‘suspense intelectual’, porque a gente aprende muito durante a leitura, eu leio com o google aberto do lado para ir pesquisando e conhecendo os lugares citados no livro e todos são reais. Além das locações, os livros dele também trazem questões religiosas, filosóficas, científicas, fazem a gente pensar em diversos aspectos da própria vida. Então, passo todo o pano para o fato dele ter demorado em entregar mais um livro do nosso querido Robert Langdon, a espera vale muito a pena. 

E o mais legal é que um livro tendo como título ‘o segredo final’, teve muito segredo envolvendo a sua publicação, que foi mundial. Todo mundo queria saber do que se tratava e qual seria a área em que o Robert Langdon iria desbravar e depois de muito mistério e ansiedade, descobrimos que é sobre a natureza da consciência humana.  A forma que esse tema foi desenvolvido no livro foi incrível, eu fiquei ansiando por mais e mais informações e argumentações. 

Estamos em Praga.

“A cidade de Praga sempre lhe parecera um lugar encantado, um instante congelado no tempo. Por ter sofrido bem menos estragos do que outras cidades europeias durante a Segunda Guerra Mundial, a capital histórica da Boêmia ostentava prédios estonteantes, ainda cravejada com todas as joias da sua arquitetura original, uma amostra única, variada e intacta de construções romanescas, góticas, barrocas, art nouveau e neoclássicas.”

O Robert foi acompanhar a sua namorada, Katherine, ela recebeu um convite para fazer uma palestra sobre seus estudos no campo da ciência noética. Ela está terminando de escrever um livro, que já tem acordo para ser publicado e promete revelar questões inéditas para o campo científico, todo mundo está muito curioso para saber o que tem no livro, inclusive o Robert, já que ela não contou nem para ele. 

No dia seguinte à palestra, o Robert acorda e vai cumprir sua rotina, que mesmo estando viajando, ele não deixa de ser regular: ele vai nadar. E para isso precisa ir até a piscina que ele encontrou. Conforme ele se encaminha para o local, vai relembrando sobre a palestra, e compartilha as falas da Katherine, ele relembra também que ela teve um pesadelo que a fez acordar durante a noite, um sonho muito esquisito envolvendo uma bomba.

“Nunca faça a um historiador uma pergunta para a qual não queira uma resposta completa.”

Quando Robert, por mais cético que seja, percebe que o sonho da Katherine pode estar se materializando, ele não pensa duas vezes em fazer o que estiver no seu alcance para salvar vidas, mesmo que isso o coloque como alvo da polícia. E a partir desse momento, tudo vira um caos.

Além da parte intelectual, temos também o suspense, a todo tempo ou estamos sendo perseguidos ou estamos perseguindo alguém e aos poucos vamos entendendo os interesses de cada um dos personagens:

➕O Golem se diz o protetor, mas fica nebuloso quem ou o que ele está protegendo, envolto em muito mistério e com uma forte pegada ritualística, ele traz para a leitura a parte mística. 

A embaixadora americana, a gente fica sem saber em quem confiar, será que a embaixadora está trabalhando em prol de interesses obscuros? A Embaixada seria o local mais seguro, ou será que não?

Em Nova York, o editor que já trabalhou com milhares de livros, agora se vê vivendo algo que parece ter saído de um livro. Primeiro, o manuscrito da Katherine some do drive da editora, eles têm uma segurança de ponta, porque não podem trabalhar com a possibilidade de vazamentos e além disso, vivem enfrentando hackers, mas o que está acontecendo no momento é algo inédito. Mal sabe ele que irá viver um dos dias mais doidos de toda sua carreira.

É muito legal que o Dan fica brincando com o fato de que nós estamos lendo um livro que fala sobre um livro.

Em Londres, o misterioso Sr. Finch. Ele parece comandar uma caça sem lei à Katherine e o manuscrito, agora, quem ele é, e qual é o seu interesse no manuscrito vamos entendendo aos poucos.

A polícia de Praga, o capitão vai fazer de tudo para incriminar o Robert, quando ele explica toda a verdade, a polícia acredita que seja um blefe. As coisas ficam muito complicadas para nosso querido professor.

A mente do Robert

Ele lembra de tudo. É como se fosse o superpoder dele. Para além de uma simples memória fotográfica, ele consegue se lembrar de qualquer informação visual, imagina? 

“Para ele, era impossível diferenciar o efeito da lembrança “eidética” da visão do objeto em si. Sua memória eidética – palavra que vem do grego eidos, que significa “forma visível – lhe permitia recordar de maneira precisa e plena qualquer informação visual.”

Poder e ciência

Ao longo da História, são muitos os exemplos de casos em que a ciência foi usada para a obtenção de poder. Fiquei muito impactada pela leitura, todo livro do Dan tem esse efeito. Ficamos por dias pensando sobre o que aconteceu e se tudo o que foi colocado em questão lá, fosse na vida real. 

Mesmo com toda a seriedade do tema intelectual e com o suspense dos capítulos curtinhos, ainda dá espaço para o romance e para situações engraçadas. 

Quais são os limites da ciência? A ética e a moral devem estar na equação? E quando o desenvolvimento científico se torna uma arma? Já vivemos diversos períodos nos quais houve corrida, para descobrir da bomba atômica a uma forma de explorar o espaço. Em "O segredo final", Dan Brown nos traz uma ideia de que a próxima corrida, pode não ser física, mas mental.

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“A percepção humana está repleta de pontos cegos. Às vezes estamos tão ocupados olhando para o lado errado que deixamos de ver o que está bem na nossa frente.”

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Resenha: A luz entre as frestas / Louise Penny

Pegue o seu gorro, separa sua luva e munido da sua lupa, partiu viajar para Three Pines mais uma vez? Acho que já posso falar que tenho uma residência fixa por lá, ‘A luz entre as frestas’ é o livro 9 da série do Inspetor Gamache e um dos mais emocionantes.

    Será que a luz sempre é capaz de superar a escuridão? E se o buraco for tão fundo, mas tão fundo que nenhum resquício de luz consegue chegar lá? Nós vamos descobrir que a luz pode iluminar mesmo que a frestas seja bem pequena. 

Gamache sempre acreditou que as coisas boas superariam as ruins, que no final, por mais difícil que fosse o percurso, o bem venceria, bem, até esse livro. O Gamache aqui não está no seu auge, pelo contrário, está cabisbaixo, quase destruído. Seu departamento foi desmembrado, seus queridos agentes espalhados, seu braço direto e melhor amigo, se virou contra ele, será que valia a pena continuar lutando? A resposta, não surpreende, sim. Nosso querido inspetor não vai cair sim antes lutar (e muito).

Gamache é desacreditado o tempo todo, mesmo que ele afirme que há algo acontecendo, as pessoas ficam ironizando e subestimando o grande inspetor. Uma agente que já conhecemos em livros anteriores e eu particularmente peguei um ranço dela, está de volta e além disso ajuda a bessa no caso.

“A nossa vida é como uma casa. Algumas pessoas são admitidas no jardim; outras, na varanda; e outras, no vestíbulo ou na cozinha. Os melhores amigos são convidados para avançar mais ainda, até a sala de estar.”

Em quem confiar, quando você não sabe mais quem é confiável? Quando todos que estão ao seu redor podem estar corrompidos, seu telefone e sua sala estão grampeados e quando você conta ao psicólogo, o diagnóstico é sobrecarga de trabalho e recomendação de afastamento, ninguém acredita em você. É assim que o Gamache está, numa espécie de ilha.

Nesse livro temos duas histórias, a primeira que vem se desenrolando por diversos livros da série, sobre conspirações dentro da polícia, que remontam ao passado do Gamache e a tentativa de terrorismo, tudo isso que nós já lemos em livros anteriores. Eu sempre fiquei muito curiosa para entender toda essa conspiração que sempre tirou noites de sono do Gamache, foi incrível descobrir tudo. A segunda envolve um famoso e antigo caso das quíntuplas, o milagre do passado e a vida obscura, imagina cinco bebês nascerem de uma só vez?

Gamache vai até Three Pines a pedido da Myrna. Uma querida amiga dela, ficou de retornar ao vilarejo para o Natal, mas não dava sinal de vida desde uns dias, ela pede ajuda ao nosso inspetor favorito.

E uma morte que a princípio poderia parecer natural, é na verdade uma cena de um assassinato, e o passado da vítima evidencia que pode ter mais complexidades do que a princípio se imaginou: ela era uma das quíntuplas. 

“O medo quando descontrolado, se tornava pavor, o pavor crescia até virar pânico, e o pânico criava o caos. E, então, era um deus nos acuda.”

A visitante

Constance vai até Three Pines e é acolhida pelos moradores, amiga de longa data da Myrna, Constance passa alguns dias conhecendo e se conectando com todos os moradores. Mas ela que parecia ser apenas uma senhora reclusa, na verdade é uma celebridade antiga, quase uma lenda. 

Jean Guy

Como é dolorido ler sobre o Jean Guy nesse livro, e vê-lo distante do Gamache partiu o meu coração. O Gamache não deixa de se preocupar com ele, mas há um abismo entre os dois. A gente fica se perguntando se é possível que eles se reconectem. 

Ruth e a pata

A famosa poeta, que alguns dizem ser doida (não somos todos, afinal?), está com sua fiel escudeira, uma pata. Nos faz pensar muito com suas falas e observações. É com um ‘eu te amo’ que ela vai ajudar nosso querido inspetor, mesmo sem saber que estava ajudando.

“Quem te machucou uma vez

de maneira tão irreparável,

que te fez saudar cada oportunidade

com uma careta?”

Individualidade

O caso das cinco irmãs gêmeas me fez pensar sobre individualidade, como ser você mesmo, se existem várias cópias de você? E mais, como ser indivíduo quando você sempre foi visto apenas como um conjunto? São vários dilemas. Logo após a Grande Depressão, a família delas, que sempre foi muito humilde acaba se envolvendo com o governo, e todos os desmembramentos são muito interessantes e bem tristes.

Egoísmo e poder

Existem limites para o egoísmo? E para a busca pelo poder? Tanto no desdobramento e revelação do mistério que vem permeando livros anteriores, envolvendo superiores do Gamache, ao caso envolvendo as quíntuplas, o egoísmo e poder são fatores importantes. 

O final é muito eletrizante e muito emocionante. O final de uma jornada, bonito demais! Fiquei emocionada de verdade. Three Pines já virou uma espécie de lar pra mim, me sinto em casa com esses personagens e com todas as reflexões que a Louise Penny coloca em jogo através de todos eles. 

Toda resenha sobre um livro novo dessa série, eu falo a mesma coisa: é o melhor! E de novo, preciso dizer que esse é o melhor livro da série (até agora). Já é o livro 9 e os personagens já são como meus amigos, eu conheço muito bem cada um deles e principalmente torço por eles e sei em quem posso confiar, então a leitura tem uma profundidade muito maior, porque eu entendo o papel de todos os personagens e que cada um deles tem suas próprias batalhas. Todo livro tem novidades sobre a vida de cada um. E a escolha que um personagem precisa fazer na reta final do livro é de matar (literalmente).

“Todos nós temos nossos albatrozes.” 


Confira as resenhas dos livros anteriores (em ordem de leitura):

Natureza-morta

Graça fatal

O mais cruel dos meses

É proibido matar

Revelação brutal

Enterre seus mortos

Um truque de luz

O belo mistério

A luz entre as frestas

sexta-feira, 29 de agosto de 2025

Resenha: A sete chaves : Freida McFadden

 

Quando a Dra Nora Davis tinha onze anos, seu pai, Aaron Neilling, foi preso. Ele era um assassino em série e matou mulheres no porão de sua casa. Não é de se admirar que Nora não tinha permissão para ver a oficina do seu pai, que era no porão. Isso foi há 26 anos, e o pai de Nora está cumprindo dezoito sentenças consecutivas de prisão perpétua. A mãe de Nora também foi acusada. Ela se matou na prisão.

Nora foi criada por sua avó materna, mudou seu sobrenome e tornou-se uma cirurgiã de sucesso, ela garantiu que ninguém soubesse de seu parentesco com o famoso serial killer  "Mãos de Fada". 

Nora leva uma vida tranquila e solitária, ela canaliza toda a sua energia em sua clínica e nas cirurgias.Ela opta por não ter filhos, seus relacionamentos são breves e esquecíveis, e sua casa está sempre vazia. Mas, ao contrário da casa de sua infância, a porta do porão não está trancada.

A vida de Nora vira de cabeça para baixo quando  um policial á procura, e diz que uma de suas jovens pacientes foi brutalmente  assassinada. 

Da mesma maneira singular e horrível que seu pai costumava matar suas vítimas. Aaron Neilling  frequentemente se aproximava de mulheres de cabelos escuros e olhos azuis brilhantes, e decepava  as mãos das vítimas. 

O policial sabe quem é o pai de Nora, e com o surgimento de uma segunda vítima que também era sua paciente, ela se torna a principal suspeita dos assassinatos. 

" Alguém estava me seguindo. Alguém plantou sangue no porão da minha casa. Alguém colocou a mão decepada de uma pessoa no porta-malas do meu carro.

E não faço ideia do porquê." 

Seu pai está preso, mas alguém sabe que ela é a filha do " Mãos de Fada" e está tentando incriminar Nora, ela precisar descobrir quem realmente é o assassino para não acabar na prisão como seu pai. 

Meu único problema foi com o final um pouco abrupto, surgiu repentinamente. Gosto de ter algumas pistas. Porém A Sete Chaves é um  livro de ritmo rápido e fluido. 

Você leu algum livro de Freida? 

Outras resenhas da Freida: 

 Até o último de nós

O Detento

A Empregada

O Segredo da empregada

A empregada está de olho

domingo, 24 de agosto de 2025

Resenha: O dilema da noiva / Elena Armas

Bem amigos de Green Oak, estamos de volta! E agora sem futebol, entramos no mundo dos casamentos, relações públicas e podcasts, vale tudo por um furo? 

Josie nunca teve um pai presente. Sempre foi ela e sua mãe contra o mundo, quando sua mãe faleceu, ela só não se sentiu totalmente sozinha porque tinha Green Oak, a cidadezinha que ela tanto ama e a ama de volta. E também o avô emprestado, Vovô Moe, que faria qualquer coisa para o bem-estar da Josie. 

No livro "Amor em jogo" descobrimos que Josie é irmã da Adalyn e essa novidade cai como uma bomba, como assim? O pai delas, Andrew, não é uma pessoa fácil de lidar.

E como se não bastasse ser filha de um cara muito rico e famoso, Josie tinha em seu histórico, não um, ou dois, ou três, mas quatro noivados que deram errado, então quando vem à tona que o Andrew tinha uma filha "escondida" e ela tinha esse passado, os canais de fofoca ficam aficionados e a vida da Josie vira um caos por causa das Relações Públicas, tudo para preservar a imagem do Andrew.

Precisa ler o ‘Amor em jogo’ para entender ‘O dilema da noiva’? Não. Maaas, eu garanto que a leitura do dilema vai ser muito mais prazerosa, se ler o amor antes. Porque assim a gente já conhece os personagens e vamos ver consequências do final do ‘amor em jogo’. 

“Coisas bonitas não devem ser colocadas em caixinhas. Elas acabam perdendo o brilho.”

Situações muito engraçadas

Uma das cenas iniciais envolve a Josie, um anel, geleia e muita sujeira, a partir daí já percebi qual seria o tom do livro e como ele seria divertido e não estava enganada, ri a bessa durante a leitura das situações muito inusitadas que acontecem.

Casamento de mentirinha

Um fake dating, ou melhor um fake wedding, é bem óbvio constatar, sendo esse um livro de romance, que o casal vai acabar se apaixonando né. Em um momento do livro eu fiquei me questionando se não estava acontecendo tudo rápido demais, mas lá pro final tem uma reviravolta envolvendo uma troca de mensagens que fez tudo fazer sentido.

Josie e Matthew

Alguém falou química? Esses dois são a tabela periódica inteira! Eles combinam muito! O jeito de levar a vida com leveza, de fazer brincadeiras, ver beleza nas coisas mais simples e estar disposto a amar. Que casalzão! É impossível não torcer por eles. A Elena Armas sabe como criar personagens masculinos como ninguém, aquela máxima de homens criados por mulheres serem os melhores nunca falha. O Matthew é um sonho. 

Babado real

Podcasts de fofoca sobre a vida das pessoas. Será que a gente precisa mesmo saber detalhes sobre a privacidade das pessoas? Eu particularmente não consumo e não sou fã de podcasts, fiquei bastante irritada com o podcast do livro, onde ficam fuxicando a vida da protagonista. Ela nunca foi famosa e nem queria fama, mas do nada vê suas próprias fotos expostas em páginas com milhares de seguidores.

Fiquei incomodada em alguns momentos com o podcast e com o fato da Josie não se impor, colocar sua vontade em segundo lugar em prol de um pai que nunca fez questão de ter ela em sua vida, um lado meu entende, ela queria fazer tudo pra agradá-lo, mas fiquei irritada em alguns momentos.

Outro ponto que sempre me irrita em romances em geral são cenas de sexo onde não usam camisinha. O uso de anticoncepcional não livra ninguém de doenças sexualmente transmissíveis, acho bem chato romantizar o não uso, quando teria zero problema só ter um "pega a camisinha amor" e fim de papo. 

Escutar x ouvir

Muita gente nos escuta, mas quem de fato nos ouve? 

Pensar sobre isso foi um dos pontos altos do livro pra mim. Muita gente julgava a Josie por "ter fugido" do altar muitas vezes, mas quem foi lá entender as razões dela? E mais, o quão corajosa a Josie é, de continuar tentando. Desistir sempre é o caminho mais fácil, acreditar no amor e ter esperança exige força e coragem (lembrei do discurso do padre de Fleabag, amor não é para os fracos).

“Me explica seu processo. Despeja tudo. E não deixa de fora isso aí que tá te deixando com essa testa enrugada. Quero saber de todos os seus pensamentos confusos.”

“Quero ouvir sobre você. Do que você gosta, do que não gosta, suas paixões, seus medos, o que faz você sorrir e o que te deixa triste. Depois eu vou fazer a mesma coisa.”

É um livro muito gostoso de ler, para quem curte comédias românticas tem a medida certa de tudo que esperamos encontrar: um homem por quem vamos nos apaixonar durante a leitura, uma protagonista por quem a gente vai torcer e sentir um pouquinho de vergonha alheia e um final para deixar a gente suspirando.


“Talvez dizer eu te amo devesse mesmo parecer muito impactante. Fazer com que a gente se sinta nua. Exposta. Tão impactante que a gente morre de medo de se machucar. Tão forte que ninguém pode nos tocar. Talvez o amor devesse mesmo deixar uma marca.” 


Confira a resenha dos outros livros da Elena Armas:

Amor em jogo

Uma farsa de amor na Espanha

Um experimento de amor em Nova York

sábado, 9 de agosto de 2025

Resenha: Onde a biblioteca se esconde / Isabel Ibañez

O final da duologia Segredos do Nilo faz a gente embarcar numa aventura de tirar o fôlego, com pitadas de romance e toques de fantasia, ‘Onde a biblioteca se esconde’ nos leva para um Egito dos anos 1885, ao lado da Inez, que descobrirá que apostar no amor pode colocar tudo a perder.

Voltamos para o Egito. Depois dos acontecimentos do primeiro livro, eu estava muito curiosa para saber o que iria acontecer na sequência. É ótimo que a série é apenas uma duologia, então a gente não precisou esperar muito tempo para ter as respostas.  Foram apenas alguns meses entre a publicação do primeiro e segundo. Eu tentei ir lendo devagar, mas chegou num ponto que não consegui mais largar o livro. Tem uma reviravolta que me chocou demais, e a partir desse ponto não parei até finalizar a leitura.

No primeiro livro eu descobri que nenhum personagem está sã e salvo, eu pensei, ah um personagem principal não vai morrer, né? Né? Bem, eu estava errada. Então agora na continuação fiquei muito apreensiva, porque qualquer um dos personagens aos quais eu já super me apeguei poderia morrer. 

Para quem gosta de filmes como ‘A Múmia’ e ‘A lenda do tesouro perdido’, a duologia é imperdível, o livro segue essa mesma vibe e entrega muito. A gente se apega aos personagens e torce demais por eles, além de imaginar os cenários, que são todos incríveis.

Inez

Ela está determinada a ficar no Egito, localizar sua mãe e todos os itens que ela roubou. Inez também ainda tem esperanças de que irá encontrar o seu pai vivo. E para tudo isso, ela precisa contrariar o seu tio Ricardo e permanecer no Egito. E a única alternativa que ela encontra, envolve ele, o Whit. 

“Inconsequente. Tola. Impulsiva.

Pelo menos eu estava assumindo o controle da minha vida. Tomando uma decisão que me permitia fazer o que eu queria, mesmo que viesse a ser um erro. Se fosse, eu encontraria uma maneira de consertá-lo. Eu sempre encontrava. Eu podia confiar em mim mesma para saber o que eu queria.”

Whit

O charmoso e misterioso ex-soldado britânico que trabalha para o tio Ricardo realizando espionagens e também fazendo a segurança. Ele irá propor a Inez que se casem e assim os problemas dela estariam resolvidos, certo? Mas ele tinha interesses obscuros nesse casamento, que Inez descobrirá tarde demais.

No caos absoluto da minha vida, você é a única coisa que faz sentido. Você me perguntou quais são os meus motivos, e eu ainda não sei todos eles, mas sei uma coisa importante. É você que eu quero.

Os capítulos são narrados pela Inez e em quase todo final de capítulo nós temos trechos narrados pelo Whit, então nós leitores sabemos de tudo (ou quase tudo, porque eles escondem fatos de nós também!!). É muito divertido ler e ver que um está apaixonado pelo outro e colocará a própria vida em risco num piscar de olhos para salvar um ao outro, mas não dão o braço a torcer na hora de expor o que sentem. Ela fica com raiva dele por ele não revelar tudo e ele fica em pânico para protege-la com todas as ideias mirabolantes que ela tem. Me diverti demais e torci muito para que eles conseguissem ter um final feliz juntos, será que veio aí?

A magia

Existem muitos objetos tocados pela magia, que são capazes que realizar feitos surpreendentes, o anel que Inez ganhou do pai faz com que ela tenha visões do passado, dos tempos da Cleópatra, e isso irá fazer com que nossa jovem protagonista fique na mira de pessoas com interesses obscuros. Os objetos mágicos são muito legais, além do anel, a Inez também tem um lenço que encolhe objetos e há outra personagem que possui uma câmera fotográfica que releva o que está além das paredes.

"Eu estava sonhando, e o anel dourado era um peso insistente em meu dedo. Eu não sabia exatamente como, mas, de alguma forma, minha intuição funcionava mesmo em meu subconsciente. Meus membros pareciam pesados, enfiados sob as cobertas, e eu estava vagamente ciente de que me encontrava envolta em um véu transparente."

Confiança

A confiança é sem dúvidas uma das temáticas mais importantes do livro, laços familiares ou amorosos garantem que a pessoa possa receber sua total confiança? Será que podemos confiar sem medo nas pessoas que amamos? Ou é melhor ter um pé atrás? A Inez vai ver sua confiança sendo quebrada diversas vezes e a gente fica se perguntando se ela será capaz de voltar a confiar em quem ama. 

Ela viveu a maior parte distante de seus pais, ela os idealizava e ter a frustração com a mãe no primeiro livro faz ela questionar seus próprios princípios e agora no segundo livro ela terá que lidar com mais frustrações, que colocará em cheque tudo que ela acredita.

“Papa costumava dizer que, quando eu me sentia perdida, era porque não estava sendo sincera comigo mesma. Ele explicava, com a voz suave, adequada a biblioteca e igrejas, que as pessoas tinham medo de dizer a verdade para si mesmas. Elas preferiam mentir, negar ou ignorar o que estava bem diante delas.”

Descobertas

O Egito é conhecido pelas escavações e grande descobertas e a leitura mostra o quão é importante que as pessoas que trabalham, revelando a História e dando a oportunidade de que o mundo inteiro possa conhecer o passado da humanidade, sejam valorizadas. E o tráfico e contrabando de itens históricos seja sempre banido. No livro, além de objetos mágicos, relíquias, há também um pergaminho alquímico, muito cobiçado que se caísse nas mãos erradas poderia representar uma tragédia e também alguns lugares escondidos, que iremos explorar ao lado dos nossos protagonistas. 

"A Grande Biblioteca de Alexandria for uma das bibliotecas mais famosas da Antiguidade. Era dedicada às nove musas das artes e era um centro de conhecimento. Abrigava milhares de pergaminhos não apenas da história egípcia, mas de dezenas de países."

As personagens femininas

Preciso destacar que todas as personagens femininas são mulheres fortes e muito inspiradoras, sejam pro bem ou pro mal, todas elas lutam pelo que acreditam e nunca há limites por serem mulheres. Lembrando que na época em que o livro é ambientado, as mulheres não tinham muitos direitos, dependiam muito de maridos, se não fossem casadas, tinham pouca autonomia e ao se casar, eram praticamente como objetos de seus maridos, mas no livro nenhuma das personagens femininas desempenha o papel de donzela em perigo, pelo contrário, está em perigo quem ousar cruzar o caminho delas, eu amei.

Inez e Whit nos mostram com suas aventuras que sempre vale a pena lutar pelo que acreditamos, já que viver um eterno 'e se' não é viver de verdade. Magia, amor e descobertas, 'Onde a biblioteca se esconde' promete e entrega muita aventura e sim, um final para deixar o coração quentinho.



"Eu estava tendo muita dificuldade em manter meu coração alinhando com minha mente."


Confira a resenha do primeiro livro:

1- O que o rio sabe

2- Onde a biblioteca se esconde

segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Resenha: Pense duas vezes - Harlan Coben




" O homem planeja, Deus ri."


    Myron Bolitar e Win Lockwood estão de volta em "Pense Duas Vezes", livro doze da série Myron Bolitar, cheio de drama, com todos os tons certos para  desafiar nossa perspectiva sobre amizade, amor, família e lealdade. É um quebra-cabeça no estilo Harlan Coben que mantém você na dúvida antes de terminar com um estrondo.  

Personagens de séries fictícias muitas vezes parecem estar presos em uma distorção temporal bizarra. Os anos passam e mais livros são escritos, mas, esses personagens sempre permanecem com a mesma idade.Em contraste, Harlan  permitiu que o protagonista de sua série, Myron Bolitar, envelhecesse. Myron passou de um jovem agente de sucesso para um homem de meia-idade bem ciente de sua mortalidade. Harlan retrata o  envelhecimento dos personagens de forma realista, mostrando suas limitações e o impacto do tempo em suas vidas. 

A história começa em ritmo acelerado com Myron sendo abordado pelo FBI, que exige que ele diga onde seu antigo cliente, Greg Downing, está escondido. O DNA de Greg foi encontrado em uma cena de assassinato. O único problema é que Greg está morto há três anos. Myron e seu melhor amigo, Win, partem em busca por respostas. A história rapidamente se desenvolve em uma busca pelo cliente presumivelmente morto, antes do FBI. Isso se transforma em uma investigação de pessoas desaparecidas, desenterrando pistas e entrando em conflito com outras partes interessadas no caso, incluindo um chefe da máfia sinistro com um apelido engraçado.

O que os leitores sabem desde o primeiro capítulo do livro, mas Myron e Win não, é que as supostas vítimas do assassinato de Greg podem ser as vítimas mais recentes de um assassino em série. Vários capítulos do livro são escritos em segunda pessoa, da perspectiva do assassino. Este assassino não se limita a matar as vítimas sem deixar rastros. Em vez disso, deixa evidências cuidadosamente plantadas para incriminar um inocente com um motivo. Os leitores obtêm insights cada vez mais detalhados sobre como o assassino planeja e executa tanto os assassinatos quanto as incriminações.

Assim que a polícia captura o bode expiatório, o caso é oficialmente encerrado, então não há um padrão de casos não resolvidos para as autoridades rastrearem. Se estiver vivo, Greg pode ter sido o alvo mais recente da armação deste assassino. 

Com o FBI apresentando evidências suficientes para sugerir que Downing pode ter fingido a própria morte e ainda estar vivo, e agora em fuga, Myron visita sua "ex destrutiva", Emily. A rivalidade de Myron com Downing na quadra de basquete é apenas o começo de uma teia emaranhada de uma história complicada entre os dois homens, uma história que inclui Emily também, que foi casada com Greg. Na época da faculdade, Emily chegou a terminar com Myron para ficar com Greg, mas, por uma reviravolta do destino, Myron teve um caso de uma noite com Emily pouco antes de ela se casar com Greg, o que resultou no nascimento de Jeremy, o filho biológico de Myron que foi criado por Greg , o homem que Jeremey considerava seu pai "de verdade".

O livro doze da série Myron Bolitar é um verdadeiro presente para os fãs de longa data,  que com certeza vão adorar esta história que apresenta personagens que já  conhecemos e amamos, e como eles são desafiados. O trio Myron, Win e Esperanza, com suas investigações afiadas e conversas extrovertidas, o mestre do diálogo espirituoso não deixa a desejar. ( Agradecemos). Nossa maravilhosa secretária excêntrica Big Cyndi. Assim como Al e El Bolitar e esposa de Myron,Terese. 

Mas se você não conhece esses personagens, não deixe que isso o assuste e desista de ler este livro. É fácil se atualizar sobre as histórias e os relacionamentos dos personagens dentro da trama.   

Uma história arrebatadora, com enredos excelentes e às reviravoltas são  simplesmente de tirar o fôlego. Pense Duas Vezes, provou ser uma leitura incrível, astuta, inteligente e altamente viciante, comprovando  mais uma vez a habilidade de Harlan Coben em criar um thriller brilhante com um final explosivo. Eu me diverti, fiquei em pânico e desacreditada em alguns momentos. Se ainda não leu, corre!!! 



Cronologia Série Myron Bolitar : 

🟦 Quebra de confiança 
🟦 Jogada Mortal 
🟦 Sem Deixar Rastros 
🟦 O Preço Da Vitória 
🟦 Um passo em falso 
🟦 Detalhe Final 
🟦 O Medo Mais Profundo
🟦 A promessa 
🟦 Quando ela se foi 
🟦 Alta tensão 
🟦 Volta para casa
🟦 Pense duas vezes 

quarta-feira, 30 de julho de 2025

Resenha: Até O Fim do Verão - Abby Jimenez


" Em um mundo onde podemos escolher entre a raiva e a empatia, sempre escolha a empatia. " 


    Emma nunca ficou em um lugar por mais de alguns meses. Como enfermeira viajante, isso é de se esperar, mas para Emma é um pouco mais profundo do que isso. Sua melhor amiga e irmã adotiva Maddy, sabe disso, e viaja para o trabalho com ela. Até um dia,  quando Emma conhece um cara através de post na internet, Justin, que tem a mesma "maldição"  que ela (todo mundo com quem eles se relacionam,  terminam e  encontra sua alma gêmea em seguida), ambos decidem namorar, para ver se conseguem quebrar suas próprias maldições, mas eles só vão fazer isso durante o verão.

Era para ser uma aventura rápida, só por um verão. Mas Emma é pega de surpresa com o reaparecimento de sua mãe e tem que lidar com ela. Enquanto, Justin, precisa assumir a guarda dos três irmãos, pois sua mãe está indo para a cadeia. Eles de repente se veem envolvidos em muito mais do que esperavam. 

Justin é um cara muito querido, fofo, um pouco nerd, super hilário e está disposto a fazer qualquer coisa pela família . Ele é engenheiro de software e trabalha em casa. O irmão mais velho de quatro filhos que  perderam  o pai recentemente. 

"Ele me puxou para mais perto e beijou o topo da minha cabeça. E pela primeira vez, talvez na vida, senti que pertencia a algum lugar."


Emma não teve uma boa infância e ainda não se recuperou desse trauma. Sua mãe a abandonou por longos períodos até que ela fosse colocada em um orfanato. Apesar disso, ela se preocupa com a mãe. Uma certeza, quem ler vai odiar a mãe da Emma, então não vamos falar muito sobre ela (exceto pelo fato de que ela é um ser humano excepcionalmente horrível).

Os personagens secundários são incríveis. Adorei os irmãos do Justin. Eles criaram um vínculo muito forte com a Emma e, apesar dela não querer criar raízes, ela não conseguia deixar de gostar sinceramente deles. 

A melhor amiga de Emma, Maddy, também foi ótima. Ela era irmã adotiva de Emma e sabia dos traumas da amiga. Maddy se tornou enfermeira itinerante para que Emma tivesse alguém, para que  não ficasse sozinha. Ao longo do livro, Maddy é a rocha e o sistema de apoio de Emma. Honestamente, ela tirou a sorte grande com Maddy porque, nossa, essa garota é leal e incrível. Amei a amizade delas.

Gostei do realismo que a história proporciona em termos de romance. Muitas vezes, não conseguimos estar prontos para o amor até lidarmos com nossos próprios problemas, e Abby Jimenez nos entrega uma história perfeita que retrata isso. Realmente apreciei que, embora seja uma comédia romântica, este romance ainda tenha bastante em que os leitores possam se basear ao lerem suas próprias histórias de romance. Nunca pareceu uma história exagerada e inatingível na vida real. Parecia, bem real. 

No geral, a química, o humor, o coração e o amor neste livro são simplesmente de primeira qualidade. Adorei os personagens, o enredo e os conflitos que todos tiveram que enfrentar. 

Uma leitura altamente recomendada.