segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Resenha: Primavera dos sonhos / Nicholas Sparks

 "O amor e o sofrimento são dois lados da mesma moeda."

Eletrizante. Em alguns momentos do livro a gente até prende a respiração com a expectativa do que virá pela frente. Parece que os capítulos vão se encurtando enquanto a gente só quer saber o que vai acontecer e como tudo vai se conectar.

Duas narrativas totalmente diferentes e aparentemente desconectadas.

De um lado temos o Colby, ele é um jovem fazendeiro, apesar de nunca ter sonhando trabalhar na roça, como ele mesmo diz, a vida acabou o levando nessa direção. Sua paixão é a música, ele se perde e se reconecta consigo mesmo através de suas composições. Pela primeira vez, desde muito tempo, ele consegue tirar uns dias de férias e o que ele não poderia imaginar é que encontraria o amor.

“Desde o momento que nos conhecemos, foi como se... a gente se encaixa de alguma forma... como quando você coloca o número certo no cadeado.”

Do outro temos a Beverly, ela está fugindo. De um marido abusivo e de uma vida de mentiras, ela foge da casa "perfeita" e “confortável” com seu pequeno filho, o Tommie. A todo momento ela acredita que de alguma forma o marido irá aparecer para tirar o filho dela. Dá muito nervoso ler e pensar o que vai acontecer com ela se o marido a encontrar.

“Olhando para trás, ela sabia que deveria ter ido embora naquele instante. Deveria ter compreendido que Gary era um cameleão, um homem que aprendera a esconder seu verdadeiro eu. Ela não era ingênua; tinha assistido a reportagens de TV e lido matérias em revistas sobre homens abusivos. Mas o desejo de acreditar e confiar havia sobrepujado seu bom senso.”

As histórias vão se aprofundando, as partes do Colby são narradas em primeira pessoa, enquanto as da Beverly em terceira. E ao final de cada parte dá aquela vontade de dar uma espiada na próxima, já que são intercaladas entre os dois.

Ao mesmo tempo que vamos suspirando com o Colby se apaixonando, vivendo dias como se fossem um sonho, regados a muita música. Vamos prendendo a respiração a cada relato da Beverly, um pesadelo, com muita correria, medo e falta de grana. 

A forma pela qual tudo se conectou me pegou de surpresa, mesmo tendo diversas pistas ao longo do livro, eu só fui perceber quando tudo foi desvendado.

Um problema de saúde mental é trabalhado pelo Sparks no livro, não direi qual e nem qual personagem terá que passar por esse desafio, vou dizer apenas que toda a situação e vivenciar essa doença nos deixa com o coração na mão e com muita empatia.

 “– Eu odeio ser defeituosa. Odeio não conseguir controlar nem mesmo o que eu penso.

- Você não é defeituosa. Foram apenas alguns dias ruins que bagunçaram o esquema. Todos temos dias ruins.”

Outro ponto que eu achei muito interessante no livro e é algo que com certeza ficará comigo, foi o conceito de ‘dias nublados’, sabe aqueles dias que a gente só tem vontade de chorar, que não importa o que a gente faça, o que a gente veja ou quem apareça, as coisas só estão “nubladas” e essas nuvens metafóricas podem ser mais densas ou não, mais escuras ou não, acho que todo mundo já teve um dia “nublado”, o que é normal, o desafio, assim como do personagem do livro, é não torná-los constantes em nossas vidas. 

Os livros do Sparks sempre me fazem questionar o que é o amor e me dão choque de realidade sobre como a vida pode ser ou se tornar complicada e como a gente não controla nada, a não ser os nossos sonhos.

A quote que usei para iniciar a resenha é o que rege todo o livro, amor e sofrimento. Apesar de um não significar o outro, esses dois sentimentos estão quase sempre conectados, e nem apenas quando se trata do amor romântico, qualquer tipo de amor nos deixa totalmente vulneráveis, querendo ver quem a gente ama bem e quando as coisas fogem do controle, que é o que acontece quase sempre, vem o sofrimento. E nem por isso, amar deixa de ser algo fundamental nas nossas vidas.

Preciso dizer que ele conseguiu mais uma vez, terminei de ler com lágrimas nos olhos e a garganta apertada, mas com o coração totalmente quentinho, obrigada Sparks! 


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